''Quando acertamos ninguém se lembra, quando erramos ninguém se esquece''

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Profissão: PROFESSOR, o culpado por tudo...

Um estudo publicado essa semana por uma revista conceituada do nosso país, aponta que o nível educacional nas faculdades está caindo, devido ao péssimo segundo grau feito pelos alunos. Dessa forma, segundo o entrevistado que compôs a reportagem; ''quando os alunos chegam na faculdade é preciso perder mais de um ano e meio vendo e revendo conceitos do segundo grau, por isso não há tempo hábil para formá-los de forma adequada''. Ao final do texto, o ser humano ainda completou: ''os professores da base deveriam ser mais qualificados para que os alunos não chegassem dessa forma na faculdade.''


Muito bem, vamos analisar a fala desse infeliz. Primeiro, o que o professor tem a ver com um bando de inútil entrevistado pelos repórteres da tal revista? Digo isso, por que as entrevistas nesse caso são feitas por amostragem, ou seja, não são entrevistados todos os responsáveis pelo problema quando se pretende fazer uma estatística, mas sim, uma pequena parte. Entrevistam 50 pessoas que estão avulsos no pátio da faculdade, e dali montam um gráfico estendendo aquele miolinho para todo o resto que nem sabe o que está acontecendo. Por azar, os mais imbecis caíram nessa malha de opiniões. Talvez isso tenha acontecido porque os repórteres não foram nas salas de aula onde os bons alunos estavam estudando, mas sim, foram no barzinho, no pátio, ou no cantinho da maconha, onde esses infelizes estavam. Segundo problema a ser apontado; o professor não tem nada a ver com isso, vou explicar melhor. O professor estava na sala vendendo suas aulas para aqueles alunos que estavam interessados em comprar e sair dali com conhecimento, diferente daqueles que mal sabem o nome do professor que estava na sala, pois tinham coisas mais importantes para fazer naquele instante, como por exemplo, dar uma entrevista no pátio. O sistema que estamos inseridos provoca uma aprovação em massa daqueles mais estranhos alunos. Alunos que mal sabem escrever e ler, são aprovados da quinta série até o final do segundo grau. E esse tipo de aluno, ainda entra na faculdade, pelo amor de Deus. Antes de falar que a culpa é do professor, vão rever que tipo de prova estão aplicando nesses concursos de vestibular para aprovar um aluno desse. Ah sim, claro, mas aí as faculdades; e que fique bem claro que estou falando de algumas instituições particulares, trabalham com a ideia da mensalidade, o que torna todo o esquema de aprovação diferente nesse caso. A mesma reportagem citou ainda que as faculdades públicas tem melhor índice de notas que as faculdades particulares, isso é mais do que óbvio, basta analisar o sistema vigente nesse país. Quem tem dinheiro, não vai pagar uma faculdade. Ele estudou a vida inteira em colégios particulares, fez cursinhos, fala línguas, e ao final de tudo isso, é óbvio que ele vai tirar a vaga de um aluno pobre na faculdade federal, ou estadual. O nível desse ser está mais desenvolvido que aquele que vem sendo aprovado ano após ano, da quinta série até o último ano do segundo grau. Graças a Deus isso não é geral, tem alunos de escolas públicas muito bons, que quebram todas essas estatísticas, vencem os ratos de cursinhos e passam numa Universidade Federal, ou Estadual. Mas, e aqueles que não estão nem aí para esse negócio chamado estudo? Aqueles mesmos que o sistema obriga empurrar para aprovação ano após ano? É esse aluno que quando chega no momento do vestibular, ele não vai arriscar o couro em fazer uma prova da faculdade federal, ou estadual, pois na ideia dele, ele não passa. Então ele vai tentar uma faculdade particular, onde o índice de aprovação é maior para aqueles que seguiram o mesmo caminho que ele. Ele entra na faculdade particular e vai fazer a mesma coisa que fez no seu ensino básico, nada. Isso explica o índice apresentado pelos ''estudiosos'' no assunto. E novamente, graças a Deus, isso não é uma regra, tem alunos muito bons que fazem questão de estudar numa faculdade particular, pois a grade escolar, ou o curso que deseja fazer, condiz com suas ambições estudantis. A falha ficou mesmo no tipo de gente que foi entrevistado para montar a estatística da reportagem, que triste...


Digo agora, para finalizar, que não estou generalizando em nada, apenas estou tentando explicar uma reportagem ridícula que sem coragem para admitir o furo no sistema, a ambição pelo chamado ''porte escolar'', o erro milenar que existe na educação desse país, e o desvio de verbas constantes, culpa por mais uma vez o professor. Eu já fui aluno, como todos já foram. Quando eu estava na escola não existia internet, não existia celular, não existia dvd, e ainda estavam planejando inventar o vídeo cassete. Não existia fone de ouvido. Não existia televisão na sala de aula. Não existia data show. Não existia pen drive. Não existia aula dinâmica. Para montar um trabalho era preciso se enfiar numa biblioteca e ler, ler muito. Hoje em dia é mais fácil imprimir, pág 1 de 6. E por aí vai. Eu estudei minha vida inteira em escola pública, reprovei em alguns vestibulares, e passei em outros; e depois de tudo isso me dei conta de uma coisa. Eu nunca culpei um professor pelo meu fracasso ou sucesso, assim como nunca apontei para um professor dizendo que ele me ''ferrou'' em qualquer circunstância da minha trajetória. Muito diferente do que vemos hoje em dia. O segundo grau está lá, os professores estão lá, estuda quem quer. Se não quer estudar, depois vai na revista dar uma entrevista dizendo que o nível das faculdades está uma porcaria porque a culpa é do professor que talvez já até tenha morrido de depressão, ou de uma doença incurável no estômago.

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