''Quando acertamos ninguém se lembra, quando erramos ninguém se esquece''

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

E-MAIL ACEITA TUDO


''PULSEIRAS DO SEXO''

Uma vez eu recebi um e-mail falando sobre uma pessoa que tinha uma doença muito grave, e que naquele mesmo instante deveria ser feito uma oração para aquela alma doentia, mas com um agravante, a oração nao valeria nada se ao final da leitura aquele e-mail não fosse enviado para 20 amigos da sua caixa postal. Eu não enviei para 20 amigos, por que não tenho 20 amigos, se for contar, tenho dois, e um não está mais querendo ser meu amigo, isso leva meu grau de amizade a um único ser humano na face da terra. Enfim, dos males o menor; dias depois numa conversa com um hacker fiquei sabendo que estas tais correntes servem para dar dinheiro a alguém. Segundo informações dele, cada vez que você repassa um e-mail deste, ele ganha 15 centavos. Faça a conta e veja, devido a quantidade de endereços que ele tem postado no cabeçalho da mensagem, quanto dinheiro ele não ganha em alguns cliques.

Acreditar nisso que eu acabei de escrever é a mesma coisa que acreditar nos e-mails que todo mundo recebeu sobre a gripe A no Paraná. Enquanto a doença corria por aí, e pessoas falavam nas escolas: ''Vocês são loucos de trabalharem com esta doença contaminando todo mundo''. E quanto mais a televisão falava que as vítimas chegavam a 30, 50, ou 100, sempre tinha alguém que vinha com uma impressão de internet na mão falando mais alto: ''Não é verdade, tudo que a televisão divulga, você pode colocar o triplo em cima dessa contagem, está morrendo três vezes mais pessoas que isso aí''. Por fim, mais da metade da população paranaense morreu. Ultrapassamos a Argentina e o Estado do Rio Grande do Sul juntos. Tudo isso, segundo a internet, mais uma vez.

Eis então que aparece um e-mail falando sobre umas tais pulseiras do sexo. Segundo estas informações, de internet diga-se de passagem, a brincadeira teria surgido na Inglaterra, onde um grupo de alunos teria padronizado atos sexuais para cada pulseira arrebentada. Por serem coloridas, cada cor representava uma ação. Eis então que começaram a caçar as tais pulseiras nas escolas. Na escola onde eu trabalho foi uma festa. Os alunos nem sabiam do que se tratava, mas já estavam sendo acusados de fazerem parte do tal grupo das ''pulseiras do sexo''. Com autorização dos pais e responsáveis, as pulseiras coloridas foram confiscadas cotidianamente. E tudo isso aconteceu depois que um pai apareceu na escola com uma fotocópia de uma notícia tirada da internet, onde estava a tal reportagem da escola inglesa. Segundo esta, sem fonte, sem citar o nome da escola, sem citar qualquer dado comprometedor; a brincadeira teria surgido na Inglaterra algum tempo atrás, e atualmente ''os alunos de 12 anos, somente usam pulseiras pretas e douradas''. Segundo este mesmo e-mail, a pulseira preta significa fazer sexo, e a pulseira dourada significa fazer tudo referente ao sexo.

Ewandro Schenkel, em texto publicado pela Gazeta do Povo (04/12/2009), realizou a seguinte tarefa direcionada para este assunto das ''pulseiras do sexo''; sem perda de tempo ligou para a Delegacia do Adolescente de Londrina, cidade do norte do Paraná com mais de 500 mil habitantes, e perguntou se havia ocorrido alguma denúncia de abuso envolvendo menores com as pulseiras. O resultado foi nada. Os responsáveis por lá nem sequer sabiam da existência destes acessórios.

Não há o que dizer em relação a isso, parece que o mundo gira em torno dos e-mails. Parece que quanto mais sem fundamento ou comprovação sólida de que alguma coisa é real, mais credibilidade tem no mundo dos vivos. Para encerrar, citarei a frase de uma funcionária do lugar onde trabalho, há um ano da aposentadoria por tempo de serviço:

''_ Quando eu estava na escola também tinha estas pulseirinhas, eu até usava um monte no braço, mas eu nunca soube que era para esta finalidade do sexo.''

Talvez não sabia por que não existia internet há 65 anos atrás.

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