O filme é estrelado por Amanda Seyfried e dirigido por Catherine Hardwicke. Logo que a trama começa pensamos que vamos assistir a uma refilmagem de chapeuzinho vermelho, e ficamos esperando por isso, mas então coisas começam a acontecer e o clima vai ficando tenso a cada cena que passa. O roteiro é assinado por David Leslie Johnson, mesmo roteirista do filme A órfã. David possui uma habilidade para transfigurar personagens levando a quem assiste ao filme culpar diversas personagens antes de descobrir o verdadeiro culpado por tudo.
A história ocorre num vilarejo escondido no meio da floresta. A impressão que temos é que nenhuma daquelas pessoas jamais saiu daquele lugar em algum momento de suas vidas. Chegamos a confundir os primeiros minutos da fita com o filme A VILA, do diretor M. Night Shyamalan, mas estamos em outro ambiente. Há 20 anos existe um pacto entre a população da vila e o lobo que vive na floresta. O acordo consiste em nenhuma das partes entrarem em confronto. Enquanto o lobo vive na sua caverna, a população tenta viver de forma sossegada na vila que escolheram habitar. Mas, num determinado momento o pacto é quebrado e o lobo ataca uma moradora da vila. Ela morre. A partir de então, os homens se juntam e vão até a caverna do lobo na intenção e matá-lo e conseguir vingar a morte da jovem inocente. Neste meio tempo a personagem de Amanda entra em conflito com seu próprio coração. Prometida de casamento para um rapaz rico da vila, a moça ama de paixão outro rapaz que não é tão rico assim, por ser um lenhador. Parece novela mexicana, mas enfim. Entre esta dúvida de casar forçadamente ou ficar com seu grande amor, a vila recebe a visita de um padre. O padre com uma aparência um tanto quanto macabra diz que o lobo está entre eles, justamente por se tratar de um lobisomem. E o lobisomem quando é morto ele volta a forma humana normal. Eis então que com a visita do padre, e sua estadia na vila, o lobo aparece pela primeira vez. Neste momento do filme acreditamos estar assistindo ao filme O LOBISOMEM, do diretor Joe Johnston, com Benicio Del Toro e Anthony Hopkins. Mas, o improvável acontece quando o lobisomem fala com a garota da capa vermelha. Conversam por telepatia, olhando um no olho do outro, neste momento o filme lembra 10.000 A.C., do diretor Roland Emmerich, quando o dente de sabre conversa com o cara que peregrina até a cidade desconhecida por ele. A capa vermelha foi feita pela vovozinha, capa esta que a menina usa por um bom tempo, deixando bem claro que realmente gostou do presente. Enquanto todos esperam ver o lobo comer a vovozinha, isso não acontece, mas a famosa fala dos olhos grandes, a boca grande e a orelha imensa estão lá, da forma como minha vó me contou.
Por fim, entre misturas e lembranças cinematográficas, clichês e cenas forçadas demais para um roteiro que parece utilizar os efeitos especiais como muleta, o filme conduz o telespectador a uma dose pequena de curiosidade para saber quem de fato pode ser o lobo. O final tem um desfecho previsível, com explicações de destino, assim como uma imagem esperada. Assisti ao filme durante uma madrugada fria de sexta feira na intenção de perder o sono com o medo supostamente proporcionado pela fita, mas não fui feliz nesta escolha.