''Quando acertamos ninguém se lembra, quando erramos ninguém se esquece''

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

PROFESSOR: PROFISSÃO DE RISCO

No dia 02 de dezembro de 2007 o Fórum de Entidades Nacionais de Direitos Humanos, com texto de Marly Quadros publicou a seguinte informação: ''Mais de cinco mil dos 22 mil professores do Estado do Pará têm problemas nas cordas vocais''. ''A rotatividade de professores nas salas de aula é grande e uma pesquisa da Secretaria de Educação do Estado apontou que a maioria dos docentes afastados de suas funções atualmente sofre com problemas nas cordas vocais. Eles somam mais de cinco mil dos quase 22 mil professores que integram o quadro funcional da Seduc. Nas escolas municipais, a situação não é muito diferente. O mesmo problema afeta 30%, ou seja, pelo menos 90 dos mais de 300 profissionais ligados à Secretaria Municipal de Educação que costumam se ausentar da sala de aula a cada mês. Se for considerado o ano letivo completo, este número sobe para pelo menos 3.300 pessoas atingidas''. Este tipo de problema deixa faz com que os professores  se afastem de sala de aula em média de 60 a 90 dias corridos, por ano.

''O professor está doente. Excesso de trabalho, indisciplina em sala de aula, salário baixo,
pressão da direção, violência, demandas de pais de alunos, bombardeio de informações,
desgaste físico e, principalmente, a falta de reconhecimento de sua atividade são algumas
das causas de estresse, ansiedade e depressão que vêm acometendo os docentes brasileiros''.
(Revista Educação, 2007)

''A atividade de ensino já foi vista como função de alto valor social, interpretada como um "dom", um "sacerdócio", valorizada por todos os cidadãos e assumida pela sociedade como uma atividade pública. Nos últimos tempos, com o predomínio e expansão das relações capitalistas, essa atividade perdeu completamente este sentido''. (SINPROBA - filiado a Cut. CONTEE)

No Brasil, estudos que abordam as condições de saúde e trabalho dos professores quase não existem. Na segunda metade da década de 90, foram produzidos alguns estudos sobre este assunto. Condições de saúde e de trabalho dos professores em escolas públicas. É claro que tudo que você lerá a seguir é preocupante para um professor, para quem não é, serve apenas como estatística. A investigação de Codo et al. (1998) sobre a saúde mental dos professores de 1o e 2o graus em todo o país, abrangendo 1440 escolas e 30.000 professores, revelou que 26% dos professores da amostra estudada apresentavam exaustão emocional (cerca de 1 professor a cada quatro estudados). Essa proporção variou de 17% em Minas Gerais e Ceará a 39% no Rio Grande do Sul. A desvalorização profissional, baixa auto-estima e ausência de resultados percebidos no trabalho desenvolvido foram fatores importantes para o quadro encontrado. (SINPROBA - filiado a Cut. CONTEE)
Ruiz et al. (1995), investigaram a demanda de professores de 1o e 2o graus da rede pública de Sorocaba, São Paulo, num ambulatório especializado em saúde ocupacional. A demanda por atendimento foi periódica nos semestres: no começo do ano era pequena, nos meses seguintes aumentava, no início do 2o semestre voltava a diminuir e, novamente, aumentava no final do ano. Durante as férias, a demanda registrada era mínima. Segundo os autores, esse comportamento da demanda favorece a hipótese de que a procura do cuidado médico e, consequente afastamento do trabalho, aumentava no decorrer do período letivo, revelando um desgaste crescente dos professores. Dentre as doenças mais freqüentes encontraram a laringite, que representou 39,8% dos diagnósticos realizados, seguida pela asma ocupacional (15,3%), alergia ocupacional (6,8%) e lesões por esforços repetitivos (LER). Carvalho (1995), estudando professoras primárias na cidade de Belém, encontrou níveis mais elevados de suspeição de sintomas psíquicos (de acordo com o instrumento de detecção utilizado: o MMPI), em escolas onde se relatou um relacionamento menos democrático com a direção, do que naquelas onde predominavam relações mais democráticas. 
Em Salvador, Bahia, o CESAT (Centro de Estudos em Saúde do Trabalhador), órgão da Secretaria de Saúde do Estado, em um estudo da demanda do Ambulatório no período de 1991 a 1995, registrou o atendimento de 76 docentes. Das pessoas atendidas 93,4% eram mulheres, com faixa de idade predominante entre 40 a 49 anos. Após avaliação, 46 educadores (60.5%) foram diagnosticados como portadores de doenças ocupacionais. As doenças encontradas foram: calos nas cordas vocais, 41.3% dos casos, rinosinusite, 34.8% dos casos, asma, 13.0%, Lesões por Esforços Repetitivos, 6.5%, dermatose, 2.2% e varizes, 2.2% (CESAT, 1997).
Estes dados apresentados pelo SINPROBA, revelam um conjunto de repercussões nocivas do trabalho na saúde dos professores, ainda que a visibilidade dessas repercussões não seja tão evidente como em outras categorias profissionais.  Entretanto, a grande maioria desses estudos investigou escolas públicas. Considerando que o processo de trabalho docente em escolas particulares, em muitos aspectos diferem, drasticamente, das escolas públicas, torna-se necessária a avaliação da saúde dos professores, no contexto específico das escolas particulares. Esta preocupação já ultrapassou o contexto da necessidade, alcançando um grau de caráter obrigatório avaliar a saúde do professor brasileiro. E, de acordo com o número crescente de novas escolas surgindo no Brasil anualmente, principalmente particulares, corremos o risco de ver o professor entrar em extinção. O que para muitos alunos seria um sonho realizado.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

A FIGURA DO PROFESSOR


Dias atrás alguns professores comemoraram o dia do professor, como naquela ocasião eu não tinha muito o que comemorar, não levantei esta bandeira. Alguns professores reclamam do salário que ganham, e com razão, ele não é tão bom quanto deveria, ou não é suficiente pela carga de estresse que passamos em sala de aula dia a dia. Só quem enfrenta uma quinta série, com 48 alunos querendo destruir você todos os dias, tem o direito de dizer que esta profissão é estressante, os demais, apenas dialogam com alunos que ali estão. O mais incrível é ligar o rádio, numa conceituada emissora de São Paulo, e ouvir uma mulher que se diz psico alguma coisa, chamar os professores de preguiçosos e reclamões. Dizer que ser professor tem a mesma carga de estresse que outras profissões, qual será que ela estava se referindo? Um policial, talvez... Acredito que um policial tenha a mesma carga de estresse que nós temos, com uma diferença, ele não é obrigado a ficar parado diante de uma agressão, tanto verbal como física. Ele pode reagir, afinal, pouquíssimas pessoas tem sangue de ''barata'' neste mundo.

Criticar o outro é fácil, e muita gente faz isso. Falamos de políticos, que não fazem nada, falamos de médicos que não trabalham direito, falamos de motoristas de ônibus que fecham a porta na nossa cara quando já estamos quase entrando no veículo, falamos de advogados que não advogam de forma correta, falamos de funcionários públicos que enrolam no serviço, falamos de bancários que fazem greves, e chamamos professores de vagabundos, quando estes pedem maiores salários. Aliás, isso ficou marcado na vida dos professores. Não há manifestação que seja, para pedir qualquer coisa, por parte dos professores, que não receba esta acusação, maiores salários. Sempre, parece que esta classe só sabe fazer isso.

Se os profissionais da educação param para pedir redução de alunos em sala de aula, a imprensa diz: querem maiores salários. Se os professores param de trabalhar para pedirem menos violência nas escolas, a imprensa solta a manchete: professores pedem maiores salários. Se os professores pedem aumento de hora atividade, a imprensa solta: professores novamente querem maiores salários, aí então, os professores fazem uma paralização pedindo um piso salarial e a imprensa, já cansada, deixa de escrever: olha aí ta vendo, a gente avisou, eles só querem maiores salários. Que coisa estranha acontece nesse mundo estranho.

Que a classe docente não é unida, todo mundo já sabe. Que a classe docente está sendo massacrada dia a dia, todo mundo já sabe também. Que os alunos fazem o que querem e o que não querem dentro de uma escola, isso já é sabido de todo o planeta. Menos para os teóricos, psico alguma coisa, que ainda ficam horrorizados quando ouvem a notícia: ALUNOS FAZEM SEXO DENTRO DO COLÉGIO. E tem teórico, que nunca entrou em sala de aula, sabe lá Deus se tem filho esta pessoa, ou até mesmo já ouviu falar em adolescente, vir até os microfones da imprensa pra dizer: ''Isso é um absurdo! O que uma ''criança'' de 13 anos sabe sobre sexo?'' Pelo amor de Deus, volta pra Marte, lá não deve ter isso na televisão, nas bancas de jornais, nas conversas de amigos e nos desenhos animados. O que mais me indigna não é ouvir tal asneira, mas sim a complementação que segue tal fala. Conclui o psico não sei o quê: ''Isso com certeza é culpa da escola e dos professores que não estão orientando estes alunos''. Meu Deus...

Quando se trata de adolescentes a culpa deve ser de alguém, menos dos adolescentes. Por volta de 40 anos atrás a culpa era da família, lugar onde este adolescente nasceu e foi criado. Passado algum tempo, a culpa passou a ser do governo, mas o governo tratou de fazer leis e livrar-se da responsabilidade, então estudar tornou-se obrigatório, sendo assim, a culpa é da escola, pois é lá que este adolescente deve estar na maior parte do tempo, de certa forma, a escola é culpada.

De qualquer forma, é o professor quem aguenta as piores coisas em seu turno de trabalho. Aguenta crianças e adolescentes no auge da falta de educação. Aguenta agressões verbais, aguenta pressões psicológicas descomunais, sofre com problemas sérios de saúde, como síndrome do pânico, quadro de depressão e problemas físicos, como dores no ombro, na visão, no joelho, nas costas, nas articulações em geral. É ele quem tenta convencer os pais que os filhos estão no caminho certo e por isso ele ainda continua ensinando algo para aquele ser humano; embora os pais quase nunca lhe dão razão, e sempre é ele quem está errado, mesmo assim ele tenta. Caso a figura do professor não estivesse presente nas escolas, o futuro de alguns não teria rumo certo. Os alunos não saberiam em quem se espelhar, na falta de um exemplo em casa, e ninguém estaria lendo este texto agora.

Dias atrás recebi um texto, cuja identificação remete a um autor desconhecido. Para fechar tal argumentação, cito o mesmo na sequência. O escrito chegara até minha pessoa identificado com o título: O FIM DOS PROFESSORES. Diz a estória que por volta do ano 2.209 D.C., ou seja, daqui a duzentos anos, em uma conversa entre o avô e seu neto, o menino fará a seguinte pergunta:
''– Vovô, por que o mundo está acabando?
A calma da pergunta revela a inocência da alma infante. E no mesmo tom vem a resposta:
– Porque não existem mais PROFESSORES, meu anjo.
– Professores? Mas o que é isso? O que fazia um professor?
O velho responde, então, que professores eram homens e mulheres elegantes e dedicados, que se expressavam sempre de maneira muito culta e que, muitos anos atrás, transmitia conhecimentos e ensinavam as pessoas a ler, falar, escrever, se comportar, localizar-se no mundo e na história, entre muitas outras coisas. Principalmente, ensinavam as pessoas a pensar.
– Eles ensinavam tudo isso? Mas eles eram sábios?
– Sim, ensinavam, mas não eram todos sábios. Apenas alguns, os grandes professores, que ensinavam outros professores, e eram amados pelos alunos.
– E como foi que eles desapareceram, vovô?
– Ah, foi tudo parte de um plano secreto e genial, que foi executado aos poucos por alguns vilões da sociedade. O vovô não se lembra direito do que veio primeiro, mas sem dúvida, os políticos ajudaram muito. Eles acabaram com todas as formas de avaliação dos alunos, apenas para mostrar estatísticas de aprovação. Assim, sabendo ou não sabendo alguma coisa, os alunos eram aprovados. Isso liquidou o estímulo para o estudo e apenas os alunos mais interessados conseguiam aprender alguma coisa. Depois, muitas famílias estimularam a falta de respeito pelos professores, que passaram a ser vistos como empregados de seus filhos. Estes foram ensinados a dizer “eu estou pagando e você tem que me ensinar”, ou “para que estudar se meu pai não estudou e ganha muito mais do que você” ou ainda “meu pai me dá mais de mesada do que você ganha”. Isso quando não iam os próprios pais gritar com os professores nas escolas. Para isso muito ajudou a multiplicação de escolas particulares, as quais, mais interessadas nas mensalidades que na qualidade do ensino, quando recebiam reclamações dos pais, pressionavam os professores, dizendo que eles não estavam conseguindo “gerenciar a relação com o aluno”. O professores eram vítimas da violência – física, verbal e moral – que lhes era destinada por pobres e ricos. Viraram saco de pancadas de todo mundo. Além disso, qualquer proposta de ensino sério e inovador sempre esbarrava na obsessão dos pais com a aprovação do filho no vestibular, para qualquer faculdade que fosse. “Ah, eu quero saber se isso que vocês estão ensinando vai fazer meu filho passar no vestibular”, diziam os pais nas reuniões com as escolas.. E assim, praticamente todo o ensino foi orientado para os alunos passarem no vestibular. Lá se foi toda a aprendizagem de conceitos, as discussões de idéias, tudo, enfim, virou decoração de fórmulas. Com a Internet, os trabalhos escolares e as fórmulas ficaram acessíveis a todos, e nunca mais ninguém precisou ir à escola para estudar a sério. Em seguida, os professores foram desmoralizados. Seus salários foram gradativamente sendo esquecidos e ninguém mais queria se dedicar à profissão. Quando alguém criticava a qualidade do ensino, sempre vinha algum tonto dizer que a culpa era do professor. As pessoas também se tornaram descrentes da educação, pois viam que as pessoas “bem sucedidas” eram políticos e empresários que os financiavam, modelos, jogadores de futebol, artistas de novelas da televisão, sindicalistas – enfim, pessoas sem nenhuma formação ou contribuição real para a sociedade. Ah, mas teve um fator chave nessa história toda. Teve uma época longa chamada ditadura, quando os milicos colocaram os professores na alça de mira e quase acabaram com eles, que foram perseguidos, aposentados, expulsos do país, em nome do combate aos subversivos e à instalação de uma república sindical no país. Eles fracassaram, porque a tal da república sindical se instalou, os tais subversivos tomaram o poder, implantaram uma tal de “educação libertadora” que ninguém nunca soube o que é, fizeram a aprovação automática dos alunos com apoio dos políticos... Foi o tiro de misericórdia nos professores. Não sei o que foi pior – os milicos ou os tais dos subversivos.
– Não conheço essa palavra. O que é um milico, vovô?
– Era, meu filho, era, não é. Também não existem mais...''

E é isso... Pelo menos é o que vejo... Feliz dia dos Professores...

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

FESTA DA BANANA


A localidade de Massarandubinha, e é assim mesmo que se escreve, é um recanto rural do Estado de Santa Catarina. Os jardins e as casas são bem cuidadas. Plantas e flores embelezam as entradas das propriedades e dão um ar mais agradável para quem transita pela rodovia SC-416, que leva a essa comunidade a cerca de dez quilômetros do centro de Massaranduba, e é assim mesmo que se escreve. Nessa região a economia é bem diversificada. Em muitas famílias, a base do sustento familiar é o plantio do arroz, palmeiras, legumes e a banana. E é com a banana, que Massarandubinha ganha destaque anualmente com a realização da Festa da Banana.
O evento, que está na quarta edição, sempre é aberto com um desfile de tratores e máquinas agrícolas, que acontece na estrada, e segue até o salão da Comunidade Glória. Participam dessa demonstração das riquezas locais os produtores de todos os cantos da área rural.
A banana é o destaque do evento, por isso, serve de ingrediente para os pratos que serão servidos na festa. São usados quase 600 quilos nas receitas que são devoradas pelos visitantes. Entre as comidas a base de banana destaca-se o nhoque feito com biomassa de banana verde.
Nos pratos doces, as opções também são variadas, com banana passa, cuca e geleias. Durante o evento, as mulheres dos agricultores costumam participar de um concurso culinário com receitas à base de banana. Os segredos ficam escondidos até o domingo, dia final do evento, quando é feita a avaliação e também a premiação das guloseimas mais saborosas e criativas. 
Além das comidas típicas acontece também o concurso dos melhores expositores de banana. Uma comissão avalia o tamanho dos cachos e a beleza das frutas, para escolherem quem será o vencedor. A rainha da festa da banana é quem recebe os convidados e os bananicultores, é assim mesmo que se escreve. 
A entrada para o evento é franca, mas para entrar no baile tem um ingresso a ser comprado no local. Shows de acrobacia são realizados em horários expecificos dentro do evento.
Massaranduba, em Santa Catarina, tem hoje 138 produtores de banana, dentro de 1,7 mil hectares. Ano passado foram produzidas 50 mil toneladas da fruta.

domingo, 18 de outubro de 2009

PRIMEIRA FESTA DO UMBU


Árvore sagrada do sertão

Depois que o grande Euclides da Cunha fez referência ao Umbu, no livro OS SERTÕES, o umbuzeiro, planta sagrada do sertão baiano, espalhou-se pelo mundo dentro da literatura euclidiana. Mas o Umbu sempre esteve lá, antes de Euclides e depois de Euclides. Continuando a série que inaugurei sem querer neste blog há alguns dias, cito mais uma festa regional do Brasil, a festa do UMBU. Neste caso a primeira que foi realizada neste mesmo ano de 2009, mais precisamente em janeiro, na Bahia. 
O umbu é uma fruta nativa da caatinga. Na região semi-árida do Brasil o umbu é produzido em grande escala no período de um ano, isso faz da fruta um dos mais importantes produtos do lugar. O umbu é o símbolo da convivência e da abundância, pois independente das condições do tempo, o umbuzeiro produz. Por se tratar de um produto alimentício da biodiversidade brasileira, atrativo e de alto valor nutritivo, os produtos do umbu têm um público alvo bastante diversificado. Atualmente, em várias regiões do Semi-árido, agricultores e agricultoras estão beneficiando e comercializando o umbu, cujos produtos já se encontram em vários estabelecimentos comerciais (supermercados, lanchonetes, hotéis e lojas de conveniência), e sendo utilizado na merenda escolar de vários municípios. Os produtos comercializados são suco, geléia, doces em calda, de corte, cremoso, polpa congelada e pré-cozida. Esses produtos trazem consigo ainda a vantagem de ter validade mínima de um ano, sem a necessidade de refrigeração.
O valor nutritivo do umbu é de fato um dos principais fatores que levam as pessoas e os próprios produtores a consumirem os produtos derivados. O umbu é uma das principais fontes de vitamina C que existe no Semi-Árido e ainda possui uma grande composição de outros elementos essenciais na alimentação como cálcio, fósforo, ferro e vitamina A. É por essa e outras razões, que a Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá, decidiu realizar este evento denominado como Iª Festa do Umbu: Árvore Sagrada do Sertão, uma festividade de confraternização e de estímulo à conscientização educativa dos produtores, familiares, habitantes das comunidades e entidades que ao longo de 20 anos desenvolvem um trabalho de organização civil-comunitária e de convivência com o semi–árido.
A festa tem como objetivo reunir os cooperados, os grupos de produção e a comunidade local para divulgar a importância de práticas sociais, ambientais e culturais e celebrar os resultados do beneficiamento e comercialização dos produtos oriundos das frutas nativas da caatinga, especialmente o umbu, símbolo cultural e ambiental da região.
O evento proporcionou ainda a reunião de todos os envolvidos, atores e atrizes, de um filme que começou a ser produzido há 20 anos, relembrando os passos iniciais do caminho trilhado, através de fotografias, vídeos, DVD, e também de depoimentos dos produtores e parceiros do umbu.

I Festa do Umbu - 24 de janeiro de 2009 - Praça São João Batista; Uauá (Bahia).

A programação da primeira festa do Umbu foi voltada para oficinas, ensinando a populares a gastronomia baseada no umbu; oficinas voltadas para a economia local e o meio ambiente, sempre enfocando o umbu; concurso de músicas, poesias e cordeis, voltados para o umbuzeiro; concurso de culinária a base de umbu, e por fim, apresentações musicais com artistas locais.


“… os umbuzeiros… árvores sagradas do sertão…semelham grandes calotas esféricas. Suas flores alvíssimas são a nota mais feliz do cenário deslumbrante. Desafiando as secas mais duradouras, amparam, alimentam, mitigam a sede do homem do sertão”.

Os Sertões – Euclides da Cunha


quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Festa do Quiabo

Canindé
Sergipe

Dias atrás fiquei com vontade de ir a uma festa típica da região onde eu nasci e cresci, o interior do Paraná. Quando eu era pequeno eu ia com meus pais para as tais quermesses, e ali a gente se acabava de comer amendoim, pipoca e tomar quentão. Era muito bom. Este ano, no lugar onde estou morando, e talvez devido a crise mundial, não tive contato com nenhuma festa junina, como costumávamos chamar tais eventos. E somente agora, em outubro, próximo ao famoso dia das crianças fui me dar conta de que este ano não participei de festa alguma, relacionada a um simples pula fogueira.
Dentro deste raciocínio pensei em procurar festas típicas de cada uma das regiões do Brasil, que é muito rico neste quesito. Foi então que me deparei com a Festa do Quiabo. Encontrei algumas fotos e algumas informações a respeito, e decidi colocar por aqui, para aqueles que não conhecem ficarem sabendo que existe isso no nosso país, e para aqueles que já conhecem, matarem um pouco a saudade de tal evento.
No dia 18 de setembro, foi realizada na cidade de Canindé de São Francisco, a IV Feira Agropecuária do Alto Sertão Sergipano e a IV Festa do Quiabo. A Feira aconteceu no Complexo Agropecuário Orlando Gomes de Andrade. Ali naquele lugar foram realizadas várias atrações, como a exposição e a premiação de animais puros e mestiços; o campeonato leiteiro; a exposição de equídeos das raças Mangalarga Marchador, Quarto de Milha, Appaloosa, Paint Horse, Piquira e Pônei. O valor total das premiações ultrapassou a cifra de 25 mil reais.
Enquanto a programação técnica da Feira acontecia no Complexo Agropecuário, o Forródromo da cidade estava reservado para shows e outras atividades. Em meio a estas atividades aconteceram diversos concursos culturais como a escolha da melhor receita gastronômica à base de caprino e quiabo; a corrida ‘escorrega no quiabo’; o maior comedor da gastronomia do quiabo e, finalmente, a escolha da Garota Quiabo 2009. No ano passado, em 2008, a Festa do Quiabo aconteceu no dia 27 de setembro, onde as atividades culturais tiveram uma pequena mudança para este ano. Naquela ocasião ocorreu a escolha da Rainha do Quiabo, a corrida do quiabo, o pau de sebo de quiabo e a apresentação da culinária a base de quiabo; como quiabada, caruru, risoto de quiabo, e a galinha de capoeira, ou, guisado de carneiro com quiabo. O ponto alto da festa é a escolha da Rainha do Quiabo, onde meninas desfilam almejando este título, e outro momento importante desta festa é ver quem come mais quiabo. Este quadro, se é que podemos chamar assim, funciona da seguinte forma. Os competidores sentam à mesa e ali esperam pelos pratos com quiabo. O quiabo é feito numa panela enorme, tudo com muita baba, os pratos tem o tamanho de uma tigela pequena. Alguns organizadores da festa vão enchendo os pratinhos e colocando na mesa, próximo aos comedores de quiabo, os comedores de quiabo vão pegando os pratos e mandando tudo para dentro do estômago. E vale de tudo para comer, tem gente que dispensa a colher e bebe o quiabo, tem gente que usa as mãos e tem gente que segue o ritmo usando a colher de plástico. O vencedor de 2008 ficou dois dias sem comer nada, e venceu engolir o conteúdo de 26 tigelas de quiabo, somando a isso três quilos da hortaliça; em 2009 o vencedor chegou ao prato número 14. Que coisa, isso é que é gostar de quiabo. (Fonte: quarta-feira, 7 de outubro de 2009 – CINFORM – Aracaju / Sergipe)
Durante a festa, restaurantes e bares da região oferecem variados pratos à base de quiabo. Distante 213 quilômetros de Aracaju, Canindé de São Francisco é o maior produtor de quiabo no Estado de Sergipe. Cerca de 80% da safra são consumidas pela Bahia. Com aproximadamente 23 mil habitantes, Canindé de São Francisco ganhou uma nova sede para a cidade, em março de 1987, depois da construção da Hidrelétrica de Xingó. A padroeira do município é Nossa Senhora da Conceição. Muitas são as vocações turísticas da região. Entre elas estão o Cânion do Rio São Francisco e o Museu Arqueológico de Xingó (MAX). (Fonte: CINFORM 20/08/2008)

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Rio de Janeiro - 2016


O Brasil mais uma vez vai ser o centro das atenções em poucos anos. Alguns dizem que tudo vai depender de como será a Copa do mundo de futebol em 2014, para só então termos uma noção real de como serão as Olimpíadas de 2016. Sucesso ou fracasso. E o que não falta nesse momento são pessoas opinando na realização da festa. Parece que a cantora Vanuza já foi convidada para cantar a Hino Nacional Brasileiro na abertura do evento, um grupo de cinquenta alcoólatras vai acender a tocha olimpíca, e assim por diante. Lula está se transformando no homem evento, depois de trazer a Copa para o Brasil, e agora as Olimpíadas, os mais otimistas não duvidam nem um pouco que a próxima eleição para escolha do Papa vai ser em Aparecida do Norte.

Ser o centro das atenções por um lado é muito bom, podemos fazer mais reivindicações quanto as condições de trabalho, salário, alimentação; podemos mostrar o que temos de melhor e pior para o restante do mundo, além de podermos ganhar um pouco de dinheiro com o turismo e os investimentos que serão feitos aqui. Os mais lulistas dizem que o país vai gastar 30 bilhões, mas vai ganhar 50 bilhões em retorno financeiro. Os mais pessimistas dizem que os políticos irão fazer a festa com o dinheiro destinado a construções e demais melhorias. O importante é fiscalizar tudo, tendo em vista que muitos acusam problemas nos investimentos feitos no finado Pan Americano.

De uma forma ou de outra, agora já é, como dizem os cariocas; não tem mais como o governo se arrepender de nada, o negócio é não desviar dinheiro algum, investir, e mostrar que aqui nesse país a gente não vive só pra pagar impostos, de vez em quando a gente paga eventos maiores, como a realização de uma Copa do Mundo e a estrutura de uma Olimpíada.