''Quando acertamos ninguém se lembra, quando erramos ninguém se esquece''

terça-feira, 8 de novembro de 2016

o BANCO e a MOÇA dos ENCAMINHAMENTOS


HOJE eu precisava fazer um depósito. Sabe aqueles depósitos de cinquenta reais que você deposita num banco perto da sua casa? ENTÃO, isso não aconteceu comigo. Pelo menos não a parte do banco perto da sua casa. O BANCO em questão, cujo depósito deveria ser efetuado fica muito longe do lugar onde eu moro. Quando eu digo longe, não estou exagerando, é longe mesmo. Pois bem, atolado em trabalho, consegui um espaço de tempo para ir até o bendito banco.
Durante o trajeto fui traçando mentalmente o caminho que eu seguiria assim que chegasse à agência. Entro, passo pelo detector de metais, vou até o caixa e faço a transação que devo fazer. LEDO engano disse o universo. Por qual motivo seria tão simples assim? Por que você acha que não vai se lascar todo como a maioria dos outros usuários dos bancos brasileiros? De fato, eu estava muito otimista.
Ao chegar na frente do querido banco, entrei. Logo na entrada filas enormes, achei por um momento que estavam distribuindo cestas de natal, mas não, eram as filas que desembocavam nos caixas eletrônicos, muitos caixas eletrônicos. Confesso que nunca vi tantos caixas eletrônicos na minha vida. Atrás do vidro da porta que contém do detector de metais, ninguém. Um ou outro bancário passando com um papel na mão, mas ninguém sendo atendido. Pensei de imediato, caramba, está vazio!!! Novamente. Por qual motivo você acha que ninguém ali fora teve a mesma ideia que você? Enfim. Aproximei-me da porta, retirei a chave da bolsa e o celular e fui colocar no compartimento reservado a isso, ao lado da porta giratória. Assim que soltei meu celular um guarda do banco se aproximou da minha pessoa e falou com a estupidez normal de quem se acha superior a outro ser humano:
''_ Tire agora esses pertences daqui!''_ falou alto chamando atenção. Isso é constrangimento, posso procurar na lei qual artigo enquadro esse ogro verde, mas daí esbarro na porcaria da testemunha. Ninguém quis testemunhar a meu favor. Estavam muito preocupados cuidando de suas vidas. Pois bem. Sem entender a grosseria, resolvi perguntar:
''_ Por quê?''
''_ Não está vendo que lá na frente tem uma moça fazendo o encaminhamento para os caixas?''_ esbravejou o pedaço de lasanha vestido de azul.
''_ Não, não vi nenhuma moça!''
''_ Tire isso daqui agora e vá até a moça!''_ apontou para o meu celular e a chave fazendo mão mole, como se estivesse com nojo dos meus metais. Para não ofender a santa mãe do rapaz, que não tinha nada a ver com aquilo, saí dali.
Antes, porém, peguei meus pertences. Passei por uma galera que estava se avolumando na frente dos caixas eletrônicos e cheguei na fila da tal moça que estava fazendo os encaminhamentos. A fila estava na porta de entrada do banco, para se ter uma ideia. Durante os quarenta e um minutos que esperei na fila, até chegar a moça que fazia os encaminhamentos, fiquei observando o desespero para se usar os caixas eletrônicos. A maioria daqueles que estavam ali para realizar algum serviço, não sabiam qual botão apertar, por isso duas mocinhas corriam de um lado para outro, tentando atender todo mundo. Um desespero total. Observei também que ninguém era direcionado para a porta de vidro com detector de metais. A moça dos encaminhamentos mandava todos para os caixas eletrônicos, cujas filas aumentavam assustadoramente. Naquele momento pensei, o dia não está favorável a mim, só faltava eu ter que encarar esse negócio aqui e esperar as mocinhas se desdobrarem em cinquenta na próxima hora. Não deu outra. Depois de 41 minutos chegou a minha vez. Aproximei-me da moça que fazia os encaminhamentos. Ela me olhou e perguntou:
''_ O que você vai fazer?''
''_ Vou fazer um depósito em dinheiro.''_ falei.
''_ Então você tem que escolher uma dessas filas, em um desses caixas, entrar na fila e fazer o seu depósito senhor!''_ disse a mulher apontando para o inferno que eu estava presenciando há um bom tempo.
''_ Não, não quero fazer o depósito aqui. Quero ir no caixa lá dentro, aí o dinheiro cai na hora na conta da outra pessoa.''_ expliquei.
''_ Lamento senhor, lá dentro é só para depósito acima de três mil reais.''_ disse a moça.
''_ Você nem sabe quanto eu vou depositar!''_ falei.
Eu não ia depositar a quantia que ela havia falado, mas o que mais me intrigou, foi ela não perguntar quanto eu ia depositar, e continuar reproduzindo a mesma fala de quando me abordou.
''_ Você deve escolher uma dessas filas senhor, e fazer a operação em um desses caixas.''_ repetiu.
''_ Todas as pessoas que estavam na minha frente foram para aquelas filas.''_ falei.
''_ Sim, são operações que podem ser feitas aqui.''
''_ Que estranho, ninguém pode entrar além do vidro?''
''_ Podem sim senhor, mas essas operações não podem ser feitas lá dentro.''_ a mulher começou alterar a voz.
''_ Se todos que chegam aqui são direcionados para os caixas eletrônicos, então por que não colocam uma placa aqui dizendo: vão para os caixas eletrônicos! Ao invés de pagar uma funcionário pra dizer isso?''_ eu estava muito irritado.
''_ Se o senhor quiser que o dinheiro caia na hora, o senhor pode usar uma lotérica!''
''_ Por que não me disse isso quando eu cheguei?''_ de fato, eu estava muito irritado.
Ela tentou falar alguma coisa na sequência, mas eu não ouvi. Desliguei meus ouvidos, agradeci, virei de costas e saí andando.
Na rua, segui até uma lotérica, a única do bairro, e logicamente, a mais movimentada naquele horário. A fila estava dobrando a calçada e seguindo pela sarjeta em direção à farmácia. E lá fui eu para mais um teste de paciência.
Depois de uma hora e doze minutos chegou a minha vez. Uma fila desgraçadamente grande e uma menina atendendo. UMA!!! Eu tentei instigar o ódio na fila falando várias vezes que aquilo era um absurdo e a gente não podia ficar quieto, mas todos ficaram. Parece que uma boa parcela do nosso povo gosta de ser feito de bobo. Graças ao querido e bom Deus chegou a minha vez. Assim que me dirigi para o caixa, a luz piscou. Pensei: só faltava cair o sistema agora. Não caiu. Fiz o depósito e fui embora.
No caminho pra casa pensei. Se os caixas eletrônicos dos bancos são utilizados para fazer todo o trabalho que possivelmente seria feito no interior da agência, então por qual motivo continuar pagando funcionários no interior da bendito banco? Pensei em muitas coisas, mas eu estava com raiva, e quando estamos com raiva somos capazes até de esperar por mais de duas horas em pé numa fila pra fazer um depósito. Isso por que, eu não encontrei ninguém pra gritar comigo nos dois lugares que estive, caso contrário, esse relato não seria escrito tão breve, pois na cadeia não tem como usar computador.

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