Quando Steven Spielberg pediu uma bicicleta para seu pai, e o seu progenitor deu-lhe uma câmera, porque uma bicicleta não era seguro naquela cidade onde moravam, tendo em vista as ruas pouco movimentadas e o marasmo do lugar; mal sabia que ele estava mudando a vida de um garoto. Spielberg fez vários filmes com seus amigos, e sempre foi maluco por histórias com extraterrestres. Em 1981 criou a produtora Amblin. Nesse mesmo período ele fazia E.T., por isso o logotipo da produtora ficou um menino numa bicicleta carregando um bicho estranho, no caso um extraterrestre. O diretor do filme Super 8, J.J. Abrams; sabia da paixão de Spielberg por esse assunto, alienígenas, por isso, não tinha a quem mais recorrer a não ser para o próprio Spielberg, em busca de apoio para a produção do seu filme. Parece que se você escreve um roteiro e pretende produzir um filme com o apoio de Steven Spielberg, é só colocar um extraterrestre no meio da história que ele banca a produção.
A história do filme se passa quando Joe, interpretado por Joel Courtney, que perdeu a mãe talvez num acidente, isso não fica bem claro no filme, não consegue entender por qual motivo o seu pai, que é o delegado da cidade, odeia tanto o vizinho. Esse menino Joe está ajudando seu melhor amigo a fazer um filme. Um filme caseiro, com equipamentos modestos, e um roteiro inacabado, cujo objetivo é participar de um festival de vídeos da cidade. O pai do menino Joe também não gosta que o filho ande com esse amigo metido à cineasta. Percebemos logo que se trata de uma pequenina cidade do interior dos Estados Unidos, talvez em meados dos anos 80, onde a informação é coisa rara. Os meninos descobrem informações em revistas velhas e o que passa na televisão, nada mais que isso. Não encontramos os nerds que atualmente brotam do chão. O amigo de Joe chama uma garota para participar do filme, ela aceita. Joe é fascinado por ela, aí nasce um problema, o amigo que a chamou, também está apaixonado por ela. Isso até parece que vai abalar a amizade dos dois, mas no final, tudo se resolve. O filme que estão produzindo tem a ver com ataque de zumbis. Muito sangue utilizado com efeitos especiais caseiros. E durante uma madrugada, enquanto estavam filmando na velha estação de trem, uma caminhonete bate de frente com a locomotiva que passava. O trem descarrilha e explode inteiro. Pedaços de uma espécie de cubo mágico se espalham por todos os lados. Ninguém entende nada. Os garotos e a garota sobrevivem. Decidem ir embora e não contar nada a ninguém. E assim fazem. Para surpresa de todos os moradores, o exército e a aeronáutica invadem o lugar, e começam ocultar informações da população. Lentamente vão limpando a área. Procuram por vestígios de algo misterioso, que ninguém sabe o que é, mas todos desconfiam.
Genial, até aí. O filme poderia muito bem acabar no posto de combustível. Quando o xerife da cidade vai abastecer seu carro, alguma coisa acontece e ele desaparece. Pronto. Ponto final e acabou, mas não. O diretor quis ir além, aí virou bagunça. É uma mistura de nada com coisa nenhuma, onde tem gente correndo para todos os lados e um E.T., uma espécie de caranguejo nervoso, mais parecido com um predador estrábico, solto na cidade.
As cenas até aí são marcantes. Você fica ligado na tela sem desgrudar os olhos em momento algum. A partir de então, entra em cena um bicho, uma espécie de extraterrestre que escapou do trem que bateu na caminhonete. O bicho se esconde nas árvores, o que agora já parece um predador invisível, e tem uma cara de aliem modificado. Ele se movimenta com um monte de pernas, num misto de caranguejo com aranha marrom, sabe lá Deus. E daí aparece gente fardada de tudo quanto é lado. Tanques de guerra. Metralhadoras, gente presa que não tem nada a ver com o negócio. E ninguém sabe o que está acontecendo. O policial é preso, a menina some, o pai maluco fica mais maluco ainda e tudo caminha para um final destruidor. Quando tudo parecia que iria acabar mal para o garoto Joe, entra em cena o dedinho do Spielberg na história. Assim como Eliot falou com o alienígena no filme E.T., em Super 8 Joe dá uma lição de moral tão estranha no bicho feio que tudo se resolve com uma simples conversa olho no olho.
No final, no melhor estilo Spielberg, alguns quilos de metal se juntam para formar uma nave alienígena. O bicho obedece a Joe e ‘’carpe o gato’’ da terra. Tudo muito perfeito, com gente pegando na mão de outra gente, e com direito a abraço de pai e filho, e de filha com pai. Tudo certo, tudo amarrado para um final explosivo, carregado de soldados com boina azul e um monstrengo de 8 patas subindo e descendo do ônibus.
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