''Quando acertamos ninguém se lembra, quando erramos ninguém se esquece''

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

O problema da ESCOLA não é o aluno...

Ao contrário do que muitos pensam, os problemas existentes nas escolas nos dias de hoje não estão relacionados aos alunos, mas sim aos pais destes chamados discentes. Alguns pais conseguiram se tornar tão insuportáveis quanto os maiores problemas enfrentados pelos seres de Neandertal nos tempos mais remotos da humanidade.
Quando o professor entra na sala de aula e tenta explicar o conteúdo, o aluno não presta atenção. Ele sabe em todos os momentos que ele não prestou atenção. Ele tem a plena consciência que ele não está por dentro daquilo que fora ensinado, mas isso é com ele. O professor revisa a matéria e pede para todos os alunos da sala estudarem a matéria. Ele não estuda, assim como não prestou atenção na revisão que fora dada. A prova é aplicada, o aluno vai mal. E assim segue durante todo o bimestre, ou semestre, como desejarem alguns. Quando a nota é emitida, ele tem o pleno conhecimento daquele número estampado em seu boletim, mas aí, entra em cena o problema maior, os pais. Alguns pais ao verem a nota no boletim do filho, imediatamente culpam ''o vagabundo'' do professor. É incrível como isso acontece. Alguns dizem com a boca cheia de ódio: ''Este professor está perseguindo meu filho, quem ele pensa que é''. Outros ainda vão além, arriscam perguntar para o filho a razão de tal nota. E como o filho deste mamífero é um ser humano vivente, ele vai fazer o que qualquer ser humano vivente faz numa situação de pressão; vai defender a sua posição. O fedelho então responde: ''O professor não explica a matéria, ele não usa o livro, se a gente vai perguntar ele grita com a gente, eu não quero mais estudar naquela escola''. Outros ainda englobam o coletivo: ''Todo mundo foi mal nessa matéria, o professor é um bosta''. Sem pensar duas vezes, o pai, ou a mãe barraqueira se desloca até a escola. Ao ver o diretor do colégio, não pensa duas vezes e descarrega tudo sobre aquele que deveria ouvir os dois lados da história, mas nem sempre é isso que acontece. O professor é destruído, sem estar presente, pelas línguas santas destes pais que só querem o bem de seus filhos. O diretor pede para chamar o professor, e numa total falta de ética, como é tão comum no meio da chamada ''educação'', faz uma acareação entre o professor e o pai descontrolado. O professor explica sua versão e o pai não aceita, como é mais do que normal. Eis então que vem a pedrada final, o pai ameaça processar o professor e ir até as últimas consequências. O diretor até este momento não disse nada, apenas observou tudo que aconteceu na sua frente. E sempre que isso acontece, tem um pedagogo com cara de Smurf fazendo uma ata na mesa ao lado. Depois da pedrada final, vem a marretada. O pai ameaça tirar o aluno da escola, caso ele continue tendo aula com aquele professor, como se você trocasse de médico e sua doença se curasse por milagre. Na tentativa de não ver baixar ainda mais o porte da escola, e continuar perdendo alunos como estão perdendo nos últimos anos, o diretor se entrega e fica do lado do pai, ou da mãe, como queiram alguns. O professor então é humilhado e pisoteado de uma vez por todas.
É o fim de mais um dia de trabalho do profissional da educação.
O filho de um pai e de uma mãe ausente não apresenta trabalhos, não estuda, não está nem aí para o mundo das letras, pois tem mais tempo a dedicar aos aparelhos eletrônicos que seus papais distantes lhe forneceram, na tentativa de compensar a falta no dia a dia. O aluno mexe no orkut, no facebook e no msn durante todo o dia, e acha que entende alguma coisa de informática. É a chamada geração ''tecnológica'', enfim. Por atender o celular durante a aula, o professor chama a pedagoga e tira o aluno da sala. A pedagoga o repreende por estar usando o celular durante a aula. Incrivelmente, em menos de dez minutos o pai está com um garfo e uma faca na mão, em pé, no pátio da escola, esperando para cuspir na cara do professor que proibiu seu filho de falar ao celular na escola. O pai usa como argumento: ''Ele tem o celular para falar comigo, pois eu gosto de saber coisas sobre o meu filho''. Ou ainda ''Ele usa o celular para alguma emergência, pois é uma segurança que eu tenho''. E por último: ''Você não tem o direito de tocar um dedo nos objetos do meu filho''. E por mais uma vez ameaça processar o professor, levando-o para os meios legais. O que é pior nestes casos é a justiça defender este tipo de gente. O regimento da escola proíbe celular no ambiente escolar. Uma lei estadual caminha para isso. Os pais no ato da matrícula são informados disso, e assinam um documento autorizando o não uso de tais aparelhos, mas a nossa justiça brasileira diz que o aluno tem todo o direito de fazer o que quer, pois para eles ''é tudo da lei'', plagiando Raul Seixas neste caso.
Se o aluno chama o professor de ''cretino'', o pai diz que o professor estressou o aluno.
Se o aluno manda o professor ''calar a boca'', o pai diz que o professor o ofendeu primeiro.
Se o aluno agride o professor fisicamente, o pai diz que o professor está perseguindo seu filho.
Se o aluno se envolve em brigas no colégio, o pai diz que o professor foi não ajudou seu filho a se proteger dos maus elementos.
Se o aluno é um ''vagabundo'', plagiando os pais no tratamento para com os professores, o pai diz que em casa ele é exemplar.
Se o aluno tem como palavra mais leve do seu vocabulário um ''filho da puta'', o pai diz que seu filho nunca falou isso em casa, e não é na escola que ele iria falar.
O aluno não compareceu a escola. Ficou com dez faltas em um mês. O pai foi chamado. Sem pensar duas vezes, o pai entrou na sala de aula e gritou com o professor:
_ Você tem algum problema de ''ouvido''? Como você não viu meu filho na sala e deu falta para ele?
_ Eu não dei falta para ele senhor, eu lancei as faltas porque ele não estava na sala._ explicou-se o professor.
O pai olha para o filho, volta seus olhares para o professor e diz:
_ Mentira, meu filho sai todos os dias de casa para vir pra escola, você está perseguindo ele.
_ Não estou meu senhor, ele realmente não estava na sala.
O pai olha para o filho e grita:
_ Onde você vai todos os dias que não vem para cá?
_ Eu vou pra escola._ responde o desgraçadinho do aluno, com cara de anjo.
_ E esta nota vermelha professor, como o senhor explica isso?_ o pai, na sua sensação de razão aponta para a nota grafada em vermelho no boletim.
O professor explica.
_ Ele não fez as atividades propostas.
O pai, cínico, encarando o professor, diz:
_ Você precisa rever sua metodologia professor, se mais alguém ficou com nota vermelha na sala é porque você não está explicando direito a matéria.
Se o aluno agride um colega, o pai diz que ensinou assim a ele, não levar desaforo para casa.
Por fim, os pais que decidem sair de suas casas e ir até a escola atrapalhar o trabalho do professor e dos demais profissionais de educação, devem ter em mente que tais atitudes irão compensar o tempo que não passam com seus filhos. A maioria deles nem sabe a série que o filho estuda. Como acreditar que um ser humano desta categoria vai entender o que o filho faz na escola? Impossível. Mudando o Estatuto da Criança e do Adolescente, criando novas leis e regras para com a sociedade, sobretudo dando uma lapidada na ignorância de alguns pais, a escola seria o modelo perfeito de educação. O professor ensina ao aluno aquilo que ele deve saber, o aluno absorve aquilo que acredita ser importante; caso os assuntos escolhidos por ele não supram a necessidade ávida de conhecimento, corra atrás do prejuízo quando for a hora, dando orgulho aos demais que com eles conviveram durante toda a caminhada. Viram, a harmonia é perfeita, salvo quando não surge um pai imbecil ameaçando todos os professores e processando aquele que ousa olhar para seu filho. O problema das escolas não são os alunos, mas sim 80% dos pais destes alunos, se fossem só os alunos, tudo se resolveria numa conversa inteligente, sem precisar usar o lado ignorante do cérebro.