''Quando acertamos ninguém se lembra, quando erramos ninguém se esquece''

sexta-feira, 9 de julho de 2010

O CONE - capítulo 1


Bruno acordou com o canto dos pássaros, há muito tempo não ouvia mais o despertador tocar. Sentou na cama e olhou ao redor. Não havia nada para contemplar, a não ser uma velha panela de alumínio jogada no canto do cômodo. Levantou lentamente e atravessou o corredor da casa. Entrou na cozinha, apoiou suas mãos na pia, baixou a cabeça e vomitou todo o líquido que havia consumido uma hora antes. O suco gástrico se misturara com a bebida quente que havia ingerido durante a refeição. Ainda apoiado na pia, esticou a mão na intenção de encontrar uma toalha. Sua mão percorreu o vazio e encontrou algo consistente. O objeto tinha forma e era conhecido de qualquer pessoa que estivesse com os olhos abertos naquele momento. Bruno encontrou a toalha, limpou o rosto e encarou o cone, parado ao seu lado, dentro do banheiro.
''De onde saíra aquele cone? Quem trouxera até ali? Por que ele estava ali? Realmente era um mistério. O rapaz não pensou duas vezes, agarrou o cone e o levou para a sala. Logo que entrou na sala de televisão de sua casa, sentiu seus pés tocarem em algo. Com dificuldade olhou para baixo e viu outro cone. E ao lado deste, outro. E outro, e outro, e outro.
Resolveu empilhar tudo num dos cantos do sala.
_ 325 cones, eu não acredito, é muita coisa._ disse o rapaz._ De onde saiu tudo isso? Quem trouxe até aqui?_ perguntava para si mesmo.
Na intenção de encontrar a origem de tudo aquilo, penteou o cabelo, escovou os dentes com o dedo e um pouco de creme dental sobre a pele, e saiu pela porta dos fundos de sua própria casa. Antes que trancasse a fechadura avistou um crânio humano no quintal. Correu até a ossada e a abraçou. Olhou para os lados e não viu ninguém. Aparentando ser íntimo do osso recolhido, abraçou a caveira e caminhou até a caixa de correio. Guardou a caveira dentro do recipiente de cartas, e seguiu seu caminho, andando pela calçada da rua, rumo ao horizonte.

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