Professores de Laranjeiras do Sul - PR, pedem valorização da educação no dia 30 de agosto (fonte da imagem: portalcantu.com.br)
''Há 22 anos, no dia 30 de agosto, os professores estaduais foram às ruas numa passeata histórica. Na época, a categoria estava em greve e exigia do governo Álvaro Dias, entre outros itens, o pagamento de um direito que lhes cabia: o piso de três salários mínimos. Na esperança de abrir as negociações com o Executivo, os trabalhadores, e vários membros da comunidade escolar, caminharam até o Centro Cívico.
Ao chegarem ao local, em vez de serem recebidos pelo governo, foram recepcionados pela polícia – inclusive a cavalaria -, que os rechaçou a base de cacetetes, cães e bombas de efeito moral. A repressão deixou dezenas de feridos. Desde então, a data tornou-se o “Dia de Luto e de Luta dos Trabalhadores em Educação Pública”, na qual a categoria vai às ruas cobrar o devido respeito à educação e ao trabalho de professores e funcionários de escola''. (Fonte: fabiocampana.com.br)
Professores entram em conflito com a polícia na frente do Palácio Iguaçu em 1988 (fonte da imagem: berimbaunoticias.blogspot.com)
Segundo o professor Antonio M.S., aposentado, e afastado da sala de aula, mas não das notícias, como ele mesmo diz; ''não podemos esquecer que o que levou a tudo aquilo que aconteceu em 1988 foi a postura de alguns professores. O movimento era muito justo, mas a postura de alguns muitos foi lamentável. Professoras cuspiram na cara das policiais femininas que lá estavam. A polícia feminina chegou só para fazer a segurança do professorado. Outros professores começaram atirar paus de pedras nos PMs homens que lá também chegaram só pra acompanhar o movimento. Ninguém aguenta tudo calado. Chegou uma hora que não aguentaram e foram pra cima. Normal, afinal, foram provocados. Esses mesmos que posam de mártires hoje foram os que forçaram a barra pra cima da polícia naquele dia. Criaram um fato e esse fato já dura mais de vinte anos, sendo repetido e repetido a todo ano. O que eles querem, que a gente viva tendo dó do professorado porque apanharam em 88?''
Para a professora Maria G.C. a culpa está também em alguns professores que lá chegaram decididos a provocar os policiais: ''Lembro-me que a polícia estava nas imediações da manifestação só pra garantir a tranquilidade do movimento. Era pra isso que eles estavam ali. Como sempre acontece nesse tipo de ato público, sempre tem gente metida querendo aparecer e fazer arruaça. E foram esses professores que começaram a chacoalhar os portões da Assembleia. É claro que tinha interesse político naquele contexto todo. A oposição estava esperando que o pior acontecesse, e tudo estava levando pra isso. Lá no meio dos professores tinha gente torcendo para que surgissem feridos e gente sangrando. O Álvaro Dias é professor, e ele sempre se relacionou bem com a categoria dos professores. Os opositores conseguiram, e tudo levou a só esse lado da história. Infelizmente o que entrou para a história foi isso, o que mais convém ao grupo político adversário do Álvaro Dias''.
Professores de Cruz Machado - PR, protestam em Curitiba - PR (Fonte: sinpro-pe.org.br)
O professor Arlindo M. tem outra versão para o ocorrido. ''A história foi bem assim, a polícia agiu de má fé e com ordens do Álvaro Dias, massacrou os professores. Primeiro não deixaram a gente passar com o caminhão de som. Diziam que iríamos fazer muito barulho na frente do Palácio. E daí, é pra isso que a gente estava lá mesmo, para fazer barulho. A polícia veio e bateu num monte de gente. Depois os professores inventaram de armar barracas na frente do Palácio, a polícia veio novamente e bateu em todo mundo. A gente continuou lá e começou escurecer, aí a polícia voltou e começou a atirar bomba em todo mundo. Da janela o Álvaro Dias olhava tudo e dava risada.''
O professor José A.C. desabafa: ''Os professores apanharam sim, e apanharam muito. A polícia agiu com ordens do Álvaro Dias que ficava na janela vendo tudo e só olhando na cara dos professores. O Álvaro Dias é do PSDB, mesmo partido do José Serra e do Beto Richa. Recentemente o José Serra mandou a polícia atacar um grupo gigante de professores que estavam protestando em São Paulo. Espero que o Beto Richa não faça o mesmo no seu governo. Primeiro veio o Álvaro Dias e bateu nos professores. Depois veio o Jaime Lerner e acabou de enterrar os professores. Esses dois os professores não querem ver nunca mais, e não vão ver mesmo, assim como não vamos mais ver protestos como aquele de 1988. Aquilo sim era compromisso com a educação, diferente de hoje. Naquele tempo pedíamos melhores escolas, material didático de qualidade, merenda escolar de qualidade, condições de trabalho; hoje em dia, tudo se resume a salário. Mais nada. A maioria dos professores diz estar lutando por uma escola pública de qualidade. Diz fazer o seu melhor, mas tem seus filhos matriculados em escolas particulares. Outra coisa que já encheu é essa história de parar no dia 30 de agosto para pedir equiparação salarial. No fim das contas quem se prejudica é o aluno que fica sem aula. Salário maior não é garantia de qualidade nas aulas. Tem muito professor faz de conta por aí só esperando o salário cair no final do mês. Se o salário é o problema, então quer dizer que se um professor ganhasse 6 mil reais no início da carreira, a educação no nosso país seria a melhor do mundo? Isso não tem nada a ver. Voltando para a questão do dia 30 de agosto. Naquele dia a postura da polícia foi lamentável. Alguns dizem que os professores estavam querendo invadir a Assembleia e o Palácio do Governo, mas a gente nem conseguiu ir até lá, fomos barrados antes. Não sei se iam mesmo invadir, a ideia era fazer barulho. Aí a polícia agiu. Hoje em dia tudo é diferente. Talvez seja por isso que a educação está cada vez pior. Os alunos podem tudo e o professor não pode mais nada. Por que não fazem um protesto para pedir isso? Menos direitos para os alunos e mais direito para os professores? Por que não pedem melhores condições de trabalho, com segurança nas escolas, colocando um ou dois policiais armados ali para impedir bebida, drogas, armas e mais outras coisas? Porque estão preocupados pedindo salário. E a maioria que apoia esse tipo de manifestação é para faltar na escola num dia normal de trabalho. Digo isso porque há alguns anos atrás o dia 30 de agosto caiu num domingo. Estranhamente ninguém protestou naquele dia. Ficou todo mundo em casa quietinho. Mas na segunda feira, fizeram o tal dia de Luto e Luta. Por que não fizeram isso no domingo? Afinal, era o dia 30 de agosto. Mas não, fizeram no dia 31. Pra não ter aula? Pra não trabalhar? Pra marcar o dia de protesto num dia letivo comum? Pra encurtar a semana? Você deve saber a resposta.''
Todos os professores aqui citados estão aposentados, por isso permitiram que seus nomes fossem divulgados, mas não os sobrenomes, por medo de retalhação, segundo disseram.
Fonte: fabiocampana.com.br / berimbaunoticias.blogspot.com / portalcantu.com.br / sinpro-pe.org.br