domingo, 24 de outubro de 2010
25 de outubro - DIA DO DENTISTA
21 de outubro - DIA DO LIXEIRO
domingo, 17 de outubro de 2010
15 de Outubro - DIA DO PROFESSOR
No princípio nada era levado tão a sério, brincavam, conversavam, dançavam na sala, atiravam bolinhas de papel, quebravam as carteiras, arrebentavam com as cortinas, quebravam os vidros, batiam nas alunas mais indefesas e pouco a pouco conseguiram quebrar todas as lâmpadas do colégio. Algumas medidas foram tomadas, alguns alunos foram punidos, alguns pais foram chamados e até a polícia compareceu na escola. Passados dois dias do ‘’evento’’ tudo voltou a acontecer, e parecia que nada iria se resolver. Professores eram agredidos quando ‘’inventavam’’ de dar aula. Funcionários eram ameaçados e nada acontecia, porque os pais dos alunos mandavam na escola. E tudo continuou assim por um longo tempo, muito tempo, muito tempo mesmo.
Este é o meu relato, baseado no que vi e vivi na primeira escola que trabalhei. No ano seguinte, saí de lá e fui para outro colégio.
Neste outro ambiente, tudo novo e limpinho, pois a escola havia recentemente sido construída, o mundo parecia outro. Os alunos chegavam, entravam nas salas de aula, e assistiam às aulas com interesse. Liam o que os professores pediam para ler e faziam todos os exercícios propostos. O mundo era realmente lindo. Tudo isso durou até o dia em que um Juiz determinou que os menores infratores da região deveriam estudar ali, foi então, que o pesadelo começou novamente.
Todos os dias tinham cinco brigas no colégio, gangues entravam pelo muro dos fundos, drogas eram vendidas nos banheiros, os pais mais desesperados corriam tirar seus filhos de lá e matriculavam em escolas muito longe daquele lugar, muito longe mesmo. O tempo passou, nenhum professor ou funcionário morreu, mas muitos foram agredidos, carros foram depredados no estacionamento e o mundo agora novamente parecia outro inferno, o inferno na terra.
O pior não era sofrer tudo isso dentro de uma escola, e no fim do bimestre receber alguns pais, armados com garfo e faca, prontos para te devorar o fígado, o pior, era entrar no ônibus para ir embora e ouvir as mesmas senhoras usando brinco de prata te encarar e dizer: ‘’coitado, ele é professor’’.
Professor neste país virou sinônimo de coitado. Quando ele é massacrado em sala, ele é um coitado. Quando ele faz greve pedindo maiores salários, ele é vagabundo. Quando o filho daquele pai mal humorado passa de ano, o professor aprovou ele para se livrar do problema. Quando o filho daquele pai mal humorado reprova de ano, o professor não presta. Quando ele entra na sala e a turma fica em silêncio, ele é carrasco. Quando ele entra na sala e a turma quebra tudo, ele não tem domínio. Quando o aluno aprende algo, é por que ele repetiu a mesma coisa o ano inteiro. Quando o aluno não aprende nada, ele não tem metodologia. Quando o professor não desenvolve nenhum projeto na escola, ele é acomodado. Quando ele desenvolve algum projeto, está querendo aparecer. Quando ele tira os alunos da sala para realizar uma aula diferente, ele ta enrolando. Quando ele fica só na sala, e não sai pra nada deste mundo, ele é muito tradicional. Quando ele dá meio ponto para o aluno ser aprovado, ele menosprezou o seu trabalho, ‘’onde já se viu, o aluno tem de estudar, e não ganhar nota de graça’’. Quando ele tenta reprovar o aluno por meio ponto, ele não vale nada, é um lixo, ‘’o que que tem dar meio ponto para o aluno passar de ano? Não custa nada’’.
Esperei um bom tempo e pedi novamente transferência para outro colégio. O atual, onde trabalho hoje. Em meio a este primeiro ano de trabalho no novo ambiente, tudo transcorre normalmente. Não as mil maravilhas, mas de uma forma normal.
Normal na atual situação é considerar pai e mãe indo até a escola, por que você pediu para o filho dele ler um livro e ele não achou o livro. Se por acaso eu tivesse sugerido a leitura da Bíblia do Rei Jorge, em Latim, isto faria sentido, mas o pedido fora: ‘’leiam qualquer livro da literatura brasileira, cujos volumes estão em nossa biblioteca’’, enfim.
E por que não desisto de tudo isso e faço outra coisa na vida? Por que eu gosto de ensinar. Gosto de ver uma criança, um jovem, ou um adulto, que entra na Educação de Jovens e Adultos, crescer intelectualmente. Aprender a interpretar textos. Aprender a contar os números. Aprender quem são eles mesmos, e de onde vieram. Gosto de transmitir o pouco que li e aprendi até hoje e gosto de vê-los melhorar dia a dia. E nesta profissão que escolhi, a recíproca não é nem um pouco verdadeira; pelo menos não nas escolas que trabalhei e trabalho.
No dia dos professores não esperei homenagem, abraços, ou mesmo um parabéns dos meus alunos, isso não existe no mundo que eu trabalho. Recebi apenas os cumprimentos de dois grandes amigos, fora da escola, longe de lá, bem longe, num lugar onde eu nem me lembrava que sou professor. Na escola recebi outro tipo de homenagem. Logo que entrei na sala de aula, na primeira aula da manhâ, no dia 15 de outubro de 2010, dia do professor; peguei o giz e comecei a explicar o assunto que estamos estudando. Ao observar que um dos alunos estava com um fone no ouvido, pedi com educação para que ele retirasse aquele objeto da orelha.
_ Por favor, retire o fone e guarde._ solicitei.
O aluno me olhou e disse:
_ Vai tomar no seu cu.
Enfim, parabéns para todos nós professores que temos de agüentar isso em sala, e por pior ainda, agüentar o setor pedagógico dizer que ‘’ele não fez por mal... Ele não queria dizer aquilo’’... Mas disse, em alto e bom tom.
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
ACABOU - Fim do horário da comédia gratuita
M1 o filme
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
ELITE da TROPA 2
O CONE - capítulo 5
Enquanto dormia, o homem conseguiu ouvir lá no fundo de seus tímpanos um leve som, que vinha do mundo exterior. Despertando do sono que lhe tomava conta da alma, Bruno levantou lentamente. Colocou suas pantufas do pateta e caminhou até a porta de entrada de sua casa. A campainha estava sendo pressionada por um conhecido. Ao vê-lo, Bruno abriu a porta.
_ Bom dia._ disse com cordialidade.
_ Por que bom dia, você conhece este menino?_ gritou o vizinho enfurecido.
Bruno olhou para o rapaz e o reconheceu como o ladrão do dia anterior.
_ Sim, é o ladrão. Onde o encontrou?
_ Ladrão é sua avó, ele é meu filho, seu animal._ berrou o homem.
_ Seu filho virou ladrão agora. Que decadência. Por que não foi trabalhar na empresa do avô?_ Bruno tentou argumentar.
_ Você não vale nada. Eu vou processar você por ter agredido meu filho, seu bandido._ apontava o vizinho para o rosto de Bruno.
_ Ele entrou na minha casa. É propriedade privada. Eu não tenho nada a temer. Pode processar, mas vai perder o processo.
Diante de tal impasse, devido à firmeza que Bruno respondeu a acusação, o pai indagou o filho:
_ Você invadiu a casa dele?
_ A gente estava jogando bola na rua, time de camisa contra os sem camisa, a bola caiu no quintal dele, eu pulei pra pegar. Quando estava com a bola na mão, ele me jogou um martelo na panturrilha.
_ Era um martelo de carne, que fique bem entendido._ disse Bruno.
_ Isto não vai ficar assim, você vai pra cadeia seu animal._ repetiu o homem.
_ Ele invadiu minha casa, não posso fazer nada. O que posso fazer é lhe processar duas vezes, uma por invasão de domicílio e outra por usar palavras de baixo calão contra a minha pessoa._ respondeu Bruno.
Pai e filho foram embora, Bruno fechou a porta de sua casa e voltou para a cama. Acomodou-se em sua cama, ajeitou a coberta sobre seu corpo e quando estava quase pegando no sono, ouviu novamente um leve barulho no fundo de sua mais longínqua audição. Levantou com lentidão e caminhou até a porta de entrada de sua casa. Enquanto andava lentamente, pensou:
‘’vizinho idiota, o filho dele se passa por ladrão e a culpa é minha? Se têm alguém que deve ser preso é ele, por invasão domiciliar. Quer chamar a polícia, chame a polícia então, vamos ver, vamos ver o que ele tem a me dizer neste momento’’. Ao abrir a porta deparou-se com dois policiais, fardados, em pé, na frente dele.
_ Pois não._ a voz até afinou ao pronunciar o cumprimento.
_ O senhor se chama Bruno?
_ Sim._ respondeu o homem esticando a mão lentamente na direção dos guardas, somente esperando as algemas serem colocadas.
_ O senhor ligou para o distrito pedindo uma viatura, devido a uma invasão de domicilio, é daqui mesmo, confere esta informação?
_ Confere, mas isto foi ontem.
_ O acúmulo de serviços dificultou um pouco o nosso trânsito e nos atrasou alguns minutos._ explicou o homem fardado.
_ 24 horas de atraso. Vocês chamam 24 de atraso de alguns minutos? Nada mal para a eficiência da polícia._ debochou Bruno.
_ Então parece que não tem ladrão nenhum. O senhor quer registrar um boletim de ocorrências a respeito do que fora roubado?
_ Não, não foi roubado nada. Eu tive de jogar um martelo no ladrão, por que vocês não estavam aqui. E hoje o pai do ladrão veio até aqui tomar satisfação por isso._ Bruno começou a se exaltar.
_ Você conhece o pai do ladrão?_ perguntou.
_ Conheço, ele é meu vizinho. O ladrão disse que estava jogando bola, mas o pai do ladrão disse que vai me processar por isso._ tentou explicar.
_ Espere aí um momento. O pai do ladrão estava jogando bola e quer te processar pelo filho dele ser um ladrão?
_ Não. Na verdade... Nada disso tem sentido. Bom trabalho pra vocês. Desculpe incomodá-los._ despediu-se dos homens fardados.
_ Tudo bem então, vamos embora. Só peço que não fique aplicando golpes falsos no distrito, isto pode acarretar problemas para o senhor.
_ Sim seu guarda, da próxima vez eu vou jogar o martelo na sua cabeça._ disse Bruno.
O policial interrompeu sua caminhada, olhou para ele e disse:
_ Eu posso prendê-lo por desacato a autoridade.
_ E eu posso te processar por omissão de socorro._ disse o homem.
_ Nós não omitimos nada._ gritou o homem fardado.
_ Omitiram. Eu tenho o número do protocolo da ligação. Liguei ontem, vocês vieram hoje. E se eu estivesse morto? Quem iria responder por isso? Ninguém! Sabe por quê? Porque não interessa pra vocês se morre um ou nenhum, é tudo a mesma coisa.
_ Vou prendê-lo por desacato._ o policial anda na direção dele.
_ Toque um dedo em mim, dentro da minha propriedade, sem um mandato judicial que eu faço você perder seu emprego.
O outro homem vestindo farda o encara, e pergunta:
_ Você é advogado?
_ Sou, sim senhor._ responde Bruno.
Os dois homens se olham e dizem:
_ Vamos embora daqui. Não vale a pena estressar com este tipo de gente.
_ Não vale a pena é brigar com alguém que conhece seus direitos e deveres dentro da lei. Isto é o que é. Podem ir, briguem com quem não conhece os próprios direitos, é mais fácil de controlar desta forma.
Os homens vão embora e Bruno volta a dormir.
O DOMÍNIO DA ESCADA
terça-feira, 12 de outubro de 2010
12 de OUTUBRO - dia nacional da LEITURA
Poeminho do Contra
Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!
(Prosa e Verso, 1978 - do site releituras.com)