''Quando acertamos ninguém se lembra, quando erramos ninguém se esquece''

domingo, 11 de setembro de 2011

MATEUZINHO, a saga

Eu e minha mulher estávamos na rodoviária esperando o ônibus que nos levaria de volta para casa. Quando menos esperávamos uma desconhecida caminhou até a gente e solicitou que olhássemos pelo seu filho que iria viajar sozinho no mesmo ônibus. Achamos muito estranho num primeiro momento, pois não conhecíamos aquela mulher. Tudo ficou claro quando vimos que ela pedia a mesma coisa a todos que por ali estavam. Ficamos apreensivos esperando pelo tal Mateus, chamado por ela de ''Mateuzinho'', filho único, e totalmente grudado na saia da mãe. Imaginamos se tratar de um menino de 12 anos que viajaria com um RG nas mãos sendo cuidado por todos os ocupantes do ônibus, mas quando ele chegou, todos pararam de imaginar.
O tal ''Mateuzinho'' tem 33 anos e acabou de ser aprovado no vestibular da Faculdade Federal do Paraná. Viajava para sua primeira aula, e para desespero da mãe, que nunca se afastou do filho antes na vida, ele iria ficar dois dias fora de casa. Morar na mesma cidade onde fica a faculdade, nunca; a mãe de Mateuzinho prefere que ele vá e volte todos os dias, é mais seguro para ela e para ele, segundo contou a todos.
O ''menino'' entrou no ônibus e quando viu que o banco ''comprado'' por sua mãe, estava ocupado, seus olhos encheram de água. Na mesma hora a mãe dele gritou aos quatro ventos para o senhor que ocupava o banco alugado por ela no guichê da rodoviária.
''_ O senhor pode dar a gentileza de sair daí, pois aí é o lugar do meu filho!''. O velho levantou lentamente e caminhou até o lugar que indicava sua passagem. Enquanto se deslocava para o banco correto, a mãe de Mateuzinho ainda falava para todos ouvirem: ''_ Meu filho tem fobia, ele precisa ir na janela, ele tem fobia de corredor, ele não pode ficar no corredor, ele tem fobia.'' A mulher deu cinco beijos no filhinho e foi saindo de costas. Chorava pela separação. Mateus apoiou a mão na cortina da janela e ao soltar o peso do braço no tecido, arrancou o velcro que na cortina existia. Na mesma hora, disse sua mãe: ''_ Mateuzinho, pára!''. Antes de deixar o ônibus a mulher parou próxima a outro casal e comentou: ''_ É duro, ele vai sair para fazer faculdade. Talvez seja bom pra ele, mas acho que não vai ser não. Eu quero que ele fique comigo, mas ele insistiu que quer ir ver como é lá... Então, deixei, mas não vai ser bom pra ele não.'' Durante a viagem Mateuzinho resmungou por longos 543 quilômetros.

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