Sem saber para onde estava indo, o homem apenas caminhou com lentidão pela passarela pública. Ao chegar na esquina olhou para os lados e não viu ninguém conhecido. Encarou a farmácia do outro lado da rua, e para lá seguiu. Ao chegar na frente da porta de entrada da drogaria, não entrou. Parou por ali mesmo e ficou contemplando as pessoas que caminhavam para destinos desconhecidos.
Conhecido no lugar, um dos funcionários da farmácia mexeu com ele.
_ Senhor Bruno, por que não entra? Não vai fazer compras hoje?
_ Não, hoje não, estou esperando uma pessoa e ela não tarda para chegar. O tempo é muito lento quando a gente espera sozinho por uma pessoa, mas quando esperamos junto de outra pessoa, ele urge.
_ Sábias palavras. Tem lido muito?
_ Não leio um livro há mais de 12 anos, desde que terminei meu último curso de culinária. Não sei nem o que estou falando enquanto espero.
Confessou.
_ Por que ficas parado sempre no mesmo lugar seu Bruno?_ indagou o gari.
_ Estou tentando ajudar certas mulheres descuidadas.
_ Tem muitas mulheres descuidadas por aqui?
_ Por aqui não, mas elas passam por aqui, isto é um problema. Passam, deixam suas coisas e vão embora. O mundo não é perfeito para estas pessoas.
Um cliente entra na loja, passando pelos dois homens.
_ Que horrível. Bem, eu vou continuar trabalhando. Assim que encontrar algo que elas possam ter deixado cair, eu vou recolher.
_ Mentira. Já vi você quase passar por cima destes objetos e não recolher, mas vou levar seu comentário em consideração._ disse Bruno deixando o suspense no ar.
Com o passar dos dias Bruno foi recebendo olhares de desaprovação para com suas atitudes. Alguns começaram a encontrar nele um maníaco ‘’esperador’’ de mulheres na esquina da farmácia. Outros viram naquele ser humano aparentemente inofensivo um ladrão oculto da cidade. Falácias por falácias nunca ninguém conseguiu pegá-lo em flagrante em qualquer ocasião, o que lhe deixara livre de todas as acusações.
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