Quando eu tinha cinco anos de idade, fui com meus pais até a casa de uma senhora, que completava naquela ocasião 90 anos de idade. Eu nasci e cresci no interior do Paraná, e na região onde eu vivia, as pessoas tinham um costume estranho de cuidar da vida dos outros. Todo mundo sabia da vida de todo mundo, e naquela ocasião, ao saberem que Dona Maura Josefa estava completando 90 anos, a cidade parou. Foi o evento do mês para todos que ali moravam. Logo que lá chegamos, na casa da velha senhora, vi que os filhos, netos e bisnetos tinham colado centenas de fotos na parede da sala. Eram fotos antigas, algumas em preto e branco, outras com tom colorido, que mostravam cenas daquela família em diferentes anos de sua existência. Eu não comi bolo algum, não cantei parabéns, e não socializei com ninguém, como costumavam dizer. Apenas fiquei ali, em pé diante da parede da sala, fascinado, olhando cada detalhe daquelas fotos que contavam uma história rica em imagens. Esse foi um dos motivos que me fez ficar perdidamente apaixonado pela história.
Muitas pessoas não entendem o valor da história, não preservam o patrimônio histórico, e não estão nem aí para fotos antigas. Muitos queimam documentos, enterram conteúdo antigo e rasgam fotos em preto e branco por acharem que elas são simplesmente ''velhas''. O curioso em tudo isso é que assim que uma comemoração que lembre um centenário, de qualquer coisa que seja, a primeira coisa que procuram é por esse material que em outro momento foi desprezado. Obrigado a todos aqueles que conservam a história, de uma forma ou de outra, ao invés de destruí-la, como muitos adoram fazer.
Em 24 de dezembro de 1553, junto com um novo grupo de jesuítas solicitado por Manoel da Nóbrega, chega o padre José de Anchieta, na época com 19 anos de idade. Mais tarde, este religioso viria a ser cognominado "Apóstolo do Brasil" e primeiro poeta da literatura luso-brasileira.
Logo depois do dia de Reis, em 7 de janeiro, o grupo sobe a serra de Paranapiacaba, em direção à Santo André da Borda do Campo, diretamente para a casa do João Ramalho. E lá chegam, após 18 dias de jornada. No dia seguinte, tomam o caminho de Piratininga, na busca de um local para a fundação do Colégio dos Jesuítas. Escolhem uma colina chamada Inhapuambuçu, sobre o vale do Anhangabaú, e constroem um barracão que viria a funcionar como escola de catequese. Ainda na manhã de 25 de janeiro de 1554, Manoel de Paiva, que viria a ser o primeiro diretor do colégio, celebra, assistido por José de Anchieta, a missa campal que marca o início do funcionamento do Real Colégio de Piratininga.
O nome São Paulo foi escolhido porque no dia da fundação do colégio era o dia 25 de janeiro, dia esse que a Igreja Católica celebra a conversão do apóstolo Paulo de Tarso, conforme informa o padre José de Anchieta em carta aos seus superiores da Companhia de Jesus: "A 25 de Janeiro do Ano do Senhor de 1554 celebramos, em paupérrima e estreitíssima casinha, a primeira missa, no dia da conversão do Apóstolo São Paulo e, por isso, a ele dedicamos nossa casa".
Esta data passou a ser considerada a data da fundação de São Paulo, cidade, nome em homenagem à conversão do apóstolo São Paulo. A fundação de São Paulo insere-se no processo de ocupação e exploração das terras americanas pelos portugueses, a partir do século XVI. Inicialmente, os colonizadores fundaram a Vila de Santo André da Borda do Campo (1553), constantemente ameaçada pelos povos indígenas da região. Nessa época, um grupo de padres da Companhia de Jesus, da qual faziam parte José de Anchieta e Manoel da Nóbrega, escalaram a serra do mar chegando ao planalto de Piratininga onde encontraram "ares frios e temperados como os de Espanha" e "uma terra mui sadia, fresca e de boas águas". Do ponto de vista da segurança, a localização topográfica de São Paulo era perfeita: situava-se numa colina alta e plana, cercada por dois rios, o Tamanduateí e o Anhangabaú. Nesse lugar, fundaram o Colégio dos Jesuítas em 25 de janeiro de 1554, ao redor do qual iniciou-se a construção das primeiras casas de taipa que dariam origem ao povoado de São Paulo de Piratininga.
Em 1560, o povoado ganhou foros de Vila e pelourinho mas a distância do litoral, o isolamento comercial e o solo inadequado ao cultivo de produtos de exportação, condenou a Vila a ocupar uma posição insignificante durante séculos na América Portuguesa. Por isso, ela ficou limitada ao que hoje denominamos Centro Velho de São Paulo ou triângulo histórico, em cujos vértices ficam os Conventos de São Francisco, de São Bento e do Carmo. Até o século XIX, nas ruas do triângulo (atuais ruas Direita, XV de Novembro e São Bento) concentravam-se o comércio, a rede bancária e os principais serviços de São Paulo. Em 1681, São Paulo foi considerada cabeça da Capitania de São Paulo e, em 1711, a Vila foi elevada à categoria de Cidade. Apesar disso, até o século XVIII, São Paulo continuava como um quartel-general de onde partiam as "bandeiras", expedições organizadas para apresar índios e procurar minerais preciosos nos sertões distantes. Ainda que não tenha contribuído para o crescimento econômico de São Paulo, a atividade bandeirante foi a responsável pelo devassamento e ampliação do território brasileiro a sul e a sudoeste, na proporção direta do extermínio das nações indígenas que opunham resistência a esse empreendimento.
A área urbana inicial, contudo, ampliou-se com a abertura de duas novas ruas, a Líbero Badaró e a Florêncio de Abreu. Em 1825, inaugurou-se o primeiro jardim público de São Paulo, o atual Jardim da Luz, iniciativa que indica uma preocupação urbanística com o aformoseamento da cidade. No início do século XIX, com a independência do Brasil, São Paulo firmou-se como capital da província e sede de uma Academia de Direito, convertendo-se em importante núcleo de atividades intelectuais e políticas. Concorreram também para isso, a criação da Escola Normal, a impressão de jornais e livros e o incremento das atividades culturais. No final do século, a cidade passou por profundas transformações econômicas e sociais decorrentes da expansão da lavoura cafeeira em várias regiões paulistas, da construção da estrada de ferro Santos-Jundiaí (1867) e do afluxo de imigrantes europeus. Para se ter uma ideia do crescimento vertiginoso da cidade na virada do século, basta observar que em 1895 a população de São Paulo era de 130 mil habitantes (dos quais 71 mil eram estrangeiros), chegando a 239.820 em 1900!). Nesse período, a área urbana se expandiu para além do perímetro do triângulo, surgiram as primeiras linhas de bondes, os reservatórios de água e a iluminação a gás. Esses fatores somados já esboçavam a formação de um parque industrial paulistano. A ocupação do espaço urbano registrou essas transformações. O Brás e a Lapa transformaram-se em bairros operários por excelência; ali concentravam-se as indústrias próximas aos trilhos da estrada de ferro inglesa, nas várzeas alagadiças dos rios Tamanduateí e Tietê. A região do Bixiga foi ocupada, sobretudo, pelos imigrantes italianos e a Avenida Paulista e adjacências, áreas arborizadas, elevadas e arejadas, pelos palacetes dos grandes cafeicultores .
Fonte: www.portalsaofrancisco.com.br
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