''Quando acertamos ninguém se lembra, quando erramos ninguém se esquece''

quinta-feira, 14 de abril de 2016

VACINA


POIS BEM, quando você pensa que o governo vai mudar alguma coisa, ele te surpreende não movendo um graveto na encruzilhada. Recentemente o País estava muito preocupado com a dengue, chegando a todo vapor. E juntamente com ela uma tal de Zica e a prima dela lá do interior, Chicungunha. Campanhas começaram por todos os lados e tinha gente vendo água parada até onde não tinha água há muito tempo. De um lado o pessoal da política gritava, e do outro os noticiários mostravam dengue e mais dengue para todos os lados do quintal, mas... Algo diferente aconteceu no front e uma pessoa morreu de gripe H1N1.
O que acontece a partir daí? A dengue não é mais tão perigosa. A microcefalia deixa de ocorrer nos noticiários e a gripe passa a ser a grande vilã do momento. E de um segundo para o outro, todo mundo começa a correr para tomar a vacina. O governo pede para que as escolas, que até então estavam preocupadas fazendo campanha contra a dengue, agora passassem a visar a gripe H1N1. Nada contra fazer campanhas para a saúde da população, mas, e quando você, que trabalha numa escola, e convive com o problema todos os dias é deixado de lado, o que fazer?
Sim, é isso mesmo, professores e funcionários das escolas não estão na lista de vacinação do governo. Tanto estadual, como municipal e muito menos federal. Se o professor quiser uma vacina, ele que pague para ter uma. Salvo quando ele tem mais de 60 anos, tem asma, bronquite, e todo tipo de ressalvas que o faz entrar no chamado grupo de risco, mas, somente por ser professor, não, ele não tem direito a nada.
E os alunos? Por qual motivo não recebem a vacina? Novamente entra uma série de exigências para isso. Idade, doenças crônicas, e mais uma pá de coisa que impede o cidadão saudável de tomar vacina sem ter que pagar. Mas, simplesmente por ser aluno, não. Não tem direito a vacina nenhuma.
Então o professor está na sala de aula todos os dias. Quando um aluno espirra. E aí, o que ele faz? E se cinco alunos espirram? E se vinte alunos espirram? E se quarenta alunos espirram, ou cinquenta, o que não é difícil encontrar uma sala de aula com cinquenta alunos. E então, pra onde ele corre? Para onde ele vai? Pra caixinha de giz? Não, lá não cabe ele, caso contrário, entraria ali mesmo. Claro que citei o espirro como um exemplo, digamos que inúmeros alunos estejam com gripe, e o professor, sem direito a vacina, encontre-se nesse miolo de perdigotos perdidos, o que fazer? Nesse caso, só lhe resta ficar doente. E se ele morrer? Babau, tem um monte de gente formada por aí esperando uma vaguinha pra dar aula. E se um aluno morrer? Que fatalidade, aconteceu, provavelmente ele tinha uma doença mais grave. Mas então, vamos esperar isso acontecer?
Saindo do âmbito das escolas vamos para outro ambiente, as cadeias. O que leva um governo colocar como prioridade para vacinação, os presos, e não os policiais? Se a pessoa está presa, está pagando por algo que fez de errado. Sem entrar no mérito de muitos inocentes que são pegos etc e tal, mas estão presos. Por qual motivo, os presos recebem a vacina gratuitamente, e aqueles, que defendem o cidadão de bem, sem entrar no mérito dos maus profissionais da área, tem que pagar para serem vacinados, caso não queiram ficar doentes? Quem pensa assim? Aqueles que tem o poder de mudar a situação pensam.
E se as escolas se negassem a fazer campanha contra a gripe?
Nossa, eles estão sendo desumanos e não gostam de trabalhar, vagabundos!!! Diria uma senhora no ponto de ônibus, como já ouvi algumas vezes. E se os policiais se negassem a fazer o seu serviço, por que correm o risco de contraírem gripe. Nossa, eles são todos bandidos!!! Diria a mesma senhora no ponto de ônibus, como também já escutei. Então, o que fazer?
Soluções existem?
Sim, existem...
Vontade de fazer existe?
Esse é o problema.
Vivemos num País onde a individualidade dos problemas ainda é muito forte. Do tipo, não mexeu no meu queijo, que se dane, não é problema meu. Isso vejo todos os dias no trabalho, na rua, na padaria da esquina, na calçada da rua, na praça, por onde ando. Isso não é problema meu. Não quero nem saber, diz a maioria.
Por fim, se o problema não é do outro, ele deve começar a ser. Talvez, quando isso acontecer aqueles que mandam e desmandam em tantas coisas nesse País, comecem olhar um pouco para aqueles que não tem voz, nem dinheiro suficiente pra emitir sua opinião.
Enquanto os notícias agora preocupam a população anunciando as cinco mortes que já ocorreram pela gripe H1N1, misteriosamente a dengue, a zica e a chicungunha desapareceram do nosso País, pelo menos na mídia elas não aparecem mais com tanta frequência. O problema agora é a gripe, e será, até aparecer uma nova ameaça à população, pelo menos no ponto de vista da imprensa.

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