PROFESSOR indo ao cinema em CURITIBA, por Vandré Segantini

Na gestão anterior, o governo do Paraná aprovou uma lei que dá direito aos professores da rede de ensino pagarem meia entrada em eventos realizados no Estado. Uma carteirinha foi distribuída a todos os docentes e desde então tudo parecia favorecer nossos salários maravilhosos. Mas, como nem tudo pode caminhar sem a rede privada, esses privados começaram a dificultar as coisas. Fui com minha mulher ao cinema e somente com a carteirinha em mãos não podemos entrar na sala de projeção pagando meia entrada. Era preciso um documento pessoal. Naquele dia não assistimos filme algum. Em outra ocasião, somente um documento pessoal não permitiria a nossa entrada no cinema. Desta vez fizemos uma denúncia em nome dos responsáveis pelo cinema, mas, como todo mundo que tem dinheiro nesse país, nada aconteceu com tais responsáveis. Na última tentativa que fizemos de assistir a um filme, nesse mesmo shopping, considerado burguês, solicitaram além da carteirinha e de dois documentos pessoais, um contra-cheque, para provarmos que somos professores da rede de ensino. Em nenhum outro shopping da cidade, não considerado burguês, fomos barrados; somente com a carteirinha sempre tivemos acesso ao cinema, mas, nesse último, não tem conversa. Por mais uma vez denunciamos o lugar, mas nada ocorreu. Salve a burguesia que está acima de todas as leis e possui os direitos de colocar em cartaz os lançamentos de filmes que chegam na cidade. Nos lugares não considerados burgueses, os filmes entram em exibição depois que saem de cartaz do miolo da burguesia. Das duas uma, ou eles acreditam que os professores são tão inferiores que não merecem ocupar suas lindas salas de cinema pagando meia entrada, ou eles acreditam que os professores ganham tão bem que não há necessidade de pagar 24 reais, meia entrada, para assistirem a um filme, quando todos tem condições de pagar 48 reais, entrada inteira, para assistirem a esse mesmo filme. Dentro das reais circunstâncias é melhor esperar lançarem tais filmes em dvd, ou passarem na televisão. E o que mais me irrita no fim de tudo isso são os burgueses cretinos dizerem que os professores não se atualizam e não consomem cultura nesse país. Nós tentamos, mas a burguesia não facilita as coisas.