''Quando acertamos ninguém se lembra, quando erramos ninguém se esquece''

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

MENTE que martela dentro da HONESTIDADE que me definha POUCO a POUCO no mundo sem respeito que vivemos ATUALMENTE

Eu estava em casa, como sempre acontece quando não estou na rua, então, quando menos esperava o telefone tocou. Eu não queria atender ao telefone, até porque não me lembrava que eu tinha um telefone em casa, devido a quantidade de dias que ele fica sem tocar. Ansioso para saber o que era, pois alguém estava ligando para ele, corri até o centro da casa; pois acreditei que dali seria mais fácil de visualizar a posição exata do telefone. Encontrei-o ao lado da porta de entrada do banheiro. Atendi sem perder tempo. Logo que retirei ele do gancho e coloquei o mesmo próximo a orelha, ouvi o interlocutor falar em voz baixa:
_ ''Oi, eu já estou com a caixa, você pode me encontrar na esquina do banco?''
Sem saber o que dizer, só tive uma reação:
_ Sim._ respondi sem pensar.
Ele desligou o telefone. Sinistro, muito sinistro isso. Que caixa seria aquela? Que banco seria aquele? Tomado pela curiosidade e pelo senso de honestidade, aquilo ficou martelando na minha mente. Eu deveria ter dito que era um engano, que não conhecia caixa nenhuma e que nada estava acontecendo na minha vida para que eu precisasse sair de casa e ir até o banco. Mas, como não identifiquei o número que me ligou, fiquei a pensar. Depois de muito ''martelar'' meus pensamentos, decidi sair de casa e andar oito quadras até o banco mais próximo do lugar onde moro. Tudo para pedir desculpas a um cara que vai estar lá com uma caixa na mão. Pensando que isso poderia render uma história de detetive, levei minha máquina fotográfica no bolso. Na metade do caminho vi um carro queimado estacionado próximo a calçada da rua. Parecia estar ali há vários dias, mas logo me lembrei que ontem a noite quando eu voltava do trabalho e por ali passei, nada ocupava aquele lugar.

Não demorou muito e cheguei na esquina onde fica o tal banco. O lugar estava tomado de polícia, pois alguma coisa estranha havia sido encontrada por ali. Ao perguntar para um dos curiosos que lá estavam, fui informado que um velho prédio existente na outra esquina, no caso, atrás de onde eu estava, onde ninguém nunca desconfiou de nada, funcionava um bingo clandestino. Sinistro, muito sinistro. Por isso todos estranhavam a movimentação naquela possível imobiliária. Pensavam, como podem ter tanto dinheiro para comprar ou alugar tanto assim. Sinistro, muito sinistro.

Cheguei ao lugar onde estava indo com alguns minutos de antecedência. Mas, logo pensei, antecedência do quê? Quem estava me esperando? Por que eu fui até lá? Enfim, a pessoa que me ligou não me conhece e eu não o conheço. E quem poderia me dizer que aquele era o banco que ele estaria? Por fim, fui ao único banco que fica perto da minha casa. O banco fica no final de uma rua que só vem, quem entra é contramão, e existe placa pra caramba informando isso naquele lugar. De longe fiquei observando a movimentação na frente do banco, e nada acontecia. Mas, na rua a minha frente, acontecia muita coisa. Cada cinco carros que passam por ali, quatro não estão nem aí para as placas, e entram na contramão, sem pensar uma vez que seja. Parecem os donos da rua, como se os outros fossem só os outros, e não cidadãos que dividem o espaço coletivo. Fiquei ali por quase uma hora, e nenhum carro da polícia apareceu para multar ou repreender qualquer motorista infrator que fizesse tal caminho. Do meu celular liguei para o 190, mas fui informado que se não há vítimas, eles não vão até o local. Dito isso, resta-nos esperar que alguém seja atropelado, aí eles vão até lá e resolvem esse problema de desrespeito no trânsito.

Nada aconteceu. Não vi caixa nenhuma. Não vi pacote algum. Não vi ninguém suspeito, a não ser minha pessoa, que de tanto ficar parado observando a entrada de um banco, poderia num determinado momento despertar qualquer suspeita. De quem? Sei lá. Eu só queria me desculpar por ter dito um simples ''sim'', para uma pessoa que eu nunca vi, e provavelmente, nunca vou ver na minha vida. No meio do caminho pensei em várias alternativas para chegar próximo ao cara que estaria segurando uma caixa na mão, e dizer a ele, olha, eu te enganei, não te conheço, eu só disse sim. Sei lá. Talvez não seria convincente. Isso sim poderia render uma história de detetive, por enquanto, nada feito. Perdi metade do meu dia no cumprimento dos meus afazeres. Ganhei boa parte da saúde fazendo uma grande caminhada de 16 quadras. Colhi ideias para alguma coisa que não sei ainda o que é. Tudo em um raio de poucos metros. Por fim, dormi com a consciência tranquila, pois fui até lá e ele não estava. Eu fiz a minha parte.

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