O trabalho começou, eu tinha pouco tempo para sair correndo de casa e ir ao banco fazer um depósito. Trata-se de uma agência bancária conhecida, até certo ponto, a propaganda diz que tal empresa é ''certinha'', hoje percebi que não. Ao chegar no banco, logo que entrei pela porta um senhor me olhou e assoviou. Eu não olhei para ele, por que não me chamo ''fiu iiiiiii'', por isso continue andando. Parei próximo ao caixa eletrônico e vi que uma senhora se batia para tentar sacar o seu dinheiro da máquina. Olhei para os lados e vi uma funcionária do banco, encostada na porta eletrônica conversando com o guarda boa pinta. Que merda, pensei. Chamei a menina para ajudar a velhinha. A guria veio andando numa má vontade desgraçada e chegou perto da senhora. Com conhecimento inútil para sequer grampear papel, a vaca que pasmem, trabalha no banco, disse para a senhorinha que não podia resolver o problema dela, e que ela teria que se dirigir ao caixa. Pelo amor de Deus, eu entrei na conversa e falei para a vaquinha: deixa que eu ajudo a mulher. A anta nem questionou, voltou para perto da porta eletrônica e continuou conversando com o guarda. Naquele momento pensei; isso vai ser um passeio no lodo. Mesmo assim continuei a fazer o que tinha me proposto a fazer. A mulher sacou seu dinheiro e foi embora. Então, chegou a minha vez. Não havia muito que fazer, tendo em vista que naquele caixa eletrônico eu não conseguiria argumentar com a máquina. Saí dali e fui para a máquina de senhas. Logo que parei em frente à máquina, o mesmo senhor assoviou de novo para mim. Desta vez olhei para ele, e ouvi o ancião com uniforme do Banco me dizer:
_ Não é para tirar a senha daí, é para pegar com a moça ali na mesa._ apontou para o lugar.
Andei até lá e mulher me perguntou o que eu queria, fiquei com vontade de dizer que queria um prato de arroz com feijão, mas disse a verdade. Ela pegou um papel em branco e ali colocou uma senha com tinta de caneta azul. Entregou-me o papel e disse:
_ Você terá que subir as escadas e ir até as mesas de atendimento, lá você será atendido.
Subi as escadas, enquanto isso olhei para o relógio, eram 14:49 da tarde. Logo que entrei no salão, encontrei uma cadeira vazia e ali fiquei. Entra gente e sai gente. Fui chamado as 16:15 para resolver meu problema. Eu não aguentava mais ficar ali. Logo que me acomodei na frente da mulher, uma outra funcionária anta, expliquei qual era o problema. A mula olhou para mim e disse:
_ Sua agência é aqui?
Sem ter por que mentir, até por que seria desmascarado mais cedo ou mais tarde, disse a verdade:
_ Não, minha agência fica do outro lado da cidade, esta daqui é mais perto da minha casa. Por isso eu vim aqui.
A menina burra me devolveu o papel e falou em tom grosseiro:
_ Então eu não posso fazer nada. Só na sua agência você pode resolver isso.
Eu não tenho conhecimento nenhum de banco, mas pensei naquele momento, pra que serve esta coisa chamada internet então? Para nada? Questionei a puta.
_ Que eu saiba o sistema é todo interligado, é possível resolver por aqui, sem que eu vá até a outra agência. Afinal, eu já estou aqui mesmo. É só entrar no sistema, eu tenho aqui na minha mão o depósito que efetuei, e pronto. Fiz a transação na mesma rede do banco.
Irredutível a anta me encarou e começou a falar alto, talvez tentando chamar a atenção do segurança que me olhava. E ela conseguiu, ele veio andando até a mesa.
_ O que tá acontecendo aqui?
_ Este cliente não entende que não posso resolver o problema dele.
_ Não é isso..._ fui eu explicar para o guarda._ Eu estou explicando pra ela que o sistema do banco é todo ligado por internet, é possível resolver por aqui.
Não demorou nada e chegou uma das responsáveis pelo lugar.
_ O que está acontecendo?
_ Este senhor está dizendo que não sei fazer uma transação pela rede de internet._ disse a mula.
_ Não é isso, eu quero resolver um problema e ela disse que não é possível resolver nesta agência, somente na agência que eu tenho conta, do outro lado da cidade.
_ Não vai dar para resolver nada hoje, o sistema é desligado as 16:05 da tarde, volte aqui amanhã daí resolveremos o seu problema._ no final deste papinho cretino, a vagabunda sorriu pra mim, demonstrando bom atendimento.
Bom atendimento uma ova, eu esperei mais de uma hora naquele banco para nada. Isso não poderia ficar assim. Saí de lá e desci as escadas, ainda muito enfurecido, mas nem por isso pensei em maltratar alguém ou fazer mal para quem quer que fosse. Logo que cheguei na parte de baixo do prédio, a porta estava fechada. Olhei para o guarda e pedi para ele abrir, que eu queria sair. Ele me disse que eu não poderia sair por ali, pois já havia trancado a porta, neste caso eu deveria sair pela porta lateral que ficava a 50 metros de onde eu estava. Sem problemas para minha pessoa que graças a Deus tenho pernas saudáveis, pelo menos nesta altura da vida, mas e os dois velhinhos com bengalas, apoiando-se nas paredes e um rapaz na cadeira de rodas; o que houve com eles? Tolerância zero do banco. Todos devem sair pela outra saída, sem choro nem reclamações. Ao chegar no ponto do transporte coletivo quase fui atropelado na entrada do ônibus; assim como quase caí de boca no chão, na saída do carro, logo que ele chegou perto do lugar onde moro. Desci do veículo e fui tomado pela chuva, mas não me molhei tanto quanto a quantidade de água arremessada em mim por um carro que passou em alta velocidade bem próximo a calçada destinada aos pedestres.
Saldo do dia: uma gripe encubada, dezenas de coisas que deixei de fazer, um pouco de raiva acumulada em relação ao banco, uma ligação para a Ouvidoria do banco contando o que houve e dando o nome dos funcionários inúteis que pensam que me atenderam, e um pouco menos de dinheiro para o vale transporte de amanhã.