''Quando acertamos ninguém se lembra, quando erramos ninguém se esquece''

sexta-feira, 12 de março de 2010

GLAUCO... tirinhas tristes num 12 de março



Glauco Villas Boas, 53 anos de idade, cartunista, desenhista, e na minha humilde opinião um cérebro privilegiado. O homem que criou inúmeros personagens de tiras de quadrinhos, onde um dos mais famosos era Geraldão; morreu. Mas não morreu por que estava doente, nem por que sofreu um problema sério em seu mundo fantástico, mas sim, por que um animal o matou. Glauco foi morto a tiros em uma tentativa de assalto em sua casa em Osasco, na Grande São Paulo, na madrugada do dia 12 de março de 2010. Pra se aproximar mais ainda dos animais, e que eles não me ouçam, pois não pretendo ofender os animais comparando este ser insignificante que assassinou Glauco, com qualquer espécie irracional; o filho do desenhista, Raoni, também foi morto. Alguns animais matam para se defender, outros matam para acabar com a fome e existem àqueles que matam por matar, talvez instinto assassino, talvez vontade de defender alguma coisa que lhes pertence, talvez apenas por se sentir ameaçado pelo outro... Não há como saber o que se passa na mente dos animais. Muitas pessoas tentam explicar a vontade dos animais, eu confesso que não tenho esta habilidade. Agora, quando o ser humano mata, alguns especialistas aparecem novamente tentando explicar a mente de tal assassino. Ele é louco, ele é doente, ele matou por se sentir ameaçado, ele matou por instinto, ele matou por que não teve sua vontade realizada, ou ele matou por matar? Confesso que também não tenho habilidade para explicar a razão de um assassinato. Em ambos os casos, comparar este assassino com um animal irracional, foi justamente uma forma que encontrei para explicar minha não habilidade em saber o que se passa na mente alheia. Em minha trajetória de vida já fui atacado por animais que simplesmente me atacaram, sem qualquer explicação acima; assim como já fui atacado por seres humanos que simplesmente me bateram, sem que eu ao menos tivesse esboçado qualquer movimento, ou dito qualquer palavra. Por isso, não entendo a mente do outro.

Os bandidos entraram na casa e abordaram a família. Um deles se dizia Jesus Cristo. Glauco negociou com os marginais que iria sair de casa com eles, deixando ali a família sã e salva, mas na saída, um dos filhos chegou. Viu tudo que estava acontecendo e discutiu com os bandidos. O bandido armado chegou a colocar a arma em sua própria cabeça dizendo que iria se suicidar, mas, voltou a arma para os dois homens que estavam a sua frente e não pensou duas vezes atirando no pai e no filho.

Glauco nasceu na cidade de Jandaia do Sul, interior do Paraná. Começou a publicar suas tirinhas no jornal ''Diário da Manhã'', da cidade de Ribeirão Preto, em São Paulo, no começo dos anos 70. Em 1976, foi premiado no Salão de Humor de Piracicaba e, no ano seguinte, começou a publicar seus trabalhos na Folha de São Paulo com longos intervalos de tempo. A partir de 1984, Glauco passou a publicar suas tiras de forma regular no jornal. Entre todos os personagens que ele criou estão Geraldão, Cacique Jaraguá, Nojinsk, Dona Marta, Zé do Apocalipse, Doy Jorge, Ficadinha, Netão e Edmar Bregman, entre muitos outros. Em 2006, ele lançou o livro "Política Zero", reunião de 64 charges políticas sobre o Governo Lula publicadas na página 2 da Folha. Glauco também era líder da igreja Céu de Maria, ligada ao Santo Daime e que usa a bebida feita de cipó para fins religiosos.

Por fim, só nos restou a saudade...

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