''Quando acertamos ninguém se lembra, quando erramos ninguém se esquece''

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

o vício e os folhetins do século XXI


NA BUSCA por uma vida menos sedentária, comecei a assistir TV. Há muito tempo não o fazia, então resolvi buscar novas alternativas para o conforto pós dia quebra ossos. Pois bem, entre idas e vindas encontrei as novelas. Viciei. Comecei a ver uma novela atrás da outra, e depois que eu estava muito ligado nesse negócio de acompanhar os folhetins do século XXI, percebi uma coisa; as personagens das novelas não veem televisão tanto assim. Tudo bem uma cena ou outra, mas, não chega a ser um vício. Novelas rurais então, pior ainda. Conheço pessoas que moram na zona rural desde que nasci, e elas sempre viram muita televisão, mas, curiosamente, o pessoal da zona rural que vive dentro da telinha, não vê. Novelas bíblicas então, jamais veem televisão, mas isso é totalmente racional. Estou falando das novelas que se passam nos chamados dias atuais, onde a febre dos celulares e o vício da televisão, tão presentes no nosso dia a dia, ainda não alcançaram aquelas personagens. E mesmo assim nos identificamos com todo aquele contexto de conversas e conflitos constantes, como sendo algo muito normal para nós, num passado que cada vez fica mais distante de nós.
Centenas de livros, teses, artigos e reportagens jornalísticas já explicaram o motivo dos brasileiros gostarem tanto de novela, não cabe aqui reproduzir o que já foi dito, o que me intrigou a ponto de escrever essas linhas foi essa observação. Querem nos viciar na TV, e conseguem com sucesso na maioria dos casos, a audiência prova isso, mas, ao mesmo tempo, aqueles a quem assistimos não se apresentam tão fanáticos assim por essa tal de TV.
Não generalizo, e nem posso, pois sempre alguém vai dizer: ''eu não sou viciado em TV'', ''quem vê TV não tem o que fazer'', ''eu odeio novela'', ''a TV emburrece a gente'', ''a TV manipula as pessoas''. Normal.
Não vejo como um caso de emburrecimento, mas, curiosidade. A mesma curiosidade que nos acompanha desde que esse formato foi criado lá na Grécia, há alguns milhares de anos. É a vontade de ver o que vai acontecer depois, e isso, os roteiristas fazem muito bem. Não concordo quando dizem que no Brasil temos problemas com roteiros, não temos, de forma alguma, temos excelentes roteiristas, assim como todos os lugares do mundo; o que nos falta é incentivo para fazer e lugares para mostrar o que foi feito. Endosso essa ideia citando o assunto aqui envolvido, as novelas. Milhões de pessoas ligam a TV todos os dias para ver o que vai acontecer na trama. Se você não gosta, normal, temos o direito de não gostar daquilo que não nos agrada, mas não há como negar que milhões de pessoas gostam. E essas pessoas que gostam, são burras? Não, de maneira alguma, são curiosas. E talvez por um vacilo, levado pela curiosidade momentânea, assistiram o primeiro capítulo de uma novela. Aí, viciaram. Roteiristas excelentes causam isso nas pessoas. Assim como se pode viciar em séries estado-unidenses, é completamente normal viciar em novelas e séries produzidas no Brasil.
Por fim, na tentativa de querer saber a razão pela qual as personagens da TV não são retratadas como viciadas em TV, posso arriscar a dizer que pelo fato de trabalharem na TV isso deve afastar um pouco essa vontade de consumo viciante. Explico isso ao entender o motivo que leva um mecânico a chegar em casa e querer descansar, ao invés de ficar mexendo no motor do seu carro, e por aí vai...

Fonte da Imagem: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:TV-icon-novela.svg

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