''Quando acertamos ninguém se lembra, quando erramos ninguém se esquece''

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O aluno pode faltar à aula, mas o CELULAR não

A discussão sobre celular em sala de aula, mp3, mp4, mpg, ''m uai nirause'', e outras tantas coisas que existem por aí está em voga novamente. Então surgem pesquisas do tipo, um repórter ridículo que pega o seu microfone, sai a rua, entra no pátio de uma escola, e pergunta para os próprios alunos se eles concordam ou não com os fones de ouvido e celulares em sala de aula. 100% dos alunos respondem, sim, a gente concorda que continue assim, este mesmo repórter ridículo leva esta pesquisa com credibilidade mil até uma emissora de televisão e os filhos de papai e mamãe divulgam isso, como se fosse o certo. Pelo amor de tudo, que porcaria é essa??? Pergunte para os professores o que eles acham disso. Pergunte para os coitados dos professores que tanto perdem tempo preparando aula, se importam com este aluno que não está nem aí para o cara que está lá na frente tentando ensinar algo para ele, pois, este mesmo aluno está ouvindo musiquinha no foninho de ouvido. E o pior é ouvir os pais que dizem: ''o celular é importante por que pode acontecer uma emergência e não teremos como avisar nossos filhos''. Pára com isso. Ligue pra escola, peça pra avisar, pelo amor de Deus. Aí vem um aluno e diz: ''minha mãe já ligou pra escola, mas eles não deram o recado''. Eu fui apurar que tipo de recado era, e descobri. O recado compreendia tal mensagem: ''quando Eduardo sair da escola, peça pra ele passar na padaria e comprar cinco ''pãos'' (estava anotado assim), por que estarei na vizinha olhando guardanapos para comprar''. Pelo amor... Não penso em dizer mais nada.

O Rio de Janeiro tomou providências para o uso de celular em sala de aula seja proibido. O governador Sérgio Cabral sancionou a lei 5.222, que proíbe o uso de telefones celulares nas salas de aula das escolas públicas estaduais. A lei foi publicada no Diário Oficial do governo do Estado no início de 2008.

''LEI n.° 4.734, de 04 de janeiro de 2008
O Presidente da Câmara Municipal do Rio de Janeiro nos termos do art. 79, § 7.°, da Lei Orgânica do Município do Rio de Janeiro, de 5 de abril de 1990, não exercida a disposição do § 5.° do artigo acima, promulga a Lei n.° 4.734, de 4 de janeiro de 2008, oriunda do Projeto de Lei n.° 1107, de 2007, de autoria da Senhora Vereadora Pastora Márcia Teixeira.
LEI n.° 4.734, de 04 de janeiro de 2008
Proíbe a utilização de telefone celular e outros em sala de aula.
Art. 1.° Fica proibido o uso de telefone celular, games, ipod, mp3, equipamento eletrônico e similar em sala de aula.
Parágrafo único. Quando a aula for aplicada fora da sala específica, aplica-se o princípio desta Lei.
Art. 2.° Fica compreendida como sala de aula todas as instituições de ensino, fundamental, médio e superior.
Art. 3.° Deverá ser fixado em local de acesso e nas dependências da instituição educacional, nas salas de aula e nos locais onde ocorrem aulas, placas indicando a proibição.
Parágrafo único. Na placa deverá constar o seguinte: "É PROIBIDO O USO DE APARELHO CELULAR E EQUIPAMENTO ELETRÔNICO DURANTE AS AULAS - LEI n.° 4.734, de 4 de janeiro de 2008"
Art. 4.° Em caso de menor de idade, deverão os pais serem comunicados pela direção do estabelecimento de ensino.
Art. 5.° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Câmara Municipal do Rio de Janeiro, em 04 de janeiro de 2008
Vereador ALOISIO FREITAS''(fonte: colégio Pasquale Constantino - 22/01/2008)

Antes do Rio de Janeiro aprovar a lei contra celulares em sala de aula, os Estados de Santa Catarina e São Paulo aprovaram leis semelhantes em suas Assembleias Legislativas. A lei que proíbe o uso de telefones celulares nas salas de aula catarinenses partiu do gabinete do deputado Antônio Aguiar (PMDB), autor do projeto, onde este político recebeu dezenas de e-mails em apoio à iniciativa. A justificativa do projeto, é de que o uso do celular no ambiente escolar compromete o desenvolvimento e a concentração dos alunos e que são preocupantes os relatos de professores e estudantes de como é comum o uso do aparelho dentro das salas de aulas. Ou seja, só tem condições de falar sobre o assunto quem vivencia o drama todos os dias em sala de aula; o professor. O que me irrita são críticos e pseudo teóricos da educação que nunca entraram numa sala de aula para ministrar uma aula, não sabem o que é ser agredido verbalmente por um aluno, e não tem a mínima ideia do que é perder a voz tentando encontrar um futuro para o outro, e não para si próprio, dentro das atribuições de suas funções.
A proibição dos aparelhos eletrônicos, incluindo celulares, em salas de aula já vinha sendo adotada em vários estabelecimentos de ensino de Santa Catarina, antes mesmo da lei ser votada. Isso mostra o drama diário de todos os profissionais da educação preocupados com o ensino aprendizagem. Outro projeto, no mesmo sentido, havia sido aprovado em julho de 2007 no estado de São Paulo. Após a votação da lei, o Sindicato das Escolas Particulares de Santa Catarina divulgou circular recomendando que suas afiliadas não permitam o uso do telefone dentro de suas dependências. ''Chamadas urgentes devem ser feitas para as secretarias''. Nilson da Silveira, diretor pedagógico do Colégio Energia, conta que o manual do aluno também já deixava claro que não é permitido atender, manipular ou manusear o aparelho em sala de aula. ''Atender celular em sala é motivo para exclusão da aula. É claro que celular em sala de aula atrapalha, assim como em teatro, igreja ou cinema'', compara.(fonte: jornal diário Catarinense - 21/12/2007)

É muito fácil a imprensa se unir aos pais, basta colocar os alunos como crianças inocentes, que não sabem o que fazem e que sempre tem boas intenções. Não é bem assim. Alguns profissionais insistem em chamar jovens dos 15 aos 18 anos de crianças. Vemos notícias de crianças com doze e treze anos que manipulam muito bem uma arma e cometem crimes, estes jovens adolescentes sabem exatamente o que fazem, tem raciocínio perfeito, conhecem o que é certo e o que é errado, mas não tem o costume de seguirem regras. A discussão sobre celulares e aparelhos eletrônicos em sala de aula ainda vai longe. No Estado do Paraná as escolas trabalham com uma espécie de regulamento interno de cada instituição, pois o projeto de lei ainda está tramitando na Câmara dos Deputados e na Assembleia Legislativa do Paraná. Neste Estado a possível proibição dos telefones celulares em sala de aula ainda gera muita polêmica em qualquer lugar que o assunto é colocado em pauta. Professores, pais e estudantes se dividem numa espécie de torre de babel das opiniões.
Na esfera federal, o projeto de proibição destes aparelhos eletrônicos resume-se apenas as escolas públicas, no Paraná, se esta lei estadual for aprovada, os celulares e demais aparelhos eletrônicos estarão proibidos tanto na rede pública quanto na rede privada de ensino.
O jornal Gazeta do Povo apresentou uma reportagem em 2008, citando o Colégio Estadual do Paraná (CEP), o maior do estado, onde os celulares já são proibidos em sala de aula. Mas, mesmo com as proibições os estudantes continuam levando os aparelhos para a escola. Segundo a estudante Isabela de Lima, os alunos conhecem a regra, mas ninguém respeita. “Que é proibido todo mundo sabe, mas todos carregam e não estão nem aí. Todo mundo usa mesmo”, diz.(fonte: Gazeta do Povo on line - 20/02/2008)

Diante do apresentado, voltamos para aquele profissional que não está em sala de aula todos os dias e por isso não tem experiência e frustração suficiente para formular perguntas pertinentes que levam a um convencimento da classe docente. Ou seja, voltamos para o repórter que produziu uma nota considerada a menina dos olhos de todos os papais e mamães que defendem o filhinho que tanto amam. O repórter fez perguntas aos alunos e aos pais, montou sua reportagem em cima destes dados coletados, enfim, o que pode ser pior; perguntar para os alunos se eles querem continuar com celulares e joguinhos em sala de aula, ou perguntar para um professor se ele gosta de ser palhaço todos os dias, em todos os horários. Com certeza os alunos irão sensibilizar muito mais a opinião pública do que ''estes professores que são um bando de vagabundos, que só pensam em fazer greve e não gostam de trabalhar'', como me disse uma mãe dias atrás, enquanto eu esperava o ônibus pra voltar pra casa. É incrível como esta profissão está cada vez mais bombardeada, destruída e desmotivada, e o pior de tudo, somos massacrados por aqueles que não tem nem meio por cento de noção do que nós professores enfrentamos em sala de aula todos os dias, para tentar dar um futuro aos filhos dessa sociedade ocupada que vivemos. O mais incrível é pensar que todos aqueles que hoje arrebentam com os professores, um dia tiveram que passar pelas mãos de um, pelo menos para conseguir ler o que aqui fora escrito de forma tão dolorida.

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