O mês de dezembro chegou, e com ele também chega o natal, os presentes, a correria de fim de ano, os fins dos cursos, o início das férias para alguns, a oportunidade de trabalho temporário para outros, os passeios noturnos, os roubos no semáforo, as famílias brigando mais que o normal, o fim das aulas, as comidas diferentes, as promoções de queima de estoque, e os pais e mães ignorantes; que vão até os colégios ofender aos professores, e ameaçar de processo o ambiente onde o filhinho indefeso de 16 anos diz que estuda.
O infeliz não faz nada o ano inteiro, mas agora, na porta da degola vê que vai reprovar de ano, então tenta de todos os meios para reverter a situação; e uma das estratégias usadas é essa, pedir que o papai, ou a mamãe, vá até o colégio falar com aquele ''professor desgraçado'', ou aquela ''professora puta'', que ''o perseguiu o ano inteiro e o deixou de recuperação'', coitadinho. O pior não é isso, o pior é que esses pais bostas, vão e lutam pelo ''direito do filho de ser aprovado''. Afinal, coitadinho.
No meio dos discentes temos três modelos de alunos. O primeiro modelo é o exemplar. É aquele aluno que estuda, anota tudo e tira todas as dúvidas. Pronto, não há mais o que falar dele. Ele é modelo para qualquer um. E a escola que ele frequenta não faz diferença alguma na vida dele, tanto como prédio ou nome de intituição; pois o professor está lá, e ele raciocina dessa forma onde estiver. O professor fala. Ele está escutando. Ele não entendeu, tudo bem, ele levanta a mão e pergunta. Anota o que foi dito. E quanto chega em casa, pega um livro para estudar àquilo que foi passado na aula. Esse aluno lê a matéria da semana inteira, no domingo a tarde, e chega na escola com as dúvidas anotadas no caderno. Como na maioria das vezes o restante da turma não está nem aí para a figura do professor, esse aluno esperto utiliza essa lacuna na aula, para indagar o mestre e tirar suas dúvidas. Muitos podem pensar que esse aluno não existe mais, mas ele existe aos montes. Para identificá-lo dentro de uma sala de aula é muito fácil, ele nunca é visto portando um celular ou um fone de ouvido no ambiente de estudo, muito menos na frente do professor. Geralmente esse aluno já consegue ser aprovado no terceiro bimestre. Nas reuniões realizadas nos colégios, são as mães e os pais desses alunos que comparecem à escola.
O segundo modelo é o tipo João sem braço. É aquele aluno que vai para a escola todos os dias, mas poucas vezes faz alguma coisa. O que ele faz é somente ''o suficiente pra passar de ano e não ter problemas com a família''. Nas reuniões, os pais desses nunca vão, mas quando pressionados pelo corpo pedagógico aparecem na escola para dizer que ''não sabiam que a coisa funcionava daquele jeito''. Ou ainda dizem; ''Eu não sabia que a coisa estava desse jeito com meu filho. Por que vocês não me avisaram?''. Se a atividade vale poucos pontos, ele não faz, agora, quando vale bastante nota, daí ele se esforça para fazer. No final do ano, sempre passa raspando, mais, ele passa.
O terceiro tipo é o aluno volume. Ele chega atrasado todos os dias, sem uniforme e mexendo no celular. Senta na carteira e coloca o fone no ouvido. Nunca olha para o professor, pois está mexendo no celular e escutando sabe lá o que no seu fone. Se o professor fala com ele, ele olha e sorri, como se tivesse ganho alguma coisa, mas na verdade, não sabe o que está acontecendo ao seu redor. Ele tem problemas de saúde? Não. Ele apresenta algum quadro com problemas de aprendizagem? Não. Ele só é o mimadinho da mamãe e do papai, pois ''tudo que ele pede, ele ganha''. Os pais dele nunca aparecem no colégio para reunião alguma, e nem mesmo quando são chamados uma ou duas vezes. Depois de serem chamados por mais de cinco vezes, daí aparecem na escola, e sem perguntar o que acontece com seus filhos, já vão ofendendo aos professores dizendo que ''estavam trabalhando e que eles tem mais o que fazer do que estar ali''. Ou ainda: ''Se vocês professores não tem o que fazer, vão procurar serviço e pára de me encher o saco''. O aluno nunca tem caderno nem livro, embora tenha ganho os livros didáticos no início do ano, fornecidos pelo Governo do Estado. Lápis e caneta não existem. Mochila, tem, mas carregam ali dentro os aparelhos eletrônicos que levam para a escola. Provas, dificilmente terminam uma, ou entregam com alguma coisa feita. Os exercícios quando entregues, vem em branco. Não há esforço e nem interesse em melhorar, somente celulares a mexer, segundo a segundo. E são esses que foram gerados pelos pais bostas.
O professor se irritou com um aluno durante uma aula, pois este mexia muito no celular e estava atrapalhando os demais colegas, mostrando fotos na internet, baixados na hora, durante a aula. Para que não houvesse maiores problemas, o professor recolheu o celular do infeliz. Pronto, estava armada a guerra. O celular foi entregue à pedagoga para ser devolvido no final da aula. O regimento interno da escola diz que é proibido entrar com celular dentro do ambiente da escola, mas ele levou, ''porque a mamãe disse que ele deveria levar para alguma emergência'', e assim ele fez. A partir do momento que o celular da belezura é recolhido, a mãe aparece na escola com um punhal na mão. E vai para cima do professor, como se Ele tivesse acabado de cortar um pedaço da orelha do Papa. Xinga, ofende e ameaça o professor, pois segundo ouvi dela: ''Eu comprei o celular para minha filha e ela usa onde ela quiser, não é um lixo como você que vai proibir minha filha de usar o celular''. Essa mãe é uma bosta. Digo sem titubear, uma Bosta de gente com um pensamento capitalista dentro do conceito do ''comprei é meu'', ao mesmo tempo com um sentimento de liberdade condicionada, onde, ''que se exploda o mundo ao meu redor, eu quero atualizar meu perfil no facebook, afinal, sou livre para isso''. ''E que dane as regras da escola e do país, eu quero, eu faço''. O que mais me intriga é que um ser humano como esse se for atrás do direito de querer atrapalhar a aula do professor, é capaz de conseguir ganho de causa. Afinal, não me espanto com mais nada nesse País.
A aluna apresenta notas baixíssimas para alcançar o índice de aprovação. É feita uma recuperação com ela. Ela se nega a fazer qualquer coisa. O corpo pedagógico tenta passar atividades, ela se nega a fazer. Os professores então tentam atividades diferenciadas, utilizando desenhos e imagens de filmes, não tem jeito, a aluna, com o consentimento do pai, prefere ficar dormindo em casa do que ir para a escola. E assim faz. Não aparece mais. Chegamos no fim do ano. A aluna, agora toda cheia de razão, aparece na escola acompanhada do papai, vestindo camiseta cavada, pois assim intimida mais ''os professores ruins que ela teve o ano inteiro'', ou pelo menos quando ela foi para a escola. Na frente do corpo pedagógico e dos professores, papai diz: ''se minha filha reprovar nessa escola, eu vou até a ouvidoria e processo a escola''. Que vá. Ele vai quebrar a cara, pois o processo nesse caso já está ganho para a escola, pois a infeliz tem 90% de faltas durante o ano. Mas o problema não é esse, o pai bosta ir até a ouvidoria ou entrar com um processo contra a escola, o problema está nesse cara ser justamente um Pai Bosta. Um bosta que defende a filha que ele mesmo deixou dormindo o ano inteiro em casa, e agora tem a cara de pau de querer exigir alguma coisa para uma guria de quase 17 anos, que não trabalha e não tem a decência de admitir que cometeu um erro, e não há como passar de ano por nota, justamente por que não produziu nenhuma nota. Que porcaria.
Em inúmeros outros exemplos de Pais Bostas, temos nesse período de dezembro, agressão à professores, tanto físico como verbais, ataques a carros de professores, ataques aos funcionários de Secretaria de Colégios, ameaças de processo, de vudu, ou até mesmo de morte. Quanto ao primeiro grupo de alunos, é isso que gera a satisfação de continuar sendo professor. Quanto ao segundo grupo de alunos, é isso que mantém a malandragem no mundo lá fora. Quanto ao terceiro grupo de alunos, e seus pais maravilhosos, é isso que gera a cada dia a certeza de que a baderna nesse país está longe de acabar, pois, a cada vitória de um pai bosta, em defesa do seu ''filhinho coitadinho indefeso'', os baderneiros do mundo comemoram gritando: ''vem aí mais um pra nossa turma vida lôca''.
Obs.: todas as frases e palavras que estão entre aspas nesse texto, foram ouvidas da boca de pais e mães no ambiente escolar, enquanto defendiam seus filhos. A última frase entre aspas foi dita na porta do colégio por um irmão mais velho que esperava por seu parente.
Obs.: todas as frases e palavras que estão entre aspas nesse texto, foram ouvidas da boca de pais e mães no ambiente escolar, enquanto defendiam seus filhos. A última frase entre aspas foi dita na porta do colégio por um irmão mais velho que esperava por seu parente.
Fonte da Imagem: google.com
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