O caso Demóstenes está sendo
falado na mídia há quase duas semanas, isso pode ser considerado um recorde
para um escândalo político no Brasil. Ou seja, se Demóstenes está na mídia há
quase duas semanas, isso é um sinal de que outro escândalo ainda não aconteceu;
tendo em vista que no Brasil um escândalo encobre o outro, geralmente num
espaço muito curto, bem menos que duas semanas.
O empresário de jogos ilegais
Carlos Cachoeira foi preso pela Polícia Federal por suspeita de "práticas
criminosas", com a participação de agentes públicos e privados. O esquema
foi revelado pelas operações Vegas e Monte Carlo, da PF.
O esquema funcionava da
seguinte forma. Empresas de fachada serviam para lavar o dinheiro do jogo do
bicho, habilidades estas que Cachoeira adquiriu com o pai, quando trabalhava no
jogo do bicho com ele, bem mais jovem. A trama desmontada pela Polícia Federal
envolve um monte de gente dita como importante no nosso país, entre elas, o
senador Demóstenes Torres, no momento sem partido político. E quanto mais a
Polícia Federal mexe, mais coisa aparece. Devido ao envolvimento com políticos,
reforma de estádios para a Copa do Mundo, entre eles o Maracanã, jogo do bicho,
dinheiro ilegal e mais um monte de coisa fora da lei, além da mídia batendo em
cima da mesma tecla, a Politicagem e a Polícia Federal tomaram seus rumos. A Polícia
Federal investiga e interroga quem está envolvido com Cachoeira. O Congresso decide
os rumos do político Demóstenes convocando-o para dar explicações. Mas na
política brasileira as coisas não acontecem assim, vai chamando e o cara vai
chegando, não. É preciso armar um circo chamado CPI, onde uma galera assina se
está de acordo com o tratamento que aquele ser humano vai receber; diga-se de
passagem, até que o próximo escândalo aconteça, é claro.
Eis então que os deputados e
senadores se reuniram em Brasília para assinar um pedido de criação da CPI do
caso Cachoeira. No final das discussões, pouquíssimos assinaram, mas então, o
que houve? Eles se reuniram para assinar e não assinaram, como assim? Não
assinaram por que estão envolvidos no processo do mensalão e em outros vários escândalos.
Ou seja, é como você condenar a pessoa que até uma hora atrás tomava café com
você e ouvia todos os seus segredos. Lembrando que essa pessoa é seu amigo, e não
é legal sujar o nome de um amigo que faz negócios com você, na tentativa de
querer provar que você nunca foi amigo dele. Sendo que todo mundo sempre viu vocês
dois juntos. É como se o Robim mandasse investigar o Batman por ele andar de
máscara na rua ajudando a polícia. É como se o Bandido da Luz Vermelha mandasse
matar o... Ah não, isso já aconteceu de verdade.
Para não instalar uma CPI que
constrangesse o amigo Demóstenes, muitos políticos do nosso país se negaram
assinar à lista que iria dar início as investigações, com a instalação de uma Comissão
Parlamentar de Inquérito. Entre eles os presidentes da Câmara e do Senado,
Marco Maia (PT-RS) e José Sarney (PMDB-AP). No fim das contas, uma grande
maioria assinou e a CPI foi criada. Ela vai acontecer, queira essa minoria que não
assinou, ou não. O requerimento foi lido ontem no plenário do Congresso
Nacional, criando assim oficialmente a Comissão Parlamentar de Inquérito. Por
fim o peemedebista Vital do Rêgo aceitou presidir a CPI do caso Cachoeira. No total
foram 396 deputados e 72 senadores que apoiaram a abertura de uma CPI, entre
eles os quatro deputados suspeitos de estarem envolvidos no esquema de
Cachoeira: Sandes Júnior (PP-GO), Rubens Otoni (PT-GO), Stepan Nercessian
(PPS-RJ) e Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO). Ou seja, já ganharam moral. São suspeitos,
como acreditam que não fizeram nada de errado, assinaram um documento que vai
investigar essa suspeita. Se for provada alguma coisa, deram um tiro no pé. Agora,
se não provarem nada, quem vai dizer o contrário?
O objetivo dessa CPI será
investigar as informações obtidas pela Polícia Federal, por meio das operações Vegas
e Monte Carlo sobre jogos de azar no Brasil. Essas investigações indicam o
envolvimento de agentes públicos e privados com o empresário de jogos ilegais Carlinhos
Cachoeira. O documento com o pedido de CPI passou na mão de uma galera, e é
claro, passou também na mão do senador Demóstenes Torres, o principal nome de
tudo isso. No momento ele está respondendo um processo no Conselho de Ética do
senado por suspeita de envolvimento com Cachoeira, por isso, não assinou o
pedido de CPI. Óbvio. E tem mais gente que não assinou ao pedido de CPI, entre
eles os réus do mensalão, os deputados Pedro Henry (PP-MT) e Valdemar da Costa
Neto (PR-SP). O deputado Zeca Dirceu (PT-PR), filho do ex-ministro José Dirceu
também não assinou nada. Lembrando que o ex-ministro José Dirceu é réu do
mensalão, além de ter prestado consultoria à empresa Delta, citada pela Polícia
Federal no escândalo que teria Cachoeira em seu comando geral. Ou seja, não vou
ferrar meu pai, e nem eu... Deve ter pensado. Por falar em mensalão, o deputado
Eduardo Azeredo (PSDB-MG), suspeito do envolvimento no mensalão mineiro, também
não assinou. Fazer o quê. Quem tem, tem medo. A lista de quem não assinou é
grande, outro exemplo; os deputados Sérgio Morais (PTB-RS) e Jaqueline Roriz
(PMN-DF), envolvidos em recentes escândalos, também não assinaram nada de
pedido para a CPI. Morais ficou conhecido por afirmar que se ‘’lixava’’ para a
opinião pública, enquanto Roriz escapou de um processo de cassação depois de
aparecer em vídeo recebendo um pacote de dinheiro de Durval Barbosa, o homem
que delatou o esquema do mensalão do DEM. Por fim, é uma laranja podre atrás da
outra, graças ao querido e bom Deus a maioria que não deve e nem teme, assinou,
e a CPI foi aberta. Abaixo segue a lista completa de quem não assinou o
requerimento de criação da CPI.
Deputados que não
assinaram: (116 no total)
Acelino Popó - PRB BA
Adrian - PMDB RJ
Aelton Freitas - PR MG
Alex Canziani - PTB PR
Anderson Ferreira - PR PE
André Zacharow - PMDB PR
Aníbal Gomes - PMDB CE
Antônia Lúcia - PSC AC
Antonio Brito - PTB BA
Antônio Roberto - PV MG
Aracely De Paula - PR MG
Arlindo Chinaglia - PT SP
Arnon Bezerra - PTB CE
Aureo - PRTB RJ
Beto Mansur - PP SP
Bruna Furlan - PSDB SP
Carlos Magno - PP RO
Celia Rocha - PTB AL
Cida Borghetti - PP PR
Cleber Verde - PRB MA
Damião Feliciano - PDT PB
Davi Alves Silva Júnior - PR
MA
Dimas Fabiano - PP MG
Dr. Adilson Soares - PR RJ
Edivaldo Holanda Junior -
PTC MA
Eduardo Azeredo - PSDB MG
Elcione Barbalho - PMDB PA
Eliene Lima - PSD MT
Eros Biondini - PTB MG
Eudes Xavier - PT CE
Fábio Faria - PSD RN
Francisco Floriano - PR RJ
Francisco Praciano - PT AM
Giacobo - PR PR
Gladson Cameli - PP AC
Guilherme Mussi - PSD SP
Heleno Silva - PRB SE
Hermes Parcianello - PMDB
PR
Hugo Napoleão - PSD PI
Inocêncio Oliveira - PR PE
Janete Capiberibe - PSB AP
Jaqueline Roriz - PMN DF
Jefferson Campos - PSD SP
João Carlos Bacelar - PR
BA
João Leão - PP BA
João Lyra - PSD AL
João Pizzolatti - PP SC
Joaquim Beltrão - PMDB AL
Jorge Boeira - PSD SC
Jorge Corte Real - PTB PE
José Carlos Araújo - PSD
BA
José Chaves - PTB PE
José Linhares - PP CE
José Otávio Germano - PP
RS
José Priante - PMDB PA
José Rocha - PR BA
Jose Stédile - PSB RS
Josué Bengtson - PTB PA
Júlio Cesar - PSD PI
Junji Abe - PSD SP
Lael Varella - DEM MG
Laercio Oliveira - PR SE
Lauriete - PSC ES
Luciano Castro - PR RR
Lúcio Vale - PR PA
Luis Tibé - PTdoB MG
Luiz Carlos - PSDB AP
Luiz Nishimori - PSDB PR
Magda Mofatto - PTB GO
Mandetta - DEM MS
Manoel Junior - PMDB PB
Manoel Salviano - PSD CE
Marçal Filho - PMDB MS
Marcelo Aguiar - PSD SP
Márcio Reinaldo Moreira -
PP MG
Marco Maia - PT RS
Mário De Oliveira - PSC MG
Mauro Benevides - PMDB CE
Mauro Mariani - PMDB SC
Natan Donadon - PMDB RO
Nelson Marquezelli - PTB
SP
Nelson Meurer - PP PR
Nice Lobão - PSD MA
Nilton Capixaba - PTB RO
Otoniel Lima - PRB SP
Paes Landim - PTB PI
Paulo Magalhães - PSD BA
Paulo Maluf - PP SP
Pedro Henry - PP MT
Penna - PV SP
Rebecca Garcia - PP AM
Roberto Balestra - PP GO
Roberto Britto - PP BA
Rogério Peninha Mendonça -
PMDB SC
Ronaldo Nogueira - PTB RS
Rosinha Da Adefal - PTdoB
AL
Sandro Alex - PPS PR
Saraiva Felipe - PMDB MG
Sebastião Bala Rocha - PDT
AP
Sérgio Moraes - PTB RS
Silas Câmara - PSD AM
Simão Sessim - PP RJ
Taumaturgo Lima - PT AC
Toninho Pinheiro - PP MG
Valdemar Costa Neto - PR
SP
Vicente Arruda - PR CE
Vilson Covatti - PP RS
Vinicius Gurgel - PR AP
Vitor Paulo - PRB RJ
Walter Tosta (PSD-MG)
Wellington Fagundes
(PR-MT)
Wladimir Costa (PMDB-PA)
Zé Silva (PDT-MG)
Zé Vieira (PR-MA)
Zeca Dirceu (PT-PR)
Zequinha Marinho (PSC-PA)
Senadores que não
assinaram: (9 no total)
Benedito de Lira (PP-AL)
Clésio Andrade (PMDB-MG)
Clovis Fecury (DEM-MA)
Demóstenes Torres (sem
partido-GO)
Eunício Oliveira (PMDB-CE)
Garibaldi Alves (PMDB-RN)
José Sarney (PMDB-AP)
Lobão Filho (PMDB-MA)
Sérgio Petecão (PSD-AC)
Do José Sarney e mais alguns
aí eu já esperava isso, esses não suportam o povo brasileiro, agora, tem gente
aí... Olha, por alguns eu não esperava. Enfim. Uma dica. Divulgue a lista e
depois a guarde. No dia da eleição procure um dos nomes que aí estão. Se encontra-lo
na lista, evite votar no elemento. Caso contrário, ele vai continuar não votando
nas coisas que interessam a você, mas sim somente a ele.
Fonte: jornalismo UOL / GABRIELA
GUEREIRO de BRASÍLIA
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