Marilyn Monroe sempre sofreu com o estereótipo de ser um pouco mais atirada, se é que consegui me fazer entender. Por causa de sua
condição de símbolo sexual, o filme "Bus Stop", que deveria naturalmente ter o título de "Parada de
Ônibus", no Brasil ganhou o título de "Nunca Fui Santa".
Em 1992, o besteirol estava na moda no cinema. Nesse mesmo ano foi lançado o filme "Wayne's World" ("O
Mundo de Wayne"). Mas, quem viu o filme antes de traduzir para a nossa língua, acreditou que aquele não parecia um título digno para um representante
desse conceituado gênero. Por isso, no Brasil os nossos tradutores resolveram chamar o filme de "Quanto Mais Idiota Melhor".
Alfred Hitchcock também sofreu com os títulos brasileiros de alguns dos seus
filmes. O mais famoso deles é "Um Corpo que Cai". Por qual motivo, qualquer um que seja, não deixou a mente de nossos tradutores passarem ''Vertigo'' para "Vertigem"?
"Lost in Translation", de Sofia Coppola, é um caso
clássico de metalinguagem. Na tradução literal, seria "Perdido na Tradução". E foi
justamente o que aconteceu com os tradutores do filme, pois preferiram se perder
num título genérico. Por fim, o filme acabou sendo nomeado como: "Encontros e Desencontros".
"Giant" (ou "Gigante") não pareceu poético o suficiente
para o drama estrelado por James Dean e Elizabeth Taylor. Por isso, os
tradutores brasileiros resolveram atacar de "Assim Caminha a
Humanidade", que virou até uma música do Lulu Santos.
Steve Martin - Parte II. Em "Leap of Faith", algo como
"Salto de Fé", o ator interpreta um pastor nada confiável. Para fazer
graça, o título nacional traz um trocadilho bem questionável: "Fé Demais
Não Cheira Bem".
Os tradutores brasileiros têm pânico de nomes próprios. O clássico
"Annie Hall" recebeu um título de pastelão no país, "Noivo Neurótico,
Noiva Nervosa". Talvez por isso Woody Allen hoje tenha o poder de
decidir os títulos de seus filmes pelo mundo.
Dar dramaticidade era regra pra quem fazia tradução de
títulos no Brasil décadas atrás. "The Wild Bunch", "O Bando Selvagem" de
Sam Peckinpah, ganhou um nome bem mais pomposo no país: "Meu Ódio Será
Tua Herança".
"A Malvada" é uma daquelas traduções interessadas em se
aproveitar da fama da protagonista. O problema é que, nesse filme, o
negócio se inverteu porque a "malvada" do longa não é Bette Davis. "All
About Eve" significa "Tudo sobre Eve".
Em 1996, "pentelho" já não era mais palavrão por causa do Faustão. A
palavra foi a solução ideal para transformar "The Cable Guy" (ou "O Cara
do Cabo") num filme mais atrativo para o público jovem. No fim, não
atraiu tanta gente assim.
Steve Martin - Parte I. "Parenthood", pela lógica, seria "Paternidade".
Mas os tradutores devem ter achado pouco inspirado para uma comédia de
riso frouxo e arrumaram essa solução: "O Tiro que Não Saiu pela
Culatra". No caso, o tiro saiu, sim.
Quando "My Girl" estreou no Brasil, virou "Meu Primeiro
Amor". Não ofende ninguém, mas o pessoal não esperava uma sequência. E
aí surgiu a bizarrice: "Meu Primeiro Amor 2", um dos piores títulos
nacionais. Até "Meu Segundo Amor" seria melhor.
Nem Jean-Luc Godard escapou dos tradutores criativos do Brasil. Um de
seus filmes mais cultuados, "Pierrot le Fou" (ou "Pierrot, o Louco"),
ganhou, na versão nacional o título de "O Demônio das Onze Horas".
Um dos exemplos mais recentes da "criatividade" dos títulos brasileiros é
"Indomável Sonhadora". Talvez os tradutores tenham pensado que havia
poesia demais em "Beast of the Southern Wild", algo como "Feras do Sul
Selvagem", e recorreram a uma opção mais amena, mas sem deixar de ter um
pé na pompa.
copiado na cara dura do http://cinema.uol.com.br/
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