''Quando acertamos ninguém se lembra, quando erramos ninguém se esquece''

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Bravura Indômita

O filme Bravura Indômita, dos irmãos norte-americanos Ethan e Joel Cohen, que concorre ao Oscar na noite de hoje (27/02/11) representa não somente o cinema independente norte americano, mas também um estilo curioso de contar uma história que leva o pública a pensar em alguma coisa após ver o filme. O novo longa-metragem dos irmãos Cohen é uma reedição do clássico faroeste de mesmo título, protagonizado em 1969 pelo astro John Wayne, e que recria a história da jovem Mattie (Hailee Steinfeld), de 14 anos, que procura o assassino de seu pai. Jeff Bridges, Matt Damon e Josh Brolin também estão no elenco da obra.
A fotografia do filme é belíssima, uma marca dos filmes dos irmãos Coen. Isso nunca ninguém questionou, por muitas vezes as críticas estão ligadas ao conteúdo dos filmes que dirigem. Agora apresentam um faroeste, talvez para tentar mudar um pouco a fama deste estilo há bastante tempo cultuado, mas em baixa nos últimos anos. Nesta história, Mattie Ross (Hailee Steinfeld) começa contando como perdeu o pai, aos 14 anos, assassinado a sangue frio por Tom Shaney (Josh Brolin). Apesar da idade, Mattie demonstra empenho, coragem, inteligência e audácia ao dar início à busca pela vingança de seu pai. Acaba escolhendo Rooster Cogburn (Jeff Bridges), uma espécie de ''policial federal'', para ajudá-la em seu torturante caminho. Cogburn precisa da grana, então acaba aceitando. Junto deles surge LaBoeuf (Matt Damon), um policial texano que está atrás de Shaney por este ter matado outro homem. Depois de ter matado um cachorro, matou o tal homem, dono do cachorro; por reclamação, e devido a isso, deveria ser punido.
O filme apresenta um cenário incrível, cujas locações permeiam o imaginário norte americano. Um ambiente de desolação, de espaços vazios, onde a vastidão do deserto não é mero jogo de contrastes com a miudeza dos personagens. Deserto, poeira, unhas sujas, dentes podres, sangue e vísceras; tudo isso vai formar uma história tensa, com humor, sangue, e mais um pouco de tensão.
LaBoeuf (Matt Damon) desentende-se com Cogburn e acaba abandonando ele e Mattie. Isso acontece em alguns momentos do filme, mas como um cara que quer realizar a obra que começou, ele sempre acaba voltando para junto daqueles que lhe toleram. Na segunda vez que se separam, ele estica a mão para a garota, desejando-lhe boa sorte e um adeus, ela não lhe dá a mão. Ele vai embora mesmo assim, mas acaba voltando, voltou porque ainda queria matar Shaney ou porque tinha a necessidade de estar junto de Mattie e Cogburn? O filme num determinado momento coloca o coadjuvante como protagonista, e é aí que está a arte do roteiro dos irmãos Coen.
Sem dúvida uma obra inesquecível, para pensar, assistir novamente, e aprender um pouco sobre como ter bravura nos dias atuais...