''Quando acertamos ninguém se lembra, quando erramos ninguém se esquece''

sábado, 30 de junho de 2012

SANTA VARADA; Padroeira das Boas Maneiras



Quando eu estava na escola se eu chegasse à casa dos meus pais e falasse para a minha mãe que a professora tinha me chamado a atenção, eu levava uma surra. Professor era para ser respeitado, escutado, e a gente deveria se espelhar nele. Muitos alunos se portam como alunos, e estudam. Mas, outra parte, diga-se de passagem, que se trata de uma minoria, entram no grupo chamado ‘’alunos problemas’’. É para essa parte que esse texto está direcionado. Atualmente o que vemos é totalmente o oposto do respeito e da consideração com o profissional que lá na frente está para ensinar. Para um aluno sair no braço com um professor não custa nada, pois o aluno aprendeu que ele tem todos os direitos e o professor não pode nada. Digo isso por conhecimento de causa. Já fui agredido por aluno, fui atrás dos meus direitos e não ‘’deu nada’’ como dizem por aí. Estou esperando uma decisão até hoje. O aluno já deve estar formado, e nada aconteceu, e eu não acredito que venha acontecer alguma coisa ainda nessa existência. Uma vez eu falei ‘’cala a sua boca’’ para um aluno que estava xingando outro fazendo uso dos piores palavrões que existe, e quase perdi o emprego. Eu trabalhei com um professor que não ‘’baixava a guarda’’ para nenhum aluno. Ele foi transferido para uma escola numa área considerada de risco, e manteve sua postura. Foi assassinado quando saía do colégio, indo para casa. A polícia concluiu que foi roubo seguido de morte e o caso se deu por encerrado. Ele denunciou o tráfico de drogas dentro da escola que estava trabalhando. Os alunos envolvidos nesse problema sabem que não foi roubo seguido de morte, pois logo que ele saiu do caminho, o tráfico voltou à escola. E aí. O governo fez alguma coisa em relação a isso? Nada. A família dele recebeu algum tipo de ajuda depois da perda? Nada. Ele era contratado e não concursado, e isso é levado em consideração. A imprensa foi até lá fazer alguma reportagem, ou sensacionalismo com isso, expondo o caso na mídia? Não, nunca. Agora, escreva um bilhete para um pai que usa a escola como depósito para deixar seu filho, dizendo que o menino precisa levar umas varadas, pra você ver o que acontece. Essa notícia vai ficar martelando na mídia dia e noite, até os professores serem taxados como violentos, estressados, ou desequilibrados mentalmente.
Atualmente os direitos estão com os alunos, que esquecem ou ignoram os deveres que também devem ser cumpridos. E o professor, qual direito dele é cumprido? Um monte de gente nesse momento vai questionar dizendo; ‘’imagine o professor também tem seus direitos’’. Concordo, é claro que tem. Mas eu nunca vi na prática, num confronto entre professor e aluno, o professor ser respeitado, e digamos sair ‘’vencedor’’, se é que posso usar essa palavra dentro desse contexto. Sempre o professor deve se humilhar e na pior das hipóteses pedir desculpas para não sujar mais ainda a sua situação, diante daquele aluno que está destruindo ele psicologicamente, ou por vezes, fisicamente.  Infelizmente sempre o aluno problema leva vantagem, por pior que ele seja.
O menor em questão é o típico caso de aluno problema. Ridiculariza os colegas. Humilha os professores. Agride os mais fracos. Não deixa o professor trabalhar a aula. Atrapalha aqueles que querem estudar. Vive no setor pedagógico. Não respeita os limites. Não segue as regras da escola. Os pais não comparecem as reuniões. Quando o professor pede para convocar esses pais, eles ridicularizam o professor, ameaçando com processos e denúncias. Passam a mão na cabeça do filho. Nunca ouvem o professor. Sempre o seu filho é o santo, e o professor sempre está errado. O menino na frente dos colegas é uma pessoa, na frente dos pais é um santo padroeiro inofensivo. A sociedade chama os professores de vagabundos, que só querem aumento de salário. As escolas cada vez mais são usadas como depósitos de crianças, onde o investimento é pífio e o apoio é zero para que o trabalho seja bem feito. Os professores apresentam problemas de saúde constantes. A maioria toma remédio para gastrite, pressão alta, estresse, coração, somente para conseguir trabalhar em paz. E então, o professor chega ao limite, escreve uma carta para os pais do aluno sugerindo que ele tome umas ‘’varadas’’, tendo em vista que tudo que foi tentado antes não funcionou, e pronto; foi à gota. O professor não presta e deve ser afastado. E esses pais, fizeram alguma coisa para melhorar a postura do filho na escola? Com certeza não, pois, o filhinho é perfeito, não faz nada de errado, pelo contrário, ele é perseguido.
O pior não é ver os pais com cara de bunda na televisão jurando que seu filho é um coitadinho perseguido pela professora. O pior é ver a mídia dando espaço para esse tipo de gente. Propositadamente o quarto poder, a imprensa, contribui para esse quadro lamentável que presenciamos na educação desse país. De uma vez por todas fica muito claro que o aluno pode tudo, e o professor não pode nada.
Imagina, a professora sugeriu que o aluno levasse umas varadas, ela não aplicou as varadas propriamente ditas. Foi uma sugestão e já foi feito esse alarde todo, imagine se ela tivesse perdido completamente a cabeça e tivesse tocado um dedo no coitadinho do garoto. Esses pais exemplares não estariam agora querendo somente o afastamento da professora, mas sim, sua condenação à fogueira.

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