Quando eu estava na escola se
eu chegasse à casa dos meus pais e falasse para a minha mãe que a professora
tinha me chamado a atenção, eu levava uma surra. Professor era para ser
respeitado, escutado, e a gente deveria se espelhar nele. Muitos alunos se
portam como alunos, e estudam. Mas, outra parte, diga-se de passagem, que se
trata de uma minoria, entram no grupo chamado ‘’alunos problemas’’. É para essa
parte que esse texto está direcionado. Atualmente o que vemos é totalmente o
oposto do respeito e da consideração com o profissional que lá na frente está
para ensinar. Para um aluno sair no braço com um professor não custa nada, pois
o aluno aprendeu que ele tem todos os direitos e o professor não pode nada. Digo
isso por conhecimento de causa. Já fui agredido por aluno, fui atrás dos meus
direitos e não ‘’deu nada’’ como dizem por aí. Estou esperando uma decisão até
hoje. O aluno já deve estar formado, e nada aconteceu, e eu não acredito que
venha acontecer alguma coisa ainda nessa existência. Uma vez eu falei ‘’cala a
sua boca’’ para um aluno que estava xingando outro fazendo uso dos piores palavrões
que existe, e quase perdi o emprego. Eu trabalhei com um professor que não ‘’baixava
a guarda’’ para nenhum aluno. Ele foi transferido para uma escola numa área
considerada de risco, e manteve sua postura. Foi assassinado quando saía do
colégio, indo para casa. A polícia concluiu que foi roubo seguido de morte e o
caso se deu por encerrado. Ele denunciou o tráfico de drogas dentro da escola
que estava trabalhando. Os alunos envolvidos nesse problema sabem que não foi
roubo seguido de morte, pois logo que ele saiu do caminho, o tráfico voltou à
escola. E aí. O governo fez alguma coisa em relação a isso? Nada. A família
dele recebeu algum tipo de ajuda depois da perda? Nada. Ele era contratado e não
concursado, e isso é levado em consideração. A imprensa foi até lá fazer alguma
reportagem, ou sensacionalismo com isso, expondo o caso na mídia? Não, nunca. Agora,
escreva um bilhete para um pai que usa a escola como depósito para deixar seu
filho, dizendo que o menino precisa levar umas varadas, pra você ver o que acontece.
Essa notícia vai ficar martelando na mídia dia e noite, até os professores serem
taxados como violentos, estressados, ou desequilibrados mentalmente.
Atualmente os direitos estão com
os alunos, que esquecem ou ignoram os deveres que também devem ser cumpridos. E
o professor, qual direito dele é cumprido? Um monte de gente nesse momento vai
questionar dizendo; ‘’imagine o professor também tem seus direitos’’. Concordo,
é claro que tem. Mas eu nunca vi na prática, num confronto entre professor e
aluno, o professor ser respeitado, e digamos sair ‘’vencedor’’, se é que posso
usar essa palavra dentro desse contexto. Sempre o professor deve se humilhar e
na pior das hipóteses pedir desculpas para não sujar mais ainda a sua situação,
diante daquele aluno que está destruindo ele psicologicamente, ou por vezes,
fisicamente. Infelizmente sempre o aluno
problema leva vantagem, por pior que ele seja.
O menor em questão é o típico
caso de aluno problema. Ridiculariza os colegas. Humilha os professores. Agride
os mais fracos. Não deixa o professor trabalhar a aula. Atrapalha aqueles que
querem estudar. Vive no setor pedagógico. Não respeita os limites. Não segue as
regras da escola. Os pais não comparecem as reuniões. Quando o professor pede
para convocar esses pais, eles ridicularizam o professor, ameaçando com
processos e denúncias. Passam a mão na cabeça do filho. Nunca ouvem o
professor. Sempre o seu filho é o santo, e o professor sempre está errado. O menino
na frente dos colegas é uma pessoa, na frente dos pais é um santo padroeiro
inofensivo. A sociedade chama os professores de vagabundos, que só querem
aumento de salário. As escolas cada vez mais são usadas como depósitos de crianças, onde o
investimento é pífio e o apoio é zero para que o trabalho seja bem feito. Os professores
apresentam problemas de saúde constantes. A maioria toma remédio para gastrite,
pressão alta, estresse, coração, somente para conseguir trabalhar em paz. E então,
o professor chega ao limite, escreve uma carta para os pais do aluno sugerindo
que ele tome umas ‘’varadas’’, tendo em vista que tudo que foi tentado antes não
funcionou, e pronto; foi à gota. O professor não presta e deve ser afastado. E esses pais, fizeram alguma coisa para melhorar a postura do filho na escola? Com certeza não, pois, o filhinho é perfeito, não faz nada de errado, pelo contrário, ele é perseguido.
O pior não é ver os pais com
cara de bunda na televisão jurando que seu filho é um coitadinho perseguido
pela professora. O pior é ver a mídia dando espaço para esse tipo de gente. Propositadamente
o quarto poder, a imprensa, contribui para esse quadro lamentável que presenciamos
na educação desse país. De uma vez por todas fica muito claro que o aluno pode
tudo, e o professor não pode nada.
Imagina, a professora sugeriu
que o aluno levasse umas varadas, ela não aplicou as varadas propriamente
ditas. Foi uma sugestão e já foi feito esse alarde todo, imagine se ela tivesse
perdido completamente a cabeça e tivesse tocado um dedo no coitadinho do garoto.
Esses pais exemplares não estariam agora querendo somente o afastamento da
professora, mas sim, sua condenação à fogueira.