O estresse gerado numa simples ida até o MERCADO

Domingo, dia de comprar comida para a semana. Sabe aquele dia que você sai de casa e pensa: ''será que vou ficar calmo assim, quando estiver caminhando de volta pra casa?'', a pergunta fica no ar. Para ironia da vida, a resposta sempre é NÃO. Por qual motivo o ser humano lá fora insiste em tirar a gente do sério? Por qual motivo o outro indivíduo, que também divide o mesmo oxigênio que eu, insiste em querer brigar? Por qual razão existe tanto infeliz nesse mundo? As perguntas, que por alguns segundos podem parecer filosóficas, na verdade adicionam cargas estranhas, de energias mais estranhas ainda, à mais recente crise de indignação de um ser humano comum. Nesse caso, EU.

Ao chegar ao supermercado, com o dinheiro contado nas mãos, diga-se de passagem, observo duas coisas nos produtos que pretendo comprar, validade e preço. Pobre é assim, não posso evitar. Os infelizes do supermercado colocam preços atrativos a 1,99; 2,99; 3,97; 4,38, bem imbecil isso, diga-se de passagem. Por qual motivo culpo os cretinos de cometerem gestos imbecis quanto aos preços dos produtos? Vejamos. Se o produto custa 1,99, coloque um centavo no caixa para a funcionária voltar de troco para o cliente; isso é mais que óbvio, mas não, o que acontece, o supermercado quer ganhar em cima do um centavo. Alguns podem pensar assim: ''ah, mas é só um mísero um centavo'', sim, concordo, mísero se isso só acontecesse com você uma única vez na vida; mas acontece com centenas de pessoas que passam por ali todas os minutos, todas as horas, todos os dias, toda a semana, todo o mês, todo o ano, e assim o supermercado vai ganhando bastante em cima do seu um centavo, que no final do mês gera uma sobra de dinheiro considerável para a burguesia. Façamos a conta. No período que fiquei esperando para ser atendido no caixa rápido contei 42 pessoas na fila esperando pelo mesmo motivo, pagar suas compras. Demorou 1 hora para que essas 42 pessoas fossem atendidas. Lembrando que depois de uma hora, mais 42 pessoas já estavam ali esperando para pagar suas compras. Suponhamos que essas 42 pessoas tenham sido roubadas em 1 centavo cada uma, ao final de uma hora, o supermercado arrecadou 42 centavos. Agora coloque o tempo que o supermercado fica aberto por dia. Ele abre as 8 horas da manhã e fecha as 22 horas. Considerando que no início o movimento é menor, e no horário de pico o movimento triplica, vamos manter a média de 42 pessoas dentro dessas 14 horas de funcionamento. Isso todos os dias. De domingo a domingo. Bem, se o mercado ganha 0,42 centavos por hora, em 14 horas ele vai ganhar 5,88 reais, por dia. Isso calculando 0,01 centavo de cada cliente. A semana tem 7 dias. Na semana o supermercado vai ganhar 41,16 reais. Considerando que o mês tenha 4 semanas, ao final do mês o supermercado vai ganhar 164,64 reais. Se ampliarmos isso para um ano dentro dos 12 meses, o supermercado vai ganhar ao final de 12 meses o valor de 1.975,68 reais. Tudo isso com aquele mísero 1 centavo que ficou lá. Tem muita gente no Brasil que não ganha um salário de 1.975 reais sem esquecer os 68 centavos, que também são importantes. O funcionário do caixa do supermercado não ganha isso, mas sim menos da metade disso, ou seja, o 0,01 centavo que fica por lá, paga dois, três, quatro ou mais funcionários do mesmo mercado. Nesse caso, vira lucro e a burguesia mais uma vez passa o proletário pra trás. Lucro esse que muita gente deixa lá, sem perguntar por quê. Ah sim, lembrei, porque era só um centavo. Lembrando, essa conta foi feita considerando um centavo, mas e aqueles que deixam 2, 3, ou até 5 centavos de vez em quando.

Eu confesso que não deixo um ou dois centavos por lá, e muito menos aceito uma balinha no lugar, afinal, o dinheiro é meu, eu trabalhei para tê-lo, e não vou deixar ali por qualquer coisa. Na minha última ida ao supermercado, uma mulher um tanto quanto estúpida, atendia no caixa. No meu troco, faltaram dois centavos. Pedi o dinheiro, como é o meu costume, e a infeliz disse: ''Não tenho, não posso fazer nada''. Eu insisti que queria meus dois centavos. A mãe de família disse: ''Se eu te der cinco centavos, você não vai ter 3 centavos para me voltar de troco, então não vou te dar nada'', bem pensado, diria eu. Mas, esquece a portadora de cabelos compridos que eu estou comprando o produto, por isso, não tenho a obrigação de andar com moedas de um centavo no bolso, pois não fui eu que coloquei o preço no produto. É claro que quando tenho um ou dois centavos eu levo, mas isso não acontece sempre. Quem colocou a porcaria do valor de 1,98 reais no produto, que tenha os dois centavos para me devolver de troco; caso contrário, arredondam para 2 reais então, ou diminuam pra 1,95. É incrível como gostam de ganhar dinheiro em cima dos clientes, e o pior, tem gente que não fala nada quanto a isso. No fim, pedi que a gerente fosse chamada, ela se negou a fazer isso. Então, caminhei até a gerência e pedi meus dois centavos, cuja solicitação foi aceita pela responsável que ali estava. Afinal, eu não estou roubando, não estou querendo passar ninguém pra trás, não quero levar vantagem em cima do mercado, eu só quero o meu troco, nada mais que isso. Novamente você deve pensar, que ''pão duro, brigar por dois miseráveis centavos'', pode ser também. Quando cheguei em casa, computei os ''centavinhos'' que solicitei no mesmo mercado do começo do ano até agora, em minhas compras semanais e por vezes diárias. Tenho o costume de anotar isso num caderno de gastos e despesas da casa. No mesmo caderno reservei um espaço para anotar o troco de um centavo que preciso brigar e me estressar para conseguir, o que é meu, cada vez que vou ao supermercado. De janeiro até agora, e olha que só estamos em março ainda, já recuperei do meu dinheiro, em moedas de um centavo, 6,53 reais. Acredito eu, que você numa situação dessas, ao receber o seu troco do produto que acabara de comprar, pode não se importar com a falta de um ou dois centavos, mas se o valor fosse de 6 reais com 53 centavos, daí você iria reclamar... Ou não, por incrível que pareça deve ter gente que deixa passar mesmo assim; pega a sua bala e vai embora saboreando o produto regado de açúcar.