A partir do ano de 2009, institui-se no Brasil, através da Lei nº 11.899, o dia 12 de outubro como sendo o dia Nacional da Leitura. Sendo o foco para este dia voltado para outro tipo de comemoração, de cunho mais popular, religioso e comercial, como é o caso do dia da Criança e da Padroeira do Brasil, isto para o nosso país; enquanto outros povos o comemoram como um dia histórico, comemorado pelas ''pessoas do norte'' como o dia de Colombo, fazendo referência direta aos norte americanos dos Estados Unidos da América.
A leitura nos dias atuais pode ser considerada a fonte mais barata para aquisição do conhecimento. Os inúmeros lugares de venda, empréstimo e até mesmo doação de livros, espalhados pelo mundo, por vezes permanecem vazios, salvo quando um evento com as devidas proporções é organizado. Ou seja, dentro da realidade que vivemos hoje, onde se discute se um candidato eleito deputado federal sabe ler e escrever, a pessoa somente não lê e escreve por decisão dela mesma. As oportunidades para resolver este problema são inúmeras. O acesso aos livros, antes, tão caros e restritos, agora, praticamente surgem nas mãos daqueles que somente ouviam falar de sua existência. E mesmo assim ainda temos uma quantidade imensa de pessoas que não lêem e muito conseguem escrever o nome. Talvez por uma sucessão de problemas de má sorte que realmente tenham ocultado a chance deste ou daquele ser vivente de alcançar este bem tão valioso; ou, por outro lado, por culpa da postura apresentada quando a oportunidade surgira.
Para ler, basta começar. Não há desculpa possível de privar a vontade de ler diante de qualquer pedaço de papel que seja, contendo frases e letras soltas em suas linhas ou não linhas, digo isso, para quem sabe ler; ''encara'' um livro, e não o lê. Comprar um livro já é um começo grandioso. É um bem adquirido. Ler aquele livro será a consagração daquele tesouro. Emprestar um livro é praticamente forçar a leitura, pois o prazo para devolvê-lo exigirá por pior que seja uma passada de olhos pelo menos sobre seu título. Quem gosta de ler, lê qualquer coisa que lhe caia nas mãos. Um pedaço de livro, a metade de um gibi, uma página de um caderno de receitas, uma bula de remédio. Quem não gosta de ler, pede para a mãe ir até a escola ofender ao professor que pediu para os alunos lerem um livro como leitura complementar à matéria que estava sendo ministrada. Esta colocação pode parecer absurda, mas basta eu indicar um livro para meus alunos lerem, que no dia seguinte no mínimo três mães estarão por lá bufando e querendo gritar comigo. Isso já aconteceu quatro vezes, e mesmo assim, não parei de indicar livros para leitura. Quem não gosta de ler inventa desculpas para não ler. Quem não gosta de ler sempre vê tudo muito difícil, muito distante, muito longe da realidade que vive. Quem não gosta de ler tem dificuldades para raciocinar. Quem não gosta de ler tem dificuldades para pensar. Quem não lê nada, não consegue escrever cinco linhas que seja, sobre qualquer assunto, num papel em branco. Quem não gosta de ler não tem direito de comemorar qualquer coisa no dia nacional da leitura, quem não gosta de ler deveria começar lendo Mário Quintana.
Nascido em Alegrete, no Rio Grande do Sul, em 30 de julho de 1906, Mário Quintana foi o quarto filho de Celso de Oliveira Quintana, farmacêutico da cidade, e de D. Virgínia de Miranda Quintana. Aprendeu a ler com seus pais, aos 7 anos de idade. Em 1915, ainda em Alegrete, freqüentou a escola do mestre português Antônio Cabral Beirão, e ali terminou o curso primário. Nessa época trabalhou na farmácia da família. Foi matriculado no Colégio Militar de Porto Alegre, em regime de internato, no ano de 1919. Em 1924 deixou o colégio militar por motivos de saúde e foi trabalhar numa livraria. Pouco a pouco foi vendo seus trabalhos serem publicados. Depois da revolução de 1930 traduziu várias obras de língua francesa para a língua portuguesa, trabalhou com Érico Veríssimo e foi admirado por Monteiro Lobato, que publicou alguns dos seus trabalhos. Sem sair de Porto Alegre, Quintana fez muitos amigos entre os grandes intelectuais da época. Seus trabalhos eram elogiados por Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Morais, Cecília Meireles e João Cabral de Melo Neto, além de Manuel Bandeira. O fato de não ter ocupado uma vaga na Academia Brasileira de Letras só fez aguçar seu conhecido humor e sarcasmo. Logo que perdeu a terceira indicação para a academia, compôs o conhecido
Poeminho do Contra
Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!
(Prosa e Verso, 1978 - do site releituras.com)
Faleceu em Porto Alegre, no dia 5 de maio de 1994, próximo aos seus 87 anos. O poeta e escritor Mário Quintana publicou vários livros, escreveu muito e leu muito, disse tantas quantas frases registrou no papel, entre elas: ''O pior analfabeto é aquele que sabe ler, mas não lê''. Falou e disse... Tudo. Salve grande mestre Quintana.
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