Fonte da Imagem: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Idioma_Chuj.JPG
ERA PARA SER UM ENCONTRO ENTRE AMIGOS, mas, algo estranho aconteceu.
Eu fui convidado para prestigiar um renomado professor que viria da Alemanha receber um título importante na cidade onde moro. No dia marcado para tal, acordei cedo e fui ao local do evento. Ao chegar no ambiente encontrei inúmeras pessoas ansiosas pela presença do mestre. Não demorou muito e ele chegou. Ao seu lado, inseparável, o tradutor, cuja figura se representava num outro renomado professor e amigo de longa data do homenageado. Pois bem, os dois entraram e se acomodaram. Todos ficaram em pé, então a cerimônia começou. Depois de muitas falas, elogios e palavras amigas, o professor homenageado falou, em alemão é claro. O tradutor nos deixou a par daquilo que acontecia frente ao púlpito. Quando a fala acabou, todos foram convidados a participarem de um coquetel, que seria oferecido na parte de baixo do prédio. Fomos para lá. No saguão, enquanto todos confraternizavam, não sabemos por que cargas da água o tradutor precisou se retirar por alguns minutos, eis que o inesperado aconteceu. Sem um elo de comunicação entre os presentes e o professor estrangeiro, o ambiente se calou por alguns instantes.
Eu não falo alemão, e ninguém ali falava, com exceção do tradutor; o mestre, por sua vez, não fala português e entende quase nada de inglês, eis o problema. Tentamos estabelecer um contato com mímica, mas ficou difícil, cansado de enxergar performances, o professor afastou-se para um canto, acomodou-se em um banco e ali ficou a observar. Todos que se aproximavam tentavam de alguma forma se comunicar com ele, impossível daquela maneira.
Diante disso a importância da língua para a comunicação fica mais que clara. Imagino como os padres jesuítas penaram para estabelecer uma comunicação com os gentios que habitavam essa terra. Senti-me mal por alguns instantes por não poder oferecer hospitalidade melhor ao recém chegado das terras estrangeiras. Por fim, quando me preparava para ir embora, e me aproximei para a despedida, consegui me fazer ser entendido por ele. Não por uma palavra alemã que eu tenha aprendido de imediato, ou por uma expressão em inglês que ele compreendesse, mas, por um sorriso e o cumprimento com as mãos. Ao esticar a mão para o mestre, com um leve sorriso no rosto, ele sorriu, esticou sua mão e nos despedimos. Simples assim. Por um detalhe rememoriado em segundos, percebi que o sorriso ainda é universal.
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