''Quando acertamos ninguém se lembra, quando erramos ninguém se esquece''

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

O CASO Yoani Sánchez

Fonte: latuff / google.com.br

A cubana Yoani Sánchez, também conhecida como blogueira, dissidente e aliada dos Estados Unidos, veio ao Brasil para uma visita recheada de palestras, lançamento de documentário e protestos, muitos protestos. Na quinta-feira, dia 21 de fevereiro, enquanto participava de um debate, precisou encerrar sua fala após ser interrompida por dezenas de manifestantes pró-Cuba. O evento estava sendo realizado na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, na região central de São Paulo, e a galera, munida de cartazes, panfletos e gritos, muitos gritos, alguns soando por dentro de um megafone, não deixou que a moça terminasse de falar o que queria. Mas o que Yoani fazia na Livraria Cultura em São Paulo? Participava ela do lançamento do seu livro intitulado: ''De Cuba, com Carinho''. Após o lançamento do livro ela faria uma sessão de autógrafos no auditório, mas, os bonitinhos protestantes não deixaram que isso acontecesse. Ela foi interrompida após a segunda pergunta do debate, e as atividades foram todas canceladas. Yoani chegou ao Brasil na madrugada de segunda-feira. Sua visita ao país, desde o momento que pisou no aeroporto, tem sido tumultuada por manifestantes que amam Cuba. Amam tanto que não deixam a moça falar o que ele quer falar, isso que é amor. Ainda bem que ela consegue escrever no seu blog sem ser ofendida, e olha que ela faz isso em Cuba e não no Brasil. Mesmo diante de todos os gritos, Yoani disse em várias entrevistas não estar surpresa com os protestos, classificando os mesmos como direito democrático. Que coisa essa menina hein. ''No ano passado, mais de 40 mil cubanos abandonaram a ilha. Os cubanos em lugar de protestar na rua estão utilizando a imigração como forma de mostrar a sua insatisfação com o sistema'', disse a blogueira em São Paulo. ''Por outro lado, por que não se protesta na rua? Bom, porque esse tipo de coisa não está permitido no meu país'', completou. Durante a manifestação em São Paulo, um membro do Movimento Paulista de Solidariedade a Cuba, criticou as opiniões de Yoani. Segunda a mulher entrevistada ''Yoani Sánchez não representa a massa da população cubana''. Enfim, é só raciocinar em cima disso. É claro que a guria não representa massa nenhuma, é uma cidadã indignada com o que ela vê, de acordo com o ponto de vista dela. Obviamente que para outros o regime é muito bom e perfeito. Sempre foi assim. Não é a toa que temos gente no mundo que defende e condena o holocausto nazista, outros que defendem e outros que condenam a ditadura militar no Brasil, enfim, o ser humano não é igual, ele tem opiniões diferentes. Nesse caso ela não gosta do sistema que impera no país dela, cabe a qualquer um respeitar, assim como ela respeitou os manifestantes, por entender que aquele é o ponto de vista deles; agora, e se fosse o contrário, os brasileiros iriam respeitar a manifestação, calados, como ela respeitou?


Na Feira de Santana na Bahia, um filme com entrevistas de Yoani seria apresentado, mas, novamente por causa dos manifestantes a exibição do filme foi cancelada. Novamente eu pergunto, por que tanto medo e tanta raiva dessa chamada blogueira? Será que os tais manifestantes acreditam que com poucas palavras ela pode influenciar um país inteiro, nesse caso, o Brasil? Se quisessem calar a moça, o que adiantou gritar na porta dos lugares onde ela estava, ontem eu assisti a uma entrevista de uma hora com ela, concedida a tv cultura de São Paulo. Pelo menos na minha casa a entrevista chegou na íntegra, sem intervenção de qualquer manifestante pró-Cuba. Por mais uma vez os manifestantes se pronunciaram dizendo: ''A Yoani, assim como o povo cubano, que por ventura tem qualquer diferença com o governo, eles têm espaço e eles podem e devem se manifestar, dizer quais são os ajustes que são necessários. Agora, a realidade é que a Yoani representa 1% da população cubana. A hegemonia do povo cubano defende o socialismo, quer que ele se aprofunde''. Disse um manifestante que nunca esteve em Cuba. A menina que veio de lá e diz que não pode se pronunciar foi desmentida por esse ''leitor'' do regime. E assim Yoani andou pelo nosso país, Bahia, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo. O documentário ''Conexão Cuba X Honduras'', do cineasta Dado Galvão, onde Yoani é uma das entrevistadas, foi impedido de ser apresentado em Feira de Santana, na Bahia. O debate na sede do jornal O Estado de S. Paulo teve que começar mais cedo, também por causa dos manifestantes, enfim, a viagem da moça virou um caos com mudança de agenda e compromissos, tudo devido a esses raivosos defensores do regime cubano. O que mais causa estranhamento é que raramente vejo brasileiros se mobilizando dessa forma, provocando problemas para outros, quando se trata de problemas do nosso país, agora, para defender o regime de Cuba, ta valendo. Em Santa Catarina, uma estudante indignada com a situação da escola onde ela estuda, e com apoio dos pais, lançou uma página no facebook intitulada ''Diário de Classe''. Novamente alguns raivosos se ofenderam com a realidade postada pela menina. Atualmente ela vem recebendo ameaças de morte, segundo as notícias da última semana. Por qual motivo pregam liberdade de expressão, sendo que não há qualquer liberdade para dizer o que se pensa? Se a menina quer falar da realidade que ela vive, da escola que ela estuda, qual é o problema? Se a blogueira quer denunciar os problemas do país onde ela mora, de acordo com o ponto de vista dela, o que esse bando de brasileiros tem a ver com isso? Se a blogueira é patrocinada pelo governo norte-americano para falar mal de Cuba, o que esses pró-Cuba tem a ver com isso? O que esses pró-Cuba, que curiosamente moram no Brasil, estão se doendo pela menina que mora lá e não está satisfeita com o que ela vê todos os dias? Muitos acusaram a moça de estar patrocinada pelo governo dos Estados Unidos da América, e daí se ela for patrocinada por aquele governo? Sorte dela, que está ganhando dinheiro para escrever. A imagem mais ridícula que vi foi um grupo de manifestantes da Bahia gritando enquanto Yoani passava, sendo escoltada por alguns homens que faziam papel de segurança: ''Cuba sim, Yoani não, viva a revolução''. Pelo amor de Deus. Li alguns textos escritos por Yoani em seu blog. Ela fala entre tantas coisas das dificuldades de poder expressar o que sente em Cuba, assim como as dificuldades de se usar um telefone, a internet e as novas tecnologias espalhadas pelo mundo, e que em Cuba, são mais raras de se encontrar. No final das contas, em relação à realidade mostrada por ela, fiquei com dó; em relação aos demais problemas apontados diretamente para o governo cubano, fiquei na mesma, afinal, eu não vivo em Cuba, vivo no Brasil, e antes de me preocupar com os problemas que lá existem, tento me preocupar com os problemas que aqui eu vejo todos os dias. Antes de sair à rua com uma faixa interrompendo lançamento de livro e exibição de filme documentário, penso, tenho mais o que fazer agora, como por exemplo, ir trabalhar. Por fim, uma coisa devo admitir, nunca um blogueiro foi tão perseguido e vaiado em território estrangeiro, somente Yoani; tá aí a dica para o próximo post, que curiosamente ela já o fez enquanto está no Brasil. O que me fez pensar em algo patrocinado, não do lado de Yoani, mas sim do lado dos manifestantes foi que, em momento algum a população se mobilizou para protestar contra a escola caindo aos pedaços, denunciada pela estudante de Santa Catarina, pelo contrário, acharam mais fácil ameaçar a menina em sigilo do que mostrar a cara pra apoiar uma mudança radical na estrutura do prédio. Isso faz parte da estrutura óssea de pessoas que carregam em seu crânio, com muito orgulho, estrume, muito estrume.

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