''Quando acertamos ninguém se lembra, quando erramos ninguém se esquece''

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

COISA NENHUMA


Embora eu esteja um pouco sumido destas páginas blogueiras nos últimos dias, tenho uma explicação plausível para tal ocorrido. Algumas dores se concentraram nos meus músculos carnais, além é claro de contar com a sobrecarga de trabalho neste período de fim de ano. Cotidianamente eu vendo algumas informações em troca de um certa quantia em dinheiro, que me permite ir ao cinema no final de semana para ter a poltrona onde eu estou, chutada por um cavalo acomodado no banco de trás. Por isso tenho andado afastado deste lugar virtual, cujas vidas não podem ultrapassar a tela de vidro existente diante das minhas retinas.

Confesso que fiquei com vontade de comentar o caso dos políticos de Brasília, que foram filmados recebendo dinheiro e guardando algumas quantias do valioso papel na meia. Arruda, que eu acreditei em alguns momentos ser um bom homem, decepcionou-me quando disse: ''Ah, ótimo!'', isso não foi tão fácil de digerir, quem dirá engolir... Talvez o Fernando Collor tenha uma receita de como isso deve ser feito de forma correta. Mas, como já disse, não vou comentar sobre isso.

Senti vontade também de falar sobre o caso da aluna de direito da FAAP que teve seu celular envolvido num conflito com a professora, durante uma prova aplicada por esta, num dia letivo normal. Mas, como já fiz em um texto anterior e já explicitei os problemas legais que um celular pode trazer para um aluno que não cumpre regras, não voltarei a repetir tais palavras. O que mais gostei neste caso foi a mídia querer ficar do lado da aluna, como sempre fazem, e malhar os professores, como sempre acontece, e na hora que foram ouvir dezenas e dezenas de alunos na frente da faculdade, todos ficaram do lado da professora; isso que é ter noção dos seus direitos, e saber diferenciar o que é certo e o que é errado.

Bem, então o que devo comentar aqui, num dia tão quente como hoje? Talvez uma notícia breve, como o tiroteio ocorrido em Curitiba, na frente da PUC, no momento que milhares de candidatos passavam por ali na intenção de realizar a prova do vestibular. Alguns órgãos da imprensa noticiaram 7 feridos, outros 9, a polícia disse 8, quem poderá saber o que é ir fazer uma prova e levar um tiro; somente as vítimas neste caso.

Por fim, fecharei este breve comentário sobre coisa alguma, com algumas manchetes ''bestas'' que encontrei nos jornais de hoje. Antes de me arriscar a escrever qualquer coisa aqui fui procurar por algo que valesse a pena, mas não encontrei. Tudo que citei até agora ouvi no rádio, e em breves reportagens televisivas, pois, de resto, o que encontrei foram notícias inúteis, somente para encher lacunas em branco, que nada tem a ver com os problemas atuais. Ou seja, são informações que você lendo ou não, nada vai mudar na sua vida.

No Uol:

Cicarelli e Galisteu afundam ibope (e daí?)

Frio atípico surpreende brasileiros na Antártida (será que eles não sabiam que lá é frio?)

Serena é multada por ''chilique'' (puxa, tô pasmo!)

Marido da apresentadora Ana Maria Braga sairá de casa (meu Deus, e agora?)

Urso Panda vira hóspede no zoológico de Adelaide (aquela anã paraguaia?)

No Terra:

Cambistas inflacionam preço do ingresso (isso é novidade?)

Marido de Ana Maria deixará casa onde viveu com a apresentadora (de novo? Ainda tão noticiando isso? Meu Deus, e agora, o que vai ser dele?)

Dicas de maquiagem com um toque de vampiro (quem em sã consciência usa maquiagem de vampiro?)

Angélica completa 36 anos (deve ser por que é aniversário dela)

No Bol:

Veja dicas de como usar seu décimo terceiro salário (tanto tempo esperando este dinheiro, você acha que eu não sei o que fazer com ele?)

Veja simpatias para o ambiente de trabalho (puxa, que legal! Tomara que eu não precise amarrar a foto do meu chefe em sapo algum)

Comércio de São Paulo lota de madrugada (e o kiko?)

Marido de Ana Maria deixará casa onde morava com a apresentadora (Pára! Que coisa chata. E daí? E daí? E daí?)

domingo, 22 de novembro de 2009

CHIBATADA nas NÁDEGAS


Diretora dá chibatada em professora diante dos alunos na Malásia

Em notícia vinculada pela AFP, de São Paulo, uma professora de ensino médio na Malásia ficou em estado de choque depois que a diretora da escola aplicou-lhe nas nádegas uma potente chibatada na frente de todos os alunos. Uma varada, como dizia minha avó, como se nada estivesse acontecendo, apenas uma varada. A professora estava vestida com trajes típicos de artes marciais do país e conduzia os alunos de volta à sala de aula depois de uma atividade extracurricular, quando aconteceu a agressão. Se a mulher vestia roupas de artes marciais, isso quer dizer que havia ministrado uma aula de artes marciais, sugestivo para o currículo escolar de qualquer País.
"De repente e sem fazer perguntas, a diretora, que estava patrulhando a área, chicoteou minhas nádegas e bateu em vários outros estudantes", disse a professora. "Fiquei envergonhada porque todos os alunos viram o incidente." A diretora pediu desculpas, dizendo que tinha confundido a docente com uma estudante. Mas, com o ego e as nádegas feridos, a mestra apresentou queixa ao sindicato nacional dos professores da Malásia. Que coisa, quer dizer que lá na Malásia diretor pode bater com chibata em aluno? Deve ser por isso que eles tem disciplina no ambiente escolar.
"Apesar de ela não me conhecer por ter sido transferida para esta escola há apenas duas semanas, não havia razão para não ter me perguntado", disse a professora, que não teve seu nome divulgado. Por fim, o Ministério da Educação vai investigar o caso. Talvez entreguem uma chibata nas mãos da professora, para descontar a chibatada nas nádegas da diretora... Afinal, como diz um bom morador do sudeste asiático: ''Olho por olho, dente por dente''.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

''Vale-Cultura'', PRIMEIRO DE JANEIRO NOS CINEMAS

Eu estava caminhando e cantando quando me deparei com esta notícia, veiculada pelo Bol; ''Senado aprova realização de audiência pública antes da votação do "Vale-Cultura"''. Ou seja, o governo está criando um vale,  no valor de 50 reais, para que cada ser humano do Brasil tenha acesso a cinema, teatro e apresentações artísticas. 50 reais para cada um? Eu entendi bem? Não, não é pra todo mundo não, é só pra quem trabalha com carteira assinada, quem já recebe os benefícios do governo, não vão receber mais este dinheirinho.

A CAE, Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, já aprovou numa audiência pública o Vale-Cultura, que agora irá para votação. A oposição prometeu que vai dificultar ao máximo a aprovação deste benefício; o que  não é nada mau. Ao saber das verdadeiras intenções desta pressa toda para aprovar o mais rápido possível este tal Vale, compreendemos o que a oposição quer dizer. O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), disse que o objetivo da base aliada é aprovar a concessão do benefício no plenário da Casa até o final de 2009. "Queremos votar matéria até o final do ano", afirmou. Aí você pergunta: por quê? Por qual motivo o governo enviou ao Congresso o projeto de lei que cria o Vale-Cultura em regime de urgência, estabelecendo a votação do texto em até 45 dias. A oposição vincula a pressa na análise da proposta ao lançamento do filme "Lula, o Filho do Brasil", que conta a história de parte da vida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É pouco, ou quer mais?

Em ano eleitoral, a oposição afirma que o governo vai usar a concessão do benefício do "Vale Cultura" para estimular a população a assistir ao filme de Lula em 2010, segundo cita a reportagem. O projeto cria uma espécie de tíquete de R$ 50 financiado pelo Executivo e por empresas privadas que poderá ser trocado por ingressos em casas de shows, teatro, cinema e em livrarias. Não seria melhor então liberar a roleta, e deixar o acesso livre para quem se interessar a este tipo de cultura? Entregar mais dinheiro para o povo, alegando que está fornecendo cultura, é aumentar os gastos da máquina pública, e tendo em vista que quem sustenta esta máquina toda, somos nós, é aumentar os nossos gastos; em outras palavras.

"A urgência é porque vai ser lançado o filme do Lula. O governo vai gastar de R$ 2 bilhões a R$ 3 bilhões para o povo assistir o filme do Lula. O projeto só atende o trabalhador com carteira assinada, que trabalhe em uma empresa, enquanto 90% dos que tem Bolsa Família [programa social do governo], e são os reais necessitados, estão fora desse benefício. As pessoas vão receber o dinheiro, mas como vão ter um comprovante de que vão usar na cultura? Até quem quiser comprar roupa de Carnaval vai poder", disse o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE).

O filme ''Lula, o Filho do Brasil'', já entrou para a história como o filme mais caro do cinema brasileiro. Com orçamento de aproximadamente R$ 12 milhões o filme será exibido em quase 400 salas espalhadas pelo Brasil. A estreia nacional do filme está prevista para o dia 1º de janeiro. O filme foi dirigido por Fábio Barreto, o mesmo diretor de ''O Quatrilho'', que concorreu ao Oscar nos anos 90. O filme é estrelado por Rui Ricardo Diaz, Glória Pires e Cléo Pires. Como um grande problema do nosso país é a falta de cinemas, os produtores do filme farão exibições especiais para comunidades pobres de grandes cidades, e para as pessoas que residem na zona rural. Pelo menos prometeram isso.

O filme conta a história de Lula desde seu nascimento, em 1945, no sertão de Pernambuco, até sua consagração como líder sindical, em 1980, no ABC paulista. Para que todos possam ver este filme, e talvez algo mais além do filme, os políticos se apressam para aprovar o Vale. Que coisa! Não quero ser acusado de levantar a bandeira anti-cultura, pelo contrário, se eu pudesse já teria levado cultura a todos os cantos deste país, eu disse CULTURA, não dar dinheiro a rodo utilizando a palavra cultura como a principal culpada desse aumento de gastos. Por que não investir estes 2 ou 3 bilhões na escola pública, que atualmente está sucateada? Por que não investir estes 2 ou 3 bilhões em bibliotecas públicas para as cidades que não tem uma única prateleira de livros destinados à população, lugares que não tem sequer uma creche ou um hospital? Por que não investir estes 2 ou 3 bilhões em escolas de teatro ou cinema? Por que nada disso é tão importante quanto um filme, um filme que ainda será lançado, e irá mudar a conta bancária de quem desejar ir vê-lo, ou não.

Segundo a matéria, o Vale-Cultura será concebido nos moldes de um benefício trabalhista, como, por exemplo, um vale alimentação. Com o cartão, os beneficiados poderão adquirir ingressos de cinema, teatro, museu, shows, além de livros, CDs e DVDs, entre outros, como roupas de carnaval, e talvez até, DVDs piratas... Com 50 reais vai ter gente fazendo a festa no camelô.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

O APAGÃO


As luzes do Hospital Municipal, assim como toda a aparelhagem médica, desligaram repentinamente. Sem entender nada do que acontecia, Afonso abriu os olhos lentamente, acordado pelos gritos que corriam em alta velocidade pelos corredores do lugar. Não conseguindo ver nada diante dos seus olhos, o homem esticou o braço na intenção de apalpar a parede, que em sua memória deixava claro sua proximidade com a estrutura de tijolos. Ao encontrar o que procurava, andou vagarosamente pelo corredor, a procura da porta do quarto onde seu pai estava internado. Logo que girou a maçaneta e entrou, não teve certeza se estava no lugar certo, então caminhou até a cama do doente e perguntou-lhe ao pé do ouvido:

_ És Aloísio, filho de Marli, cunhado de Pedro, irmão de Lurdes e pai de três gordos filhos?

Nenhuma resposta foi ouvida. O homem entrou em desepero, pois o silêncio agora o atordoava como nunca, devido a lembrança de que estava numa sala de UTI. Por mais que gritasse, xingasse, falasse algo, não haveria jeito algum, não havia energia elétrica no lugar. Quando os aparelhos voltaram a funcionar já era tarde demais. O pai de Afonso havia falecido, pois ficara mais de 15 minutos sem assistência respiratória.

O dia seguinte foi o pior de todos. Velório, caixão, enterro. Livre das preocupações momentâneas e pronto para chorar tudo que desejava, Afonso voltou pra casa andando devagar. Quando se aproximava da esquina menos movimentada da cidade, local que comporta uma banca de revistas montada, o homem parou para ler as notícias do dia. Em pé diante do jornal exposto na porta do estabelecimento, Afonso leu a manchete principal da publicação:

''Apagão deixou 18 Estados brasileiros sem energia elétrica ontem à Noite, na maioria das cidades o tempo sem luz não passou de 15 minutos''

_ Quinze minutos._ resmungou o rapaz antes de retomar sua caminhada de volta pra casa.

{assim escrevi no dia seguinte ao apagão que chamou a atenção do país. 10/11/2009}

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

POPE: PROFESSORES de OPERAÇÕES ESPECIAIS


Escolas municipais do Rio terão programa de proteção contra tiroteios 

Ao ler uma reportagem na Folha Online, do Rio de Janeiro, achei esta reportagem em destaque. Um texto muito bem escrito de Diana Brito, explicava a situação atual dos professores municipais do Rio de Janeiro, cuja situação atual levará estes profissionais a terem ''táticas de evacuação em área de guerrilha'' para continuarem trabalhando na função que escolheram para suas vidas, ensinar. A decisão foi tomada pela Secretaria Municipal de Educação do Rio, que chegou afirmar na quarta feira, dia 4 de novembro, estar estudando uma forma de implantar um plano emergencial destinado a treinar professores e funcionários de 1.064 escolas cariocas, contra situações de alta tensão, como tiroteios entre criminosos e policiais. Embora estejam planejando tal ''CURSO'', ainda não sabem quando ele será colocado em prática.

De acordo ainda com a própria secretaria municipal de educação, o objetivo do plano é levar mais segurança às escolas do município. Como? Não entendi esta colocação. Segundo a secretaria, o projeto conta com técnicas contra tiroteios, acidentes graves, incêndios e até mesmo balas perdidas. Tudo bem, mas... O que os professores tem a ver com isso? A secretaria explicou em uma nota dizendo:

"A ideia é preparar esses funcionários para terem uma atuação apaziguadora, deixando as crianças mais calmas e seguras em possíveis situações de pânico".

Parece piada, mas eu fiquei imaginando uma sala de aula, com alunos de quinta série, a professora demorando mais de trinta e dois minutos para conseguir a atenção deles, e quando finalmente consegue a atenção de todos, começa um tiroteio do lado de fora da sala de aula. Gente correndo, gritos, sirenes, o caos... Então, neste momento, com os alunos todos desesperados frente a docente, pois conhecem o valor da vida, tendo de ouvir da profissional:

_ Calma gente, isso não é nada de mais, é só um tiroteio. E não é de mentirinha.

Seria o mesmo que dizer: ele só teve um traumatismo craniano, só isso. Que coisa. Se a professora, ou o professor, for lecionar a disciplina de Ensino Religioso, ele ainda pode puxar uma oração ao som dos tiros de fuzis. Se for de matemática, pode elaborar uma equação do tipo: se os policiais disparam 400 tiros por minuto e os traficantes 600, em quantos minutos teremos uma vítima inocente no meio do conflito. Deve ser isso que este tal programa chama de ''técnica para enfrentar tiroteios''. Caso contrário, e plagiando Geraldo Vandré, eu não acredito no giz vencendo o canhão, para não dizer flor. Segundo dados da secretaria de educação do Rio de Janeiro atualmente há 200 escolas municipais localizadas em áreas de risco, em regiões localizadas dentro de comunidades. Cada vez mais a situação da educação no Rio de Janeiro se depara com estas demonstrações de violência urbana. Na terça feira, dia 3 de novembro, cerca de 13 mil alunos de escolas e creches públicas foram prejudicados por causa de uma série de confrontos entre criminosos de facções rivais e policiais militares na Vila Kennedy, zona oeste do Rio.

Cita ainda a notícia de Diana Brito, da Folha Online, que no último dia 20, dois homens armados invadiram o pátio da escola Professora Maria de Cerqueira e Silva, em Manguinhos, zona norte do Rio, durante uma tentativa de fuga, o relógio marcava 11h30 da manhã. De acordo com a Secretaria Municipal de Educação, os homens passaram pelo local, mas não permaneceram na escola nem invadiram nenhuma das dependências internas da unidade. Que bom, só passaram por ali, nada de mais. Menos mau.

No último dia 17, confrontos entre traficantes de favelas na zona norte do Rio resultaram na queda de um helicóptero da Polícia Militar e deram início a uma onda de violência que deixou pelo menos 42 pessoas mortas. No centro deste tumulto todo, está a disputa pelos pontos de venda de drogas entre traficantes do morro São João, que atualmente é controlado pelo Comando Vermelho, e aliados do morro dos Macacos, controlado pela ADA, cuja sigla significa Amigos dos Amigos.

Há alguns dias o governo do Rio de Janeiro deu um aumento de 5% para os policiais cariocas arriscarem suas vidas nos morros. Enquanto um político recebe centenas de benefícios e salários gigantescos em comparação com qualquer trabalhador da sociedade, temos de acreditar que os professores, treinados e estudados para apenas transmitirem o conhecimento, agora terão que se equiparar aos policiais treinados para este tipo de coisa, isso é o que podemos chamar de relação interdisciplinar. Por que quando nos deparamos com alunos armados na escola, dentro da sala de aula, que não são poucos não, não podemos levantar um dedo contra esta questão. Por um lado temos medo de denunciar, pois podemos sofrer atentados, por outro, caso chamamos a polícia, é capaz de sofrermos represálias por parte dos comandantes da própria escola, que passam a mão na cabeça de certos alunos que de inocentes não tem nada. Querem que a gente negocie com os traficantes da mesma forma que negociamos com um aluno portando um revólver calibre trinta e oito? Querem que deixamos a turma calma, diante de barulhos de tiros, lá fora, sendo que já nos deparamos com armas reais diante dos olhos destes mesmos alunos, dentro da sala? Se for isso, então não precisamos de treinamento, já estamos mais do que preparados a lidar com situações desta natureza. Pra que gastar dinheiro com este tipo de treinamento? Vou procurar a resposta...

De qualquer forma isso já um avanço, pois nem no Iraque, país com tradição em bombas, e que bombas hein; os professores não receberam este tipo de treinamento para atuarem nas escolas de lá. O que fazer então? Pois até agora só apresentei a iniciativa da secretaria de educação do Rio e não dei solução nenhuma para o caso. Primeiro, eu não sou dono de nenhuma verdade, e não tenho receita para todos os problemas do mundo, mas uma coisa posso falar, não é ministrando cursos com este tipo de treinamento para os professores que o problema vai melhorar. Não é dando 5% de aumento para os policiais herois que eles irão subir o morro com um sorriso extraordinário no rosto. O problema está no dinheiro que a droga proporciona. Tem muito dinheiro envolvido em tudo isso. Por que quando uma autoridade muito, mas muito, muito mesmo, importante vai ao Rio de Janeiro tudo parece maravilhoso? E o convidado ainda tem a alegria de declarar ao final de sua viagem: ''o Rio de Janeiro continua lindo''. Por que é montado um esquema de segurança sem igual referência em todo o mundo para proteger esta pessoa que lá está. Agora, o papa, um presidente, uma artista de cinema famosa, ou até mesmo um cantor famoso demais da conta, não se vê todos os dias pelos morros cariocas, são momentos especiais, por isso são protegidos ao extremo. Por outro lado, segundo a mentalidade de alguns, professores e policiais tem bastante. Isso para não falar na situação dos alunos que ali residem e correm riscos todos os dias. Se a secretaria de educação vai ministrar este curso, ótimo, todos os professores devem fazê-lo, com certeza. É mais um item para o currículo deste professor que ao entregar sua ficha num estabelecimento contratante poderá ouvir do funcionário do RH:

_ Professor Cecílio Dias, formado em Letras, pós graduado em Literatura, cursos de linguística, análise do discurso, literatura francesa, literatura portuguesa, literatura brasileira e técnicas de guerrilha, especializado em acalmar alunos durante tiroteios, fugir de balas perdidas e intermediar conversas coloquiais com sequestradores armados até os dentes.

Eu poderia embasar esta fala no nosso código civil e na constituição brasileira, onde o governo tem a responsabilidade de prover segurança, educação e saúde a todos os cidadãos, por isso pagamos tantos impostos; os professores e os policiais são apenas algumas peças deste sistema que sustenta milionários questionadores de recursos e mais recursos para copa do mundo e olimpíadas com estádios de futebol sem visão do campo todo. Para não derreter no calor da cidade escrevendo este texto, e não me segurar mais aqui, posso terminar plagiando Karl Marx, no livro ''Manifesto do Partido Comunista'', não que eu seja um comunista ou simpatizante do sistema, mas sim apenas um admirador desta frase que aqui substituo trabalhadores por professores: '' Professores do mundo, uni-vos''.