''Quando acertamos ninguém se lembra, quando erramos ninguém se esquece''

sábado, 15 de setembro de 2012

A FORMA MAIS EXPLOSIVA de se PROMOVER UM FILME


Muçulmanos paquistaneses queimam bandeira dos Estados Unidos durante manifestação em Quetta.(Foto: Banaras Khan / AFP Photo)
Os recentes ataques de multidões muçulmanas a representações diplomáticas americanas foram desencadeados pela divulgação de trechos de um filme norte-americano de baixo orçamento que, segundo os islamitas, ofendem o Islã e o profeta Maomé. Divulgado na Internet, um trailer com imagens do filme "Innocence of the Muslins" ("A Inocência dos Muçulmanos") foi traduzido para o árabe e repercutiu negativamente em países muçulmanos. Os protestos ganharam repercussão internacional na terça-feira, dia 11 de setembro, com incidentes na embaixada americana no Egito, na cidade do Cairo. No mesmo dia, um ataque durante um protesto matou o embaixador dos EUA em Benghazi, na Líbia e outros três americanos. Foi aí que o governo norte-americano se manifestou dizendo que a justiça será feita e pelo que parece, não vai deixar barato. Confrontos violentos também ocorreram em Sanaa, capital do Iêmen, na quinta-feira, e em outros países. Na sexta-feira, dia de tradicionais orações no islamismo, houve protestos em vários países, com mais mortes ainda. O movimento fundamentalista do Talibã e a rede terrorista da Al-Qaeda prometeram "vingança" contra os americanos por conta da publicação do vídeo. Aí pronto. A Al-Qaeda aproveita o momento de ódio, por parte dos muçulmanos e incita ainda mais o movimento, divulgando falas que fortaleçam o movimento de ataque contra os norte-americanos. Juntamente com essa galera que protesta e a Al-Qaeda, outros governos de países muçulmanos, como Egito e Irâ, também protestaram.
Polícia retira manifestantes do prédio da Embaixada dos EUA no Egito, no Cairo (Foto: KHALED DESOUKI/AFP)
O filme foi dirigido e produzido por uma pessoa identificada como Sam Bacile, um corretor imobiliário israelense-americano de 54 anos, nativo do sul da Califórnia, que afirma que o Islã é "uma religião do ódio". Algumas imagens do filme estão disponíveis no YouTube. Bacile disse que a produção foi financiada com US$ 5 milhões (R$ 10,1 milhões) levantados a partir de doações de judeus, os quais ele não quis identificar. Ele afirma ter trabalhado com 60 atores e uma equipe de 45 pessoas na Califórnia, durante três meses, no filme de duas horas. "O filme é político. Não religioso", disse. O longa-metragem foi defendido pelo polêmico pastor Terry Jones, que atraiu muitas críticas no passado, especialmente por queimar um exemplar do Corão e ter se oposto à construção de uma mesquita perto do Marco Zero, em Nova York. Cenas do filme mostram uma produção desconexa, retratando o profeta muçulmano Maomé várias vezes como um mulherengo, homossexual, molestador de crianças, um falso religioso e sanguinário. Para muitos muçulmanos, qualquer representação do profeta é uma blasfêmia.
 Cena de 'A inocência dos muçulmanos' (Foto: Reprodução)
Cena de 'A inocência dos muçulmanos' (Foto: Reprodução/Youtube)
Caricaturas ou outras caracterizações feitas no passado e consideradas como insulto enfureceram muçulmanos em todo o mundo, provocando protestos e a condenações por parte de funcionários, pregadores, muçulmanos comuns e mesmo muitos cristãos. O pastor Terry Jones descreveu o filme como uma representação "satírica" da vida de Maomé. Ele disse que mostrou um trailer promocional após a realização de um "julgamento" simbólico do profeta. A Igreja Copta Ortodoxa do Egito também emitiu uma declaração condenando alguns coptas que vivem no exterior, que, segundo a igreja, financiaram "a produção de um filme que insulta o profeta Maomé". A primeira parte do filme, situada na era moderna, mostra cristãos coptas egípcios fugindo de uma multidão muçulmana enfurecida. A polícia egípcia olha enquanto a multidão quebra uma clínica onde um médico cristão trabalhava. Em seguida, aparece um médico conversando com sua filha sobre o que faz um "terrorista islâmico". Depois disso, as cenas mostram episódios históricos da época do profeta, a maioria em cenários onde os atores estão claramente sobrepostos a um fundo de deserto. Maomé é mostrado como um "bastardo" ilegítimo, como um mulherengo e homossexual. Uma cena mostra ele em um aparente ato sexual com uma de suas esposas e mais tarde com outras mulheres. Em outra cena, um sacerdote cristão se oferece para elaborar um texto religioso a partir de versos da Torá judaica e do Novo Testamento cristão para transformá-los no que ele chama de "versos falsos", uma aparente referência à gênese do Corão. Em outras cenas, Maomé é retratado como um líder sanguinário, incentivando seus seguidores a saquear lugares que eles atacam e dizendo que eles podem usar as crianças da maneira que quiserem.
Imagem do protesto em Teerã, capital iraniana, onde cerca de 500 pessoas ocuparam uma área perto da Embaixada da Suíça (foto: www.jm1.com.br - Jornal das Montanhas)

No Afeganistão, dezenas de muçulmanos protestaram de forma mais pacífica contra o filme que satiriza Maomé (fonte da imagem: operamundi.uol.com.br)
O mistério e a confusão sobre a identidade do autor ainda predominam. Bacile, nome que poderia ser um pseudônimo, decidiu permanecer oculto, segundo um colaborador, por temer por sua vida depois da explosão de violência provocada pelo filme. Na noite de quarta-feira, uma informação divulgada pela imprensa americana afirmava que um copta que vive nos subúrbios de Los Angeles, Nakula Basseley Nakula, era o proprietário da empresa produtora do filme e que ele já teve problemas com a Justiça. Documentos judiciais confirmam que Nakula Basseley Nakula foi condenado a 21 meses de prisão em 2010 por fraude bancária e que morava na localidade de Cerritos, ao sul de Los Angeles. Na noite de quarta-feira, várias viaturas da polícia estavam estacionadas diante da residência de Nakula. Dois oficiais da polícia permaneceram dentro da casa durante mais de uma hora e deixaram o local sem fazer comentários. A família se recusou a falar com os jornalistas. Mas a porta de entrada da casa, ornamentada com duas janelas semicirculares, tem uma flagrante semelhança com uma porta que aparece em várias cenas do filme, do qual é possível assistir alguns trechos na internet. Nakoula Basseley Nakoula, de 55 anos, deixou sua casa voluntariamente na madrugada deste sábado para apresentar-se a uma delegacia de polícia de Cerritos, subúrbio de Los Angeles, disse o porta-voz do xerife do Condado de Los Angeles, Steve Whitmore.

Nakoula, acusado de produzir o filme anti-islâmico, é levado de sua casa em Los Angeles neste sábado (15). Ele foi condenado por fraude bancária. (Foto: Mario Anzuoni/Reuters)
"Ele será entrevistado por oficiais encarregado da lei federal de liberdade condicional", disse Whitmore, que informou que Nakoula não está sob prisão, mas não iria retornar imediatamente para sua casa. "Ele não foi algemado em nenhum momento… Tudo foi voluntário." Em um telefonema para um bispo cristão copta, de sua religião, Nakoula negou envolvimento na produção do filme. Vários funcionários da delegacia o retiraram às pressas de sua casa e o colocaram em um carro que os aguardava. O rosto de Nakoula estava escondido por um lenço, chapéu e óculos de sol. O filme, de 13 minutos, em inglês, zomba do Profeta Maomé. Foi feito na Califórnia e circulou na Internet com vários títulos, incluindo "Inocência dos Muçulmanos". Nakoula, cujo nome a imprensa vem amplamente associando ao filme, se declarou culpado por fraude bancária em 2010 e foi condenado a 21 meses de prisão, seguidos de cinco anos de liberdade condicional supervisionada, de acordo com documentos da Justiça. Ele foi acusado de abrir fraudulentamente contas bancárias e de cartão de crédito usando números da Seguridade Social que não correspondiam aos nomes nos formulários, segundo a queixa criminal. Foi libertado em junho de 2011, e pelo menos parte da produção do filme foi feita depois de ter sido solto. Mas os termos da libertação de Nakoula estipulam algumas cláusulas de comportamentos que ele tem de seguir, incluindo o impedimento de acessar a Internet ou assumir pseudônimos sem a aprovação do funcionário encarregado da supervisão da liberdade condicional. Um alto funcionário dos EUA encarregado do cumprimento da lei indicou que a investigação sobre o cumprimento da liberdade condicional busca averiguar se ele descumpriu algumas dessas condições. Violações podem resultar no seu retorno a prisão, segundo registros judiciais.
 Milhares de manifestantes egípcios, em sua maioria islâmicos salafitas, protestaram na embaixada dos EUA no Cairo contra filme que foi considerado ofensivo ao Islã. (fonte da imagem: cinema.uol.com.br)

 Manifestantes na Faixa de Gaza protestam contra os EUA. (fonte da imagem: valor.com.br)

Muçulmanos protestam contra o filme ''A Inocência dos Muçulmanos'' em Srinagar, na Caxemira. (Fonte da imagem: domtotal.com)

Steve Klein, um consultor do filme, negou na quarta-feira o envolvimento de Israel na produção e afirmou que Bacile estava em choque com a morte do embaixador americano na Líbia, Christopher Stevens, durante o ataque ao consulado em Benghazi, onde morreram outros três americanos. A atriz Cindy Lee García, que interpreta uma mulher cuja filha é proposta em casamento a Maomé, afirmou que ignorava que o filme era uma propaganda anti-Islã. Ela disse ainda que os diálogos foram redublados após as filmagens. Segundo ela, "não havia nada sobre Maomé ou os muçulmanos" no filme que participou. A dublagem é facilmente perceptível nos 14 minutos do filme divulgados na internet, onde as palavras são grosseiramente inseridas nas sequências. Klein teme que o cineasta tenha o mesmo destino que o holandês Theo Van Gogh, que foi assassinado em 2004 depois de ter desencadeado protestos com um filme antimuçulmano. "Se aparecer em público, tenho certeza de que será assassinado facilmente", concluiu.
Fontes Consultadas: Do G1, com agências internacionais / g1.globo.com / www.domtotal.com / www.valor.com.br / www.cinema.uol.com.br / agência Reuters / www.operamundi.uol.com.br / www.jm1.com.br - jornal das montanhas / www.youtube.com / agência AFP.





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