''Quando acertamos ninguém se lembra, quando erramos ninguém se esquece''

quarta-feira, 7 de abril de 2010

A culpa é da PULSEIRA... De novo

Há muitos dias e horas num passado não muito distante fiz um texto dizendo neste blog que as assim conhecidas pulseiras do sexo eram uma balela, uma coisa chata para criar problemas em nossas cabeças tão atormentadas com outros problemas, eis então que agora, contrariando as regras da realidade preto e branco que vivemos, aparece uma notícia, proveniente de Londrina, a mesma cidade que um teste de ligação fora feito para conferir o conhecimento sobre as tais pulseiras do sexo. Naquela ocasião ninguém por lá conhecia ou tinha ouvido falar das tais pulseiras, então, alguns bandidos resolveram se aproveitar da situação e fazer o improvável nesta terra onde se plantando tudo dá, estruparam uma menina, alegando que as pulseiras seriam a primeira causa. No exato momento que escrevo este novo texto, alguém deve estar culpando as pulseiras como sendo elas o chamariz causador de tal ato, ou não; outros devem estar questionando e dizendo, o que este infeliz sabe sobre isso?
Agora, as pulseiras coloridas, chamadas de "pulseiras do sexo", "pulseiras da malhação" ou "pulseira da amizade", levaram quatro rapazes a saírem com uma menina de 13 anos, e aparentemente estuprarem esta moça. O fato aconteceu em Londrina, no norte do Paraná, onde estes rapazes, sendo três deles menores de idade e um deles possuidor de carteira de identidade com a indicação 18 anos, teriam violentado esta menina. Devido a este fato, o juiz da Vara da Infância e Juventude de Londrina, proibiu a venda das pulseiras na cidade. A Câmara Municipal também discute a proibição. Pretendem proibir em todas as lojas de ambulantes, assim como em todas as escolas de Londrina.
As pulseiras finas, feitas de silicone, apareceram em vários e-mails no final do ano passado, espalhados por vários computadores Brasil afora. Na mensagem on line diziam que esta moda havia surgido na Inglaterra, onde cada cor de pulseira representava uma atitude com o parceiro, que vai de um simples abraço, até a prática de sexo. O comando para que o parceiro realize tal ação, é feito quando um dos parceiros arrebenta a pulseira do outro, segundo informações dos e-mails suspeitos que circularam por aí. O interessante é que a escola inglesa presente nas mensagens era fictícia, a invenção das tais pulseiras não tinha uma origem conhecida, ou seja, tudo muito surreal. Em Londrina ocorreu algo relacionado a este e-mail, onde, uma menina, usando as pulseiras teria feito sexo com quatro rapazes, sendo um deles maior de idade.

Desta forma, vamos analisar este caso somente colhendo dados que as notícias divulgadas nos deram. A menina de 13 anos teria conhecido três meninos, os três menores, num terminal de ônibus de Londrina. Ela saiu da escola e estava esperando o ônibus pra casa, os três chegaram, rolou uma conversa, e isso virou uma nascente amizade. Para que os três chegassem nela podemos elaborar duas teorias, ou eles já a conheciam de vista da escola, e ali viram o momento ideal para fazer isto, ou ela era muito bonita, atraente e chamava atenção de alguma forma; caso contrário seria só mais uma no meio da multidão. As reportagens não dizem que ela foi falar com os três, pois isto desmentiria o ''estupro'' que viria depois. No dia seguinte, um deles chegou na adolescente e arrebentou a pulseira preta, que convencionalmente representaria o sexo. "Ficou muito claro que a motivação foi o uso da pulseira, porque eles não tinham laço de amizade", afirmou o delegado, enfim, talvez a conversa do dia anterior não tenha tido sentido algum para o policial. E mesmo que os jornais tenham publicado o termo ''nascente amizade'', isto não significa que podiam se considerar amigos, segundo a polícia, mas tudo bem, voltamos ao ocorrido. "Ela disse que, depois que arrebentou, eles pressionaram que ela teria que fazer e ela se sentiu constrangida e os acompanhou até a casa de um deles." Que fala estranha esta. Depois que o menino arrebentou, sem que ela fizesse nada pra impedir, pois parece que é isto que dá a entender, ela deixou que ele fizesse, eles a pressionaram para fazer o que significava a pulseira preta, ou seja, sexo. Como alguém pressiona neste caso, num lugar público? Fica falando na orelha da menina, vamos fazer, vamos fazer, vamos fazer, vamos fazer? Ou fica dizendo: você deve fazer, eu arrebentei a pulseira, você deve fazer, você deve fazer o que a pulseira manda, e o que ela manda fazer é sexo. A menina contou que eles falavam: “Vai ter que pagar,vai ter que pagar”. Muito estranho isso. O menino arrebentou a pulseira, ela sabia o que aquela pulseira significava. Eles estavam num terminal de ônibus, ela tinha a opção de ir embora, como faz todos os dias, ou ir para a casa de um dos rapazes transar, que era o que insinuava a pulseira, então, ela pensa, pensa, pensa, e decide, ‘’não posso decpcionar, afinal, brincadeira é brincadeira, caso eu decepcione estes meninos eu posso ficar queimada na escola, e isto vai me constranger, então, vamos para sua casa fazer o que a pulseira diz pra fazer’’. E ela foi, não pra casa dela, mas para a casa de um deles. Uma vez lá, transaram, depois ela foi embora, e claro, acabou contando pra alguém da família dela. Em momento algum os jornais publicaram que ela foi arrastada a força para a casa dos meninos. Ela não foi sequestrada no terminal, com mordaças na boca e cordas nos punhos. Ela simplesmente foi, depois que alguém arrebentou a pulseira preta, onde supostamente ela sabia do significado daquilo, que era fazer sexo. Segundo diz a brincadeira, e segundo disseram na reportagem insinuando que ela ficou ''constrangida'' em não ir.
Obviamente a família da menina procurou a Delegacia do Adolescente, agora pasmem, no dia 23, somente no dia 23 a família foi até a delegacia contar tudo o que aconteceu. O fato aconteceu no dia 15, a menina conheceu os meninos no dia 14, e transaram no dia 15, a família esperou até o dia 23 para ir a um órgão competente relatar o fato. Por quê? Outra pergunta: quem disse que ela estava brincando com o jogo das tais pulseiras? Pelo fato dela ter as pulseiras no pulso, isto não quer dizer que ela estivesse brincando de ''pulseira do sexo''. A adolescente foi entregue ao Centro de Referência Especializada de Assistência Social (Creas) para que tenha acompanhamento psicológico. Por que acham que ela ficou abalada mentalmente? Por ter transado com os meninos? Será por isso? Ou por que ela foi ''estuprada'' segundo a notícia publicada. Para o rapaz de 18 anos, a legislação prevê, em caso de condenação, pena de 8 a 15 anos, por que cometeu um crime, segundo a lei, ela é menor de idade, e ele maior de idade. E os menores que ali estava, para eles, a lei prevê que sejam encaminhados para medidas socioeducativas ou para internação, pois isto é o que manda a lei.

Agora, pensando de outra forma, e se ela estivesse no terminal, esperando o ônibus, encontrou os meninos, foi pra casa de um deles, transou com eles, voltou pra casa, e sentiu a vontade de comentar o que tinha feito. Comentou, criou um problema com os pais, por que só tem 13 anos, e para a maioria dos pais, adolescentes com 13 anos não sabem nada sobre sexo, e então decidiram questionar a menina. Por fim, a culpa foi das pulseiras coloridas do sexo. Malditas pulseiras, sempre elas... O que houve foi, a menina transou com alguns meninos, o que não é novidade pra ninguém no dia de hoje. Meninas transam, com meninos que conhecem no mesmo instante, ou no dia seguinte, algumas até esperam mais tempo, outras ainda esperam muitos anos, e por fim tem as que esperam a vida toda. E se ela dissesse não, não vou, nada teria acontecido? Ou teriam ''estuprado'' ela ali mesmo, no meio do terminal de ônibus? O termo estupro fora colocado devido ao fato daquele ser de 18 anos estar envolvido no ocorrido. Se fossem só os menores seria sexo, somente isso, os jornais iriam publicar, ''adolescente de 13 anos fez sexo com três meninos, devido a pulseira do sexo'', por que alguém tem que ser culpado por isso.

Após a família desta menina fazer a denúncia à polícia, outras 6 famílias disseram que suas filhas também sofreram abusos por causa das pulseiras, mas os responsáveis não quiseram prestar queixa à polícia. Por quê? Talvez porque não tivesse nenhum rapaz maior de idade envolvido naqueles 6 casos, sendo assim, era só sexo. Não é novidade pra ninguém as meninas fazerem sexo. Moro numa comunidade onde a educação sexual inexiste, na medida do possível tentamos incentivar o uso da camisinha, pois sexo eles vão fazer, queira ou não queira. Mesmo com campanhas a favor do preservativo, não é novidade meninas de 12, 13 e 14 anos aparecerem grávidas. Embora não há uma educação sexual permanente, todos que estão na rua sabem perfeitamente o que é sexo, e como fazer. Isto não é novidade pra ninguém. Voltando ao caso de Londrina o rapaz de maior foi detido pela polícia, e em seu depoimento ele disse: ''a aluna topou acompanhar os quatro e que o ato sexual foi com o consentimento dela'', isso ficou óbvio na notícia veiculada. Ela, por sua vez, contou detalhes da relação e disse que foi obrigada a fazer sexo oral em dois deles, tendo em vista que os outros dois já a penetravam. A palavra ''obrigada'' neste caso fechou o cerco para o rapaz maior de idade. Mesmo que ela tenha ido, feito o que fez e se arrependido depois, para a lei brasileira, por ele ser maior de idade e estar com uma menina menor de idade, ele já cometeu um crime. Os meninos com menor idade, não prestaram depoimento ainda, e ninguém mais ouviu falar deles. Talvez para eles foi só sexo mesmo.

Por fim, a justiça da cidade de Londrina proibiu o uso da pulseira do sexo. Menores de idade que estiverem portando tal objeto serão encaminhados ao juizado de menores. Seguindo o exemplo, Maringá proibiu as pulseiras também. E mesmo todo mundo sabendo desta onda de sexo ao arrebentar as pulseiras, uma galera continua usando. Talvez seja pelo sexo, e não pela pulseira. Quem sabe? No mesmo caminho das proibições, o estado de Santa Catarina também proibiu, por fim, dois cadáveres femininos apareceram em Manaus. As vítimas foram violentadas antes de serem assassinadas, e ao lado delas, pulseiras do sexo arrebentadas... Malditas pulseiras, elas novamente.

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