Eu seguia pela via principal. Estava de carro. Enquanto eu me aproximava de uma faixa de pedestres, vi que uma senhora ainda estava no meio da rua, e não iria conseguir atravessar toda a faixa antes que o sinal abrisse. Parei educadamente e esperei a mulher idosa terminar sua travessia. Quando menos espero, um filho de cocô vem por trás do meu carro, buzina até não querer mais e passa por cima da faixa quase atropelando a mulher. Na ideia deste inútil, o sinal abriu que se dane quem está na frente, ele, o cretino que está no carro está certo, segundo a concepção dele mesmo.
Em outro momento seguia eu de carro pela rua principal, quando surpreendentemente um carro surge do nada, sem ligar a seta e entra na frente do meu carro. Diminui a velocidade e liguei o alerta. Como dizia um policial que conheci em Rondônia, ‘’o alerta anula todas as leis’’. Com o alerta ligado o carro que vinha atrás buzinou por mais de cinco segundos, como se eu fosse o errado de ter diminuído a velocidade para não colidir com o paspalho que entrou na minha frente. E não adianta xingar ou falar qualquer coisa, pois o cretino que põe a mão na buzina sempre vai acreditar que tem razão.
Em outra ocasião eu saía do mercado, quando do nada uma bicicleta vindo pelo meio da rua entrou na frente do carro. Freei em cima do ciclista e com a janela aberta tive de escutar o filho de Emma falar:
_ Não precisa correr tiozinho, hoje é domingo.
Eu olhei para o desengonçado e disse:
_ É mais fácil você se machucar do que eu me machucar você está de bicicleta.
O filho de quenga me mandou tomar naquele lugar.
Por que alguns seres humanos são tão imbecis desse jeito? Não consigo entender o que leva uma besta recalcada dessas se sentir imponente quando está atrás de um volante. Voltamos para o tempo das cavernas, onde não temos mais direito de fazer nada, nem dizer nada, sem portar uma arma nas mãos; pois parece que é só isso que os demais aprenderam a respeitar. Cada vez mais se mata no trânsito, e em 90% dos casos, os problemas poderiam ser evitados por um pouco mais de calma e conversa. O código de trânsito fala em respeitar o pedestre na faixa, mas mesmo assim um bando de demônios acredita que ao abrir o sinal eles são os donos do lugar. Os artigos 70 e 71 do Código Nacional de Trânsito dizem:
‘’Art. 70. Os pedestres que estiverem atravessando a via sobre as faixas delimitadas para esse fim terão prioridade de passagem, exceto nos locais com sinalização semafórica, onde deverão ser respeitadas as disposições deste Código.
Parágrafo único. Nos locais em que houver sinalização semafórica de controle de passagem será dada preferência aos pedestres que não tenham concluído a travessia, mesmo em caso de mudança do semáforo liberando a passagem dos veículos.
Art. 71. O órgão ou entidade com circunscrição sobre a via manterá, obrigatoriamente, as faixas e passagens de pedestres em boas condições de visibilidade, higiene, segurança e sinalização’’.
Relembrando a dica do policial de Rondônia, ele não estava totalmente errado, tem muita lógica no que ele me disse. Ao ver uma situação estranha a frente, diminua a velocidade e ligue o pisca-alerta. Eu fiz isso, mas uma desgraça ao volante que vinha atrás de mim quase colidiu no meu carro enquanto buzinava. Ainda para o pedestre que está sobre a faixa o item 5 deixa a dica:
‘’Item 5) Deixe o pisca - alerta ligado enquanto estiver parado e não movimente o carro antes que o pedestre alcance a calçada do outro lado (Estando parado você atrairá a atenção do motorista que vier na outra faixa para que também ele pare o seu veículo)’’.
A respeito da íngua que vinha pela pista, fora da ciclovia, a lei diz o seguinte:
‘’Art. 58 - Nas vias urbanas e nas rurais de pista dupla, a circulação de bicicletas deverá ocorrer, quando não houver ciclovia, ciclo faixa, acostamento, ou quando não for possível a utilização destes, nos bordos da pista de rolamento, no mesmo sentido de circulação regulamentado para a via, com preferência sobre os veículos automotores’’.
A lei diz quando ‘’não houver ciclovia’’, naquele caso havia. Mesmo assim o anto fez questão de me chamar à atenção como se ele fosse o dono da rodovia. Durante muito tempo ouvimos falar de educação no trânsito, mas isso eu nunca vi acontecer. É raro, muito raro alguém respeitar outro alguém nos dias de hoje. Sempre alguém tem uma desculpa, está atrasado, está com problemas, não pode parar, ele é o sabe tudo, ele sempre está certo. Confesso que não sou um profissional da direção, e agradeço a Deus por isso, pois quanto menos confiança eu tenho em pegar no volante de um carro, mais cuidado eu tenho para não provocar nenhum problema. Se isso bastasse para me proteger eu viveria feliz, mas o que preocupa são os outros. Canalhas corajosos e sabedores de tudo que não se importam com a própria vida, quem dirá a vida alheia. E isso que eu nem citei os filhos da puta que enchem a cara de álcool e saem matando como se o mundo fosse deles.