''Quando acertamos ninguém se lembra, quando erramos ninguém se esquece''

quarta-feira, 3 de março de 2010

TRANSPORTE Coletivo - eu vou...





A primeira foto mostra as pessoas andando de ônibus em Curitiba - PR, a segunda foto mostra os passageiros tentando embarcar num ônibus na cidade de Recife - PE, a terceira foto mostra pessoas andando de ônibus na Índia e a última foto mostra um trem lotado, na Índia também, transporte este que atravessa boa parte da região sul daquele país.

Ontem a tarde não consegui chegar a tempo ao ponto de ônibus, para pegar o buzo das 16:20, cheguei ao ponto as 16:25, então tudo já estava perdido. Ao parar na calçada de cimento branco, olhei para minha direita e vi o transporte coletivo que pego todos os dias se deslocar ao longe. Naquele momento meus olhos seguraram as lágrimas, mas fui forte e não chorei, até por que tinha dois homens de bermuda perto de mim, e uma mulher segurando duas latas de sardinha nos braços cobertos por uma blusa de lã, devido ao frio que fazia na capital do Paraná naquele cair de tarde.

Ao perder o horário do ônibus habitual e rotineiro, eu estava encrencado. Não por que fiz algum tipo de promessa em tomar todos os dias o mesmo carro, mas devido ao fato de encarar uma super lotação no horário das 16:30. E não deu outra. O ônibus chegou torto ao lugar onde eu estava. A porta abriu e vi com olhos tristes aquela parede humana a minha frente. As pessoas se amassavam e se empurravam ao mesmo tempo que continuavam abraçadas umas as outras. Na esperança de que alguém saísse dali para descer, vi apenas um pé se movimentar a minha frente. Um pé calçado num sapato preto, de um senhor idoso que por ali segurava na maleta de um homem jovial, que por sua vez agarrava-se no cabelo de uma senhora, onde esta sim, segurava na barra de apoio do ônibus para não ser lançada ao chão durante uma freada mais brusca. O pé saiu do meio do bolo de pernas, fez um movimento anti horário, aliviou-se por alguns segundos, então seu dono o recolheu para um lugar próximo de onde ele estava, pois aquele espaço que anteriormente ele ocupava já estava ocupado por um outro pé, desta vez feminino.

Perante a parede humana, entrei no carro. Literalmente é como entrar na parede, segurar na tinta, aqui rebocada em forma de corpos humanos, e esperar a porta do ônibus bater nas suas costas, empurrando você mais para o fundo, fazendo seu corpo esbarrar naqueles que ali estão. Eu estava indo trabalhar, mas muitos estavam voltando do trabalho, com suas pizzas enraizadas nas axilas molhadas que espeliam odores nada franceses ao ambiente coletivo.

Por mais uma vez tive meu pé pisoteado. Não encontrei um espaço para apoiar com segurança as minhas mãos, e vi as mesmas grosserias de todos os dias. Embora as condições do transporte não atendam a todas as expectativas, cheguei exatamente no horário previsto, desta vez três minutos antes do momento que chego todos os dias. Isso sem contar que perdi o ônibus que costumo entrar cotidianamente. Talvez seja por este motivo que temos um transporte modelo para o restante do país, como diz a propaganda. Sem dúvida alguma as conexões com passagem única, o horário cumprido e as condições de espera nos tubos, fazem valer a fama do transporte modelo; mas não podemos incluir conforto, segurança e bem estar durante o trajeto. É uma pena que a maioria dos turistas que vem pra cá não vem pra trabalhar e encarar um ônibus lotado no horário de pico, apenas vem passear e conhecer o que há de belo, afinal; são turistas...

O transporte é bom, as conexões são excelentes, o horário é cumprido em 90% dos casos, mas... Faltam mais ônibus. A população deveria se unir e atentar para isso. Exigir mais ônibus seguros e com espaço interno, afinal, pagamos a passagem, não pegamos uma caroninha com o motorista gente boa do biarticulado vermelho. Uma ou duas pessoas gritando são loucas, mas a cidade inteira gritando, é protesto; e mesmo que sejam todos loucos, vira reivindicação, queira ou não queira. A polícia deveria usar a lei do Talião para com os vândalos que quebram os ônibus nos dias de jogos de futebol, fazendo com que a população de bem pague pelos erros alheios, como aumento de passagem e menos ônibus nas linhas. O problema da super lotação já é considerado pelo meu cerébro uma espécie de medo constante na ida até o ponto de ônibus. Acredito que desenvolvi uma espécie de síndrome do pânico com isso. Só de pensar, entro em desespero. Como está acontecendo agora. Talvez isso ocorra pelo fato de só agora olhar para o relógio e perceber que já são 16:23 e acabei de perder o coletivo não tão cheio das 16:20.

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