Para a grande massa de filmes de exorcismo existentes na história do cinema, agora chegou mais um, O RITUAL. O filme é baseado no livro THE RITE, do escritor Matt Baglio. O filme mostra um seminarista cético com tudo, sendo enviado ao Vaticano para um curso de exorcismo. Confesso que me lembrei da passagem do filme de Lutero, quando ele, não contente com o lugar onde está, é enviado a Roma na intenção de abrir sua mente, enfim; voltando para o filme em questão. Baglio, o escritor do livro, foi um jornalista que conviveu com muitos padres especializados em expulsar o mal do corpo das pessoas, dessa forma decidiu escrever um livro sobre o assunto relatando ali todas as experiências de um padre que ele conheceu; Gary Thomas. A história se amarra na notícia de que a Santa Sé visava colocar um exorcista em cada uma das suas dioceses existentes nos Estados Unidos da América.
Com o nome trocado para Michael Novak, e interpretado no filme pelo ator pouco conhecido Colin O’Donoghue, o protagonista conhece na Itália um dos únicos exorcistas em atividade, o Padre Lucas, assim, tem início mais um combate entre o bem e o mal, a fé e o ceticismo, a ciência e a religião, o mocinho e o bandido, o padre jovem e a jornalista jovem, interpretada por Alice Braga. Novak trabalha com o pai. Os dois tem uma agência funerária dentro da própria casa onde moram nos Estados Unidos. Novak prepara os defuntos para o velório, da mesma forma como aprendeu com seu pai. As lembranças da morte e preparação do corpo da mãe ainda estão presentes em sua mente, e isso aparece em boa parte do filme.
Em outro momento, comenta com o amigo ser uma tradição em sua família, ou os jovens virarem agentes funerários ou irem para o seminário, e ele escolhe a segunda opção. Uma vez no seminário, como já havia planejado previamente, decide que depois de quatro anos não irá prosseguir os estudos para ser ordenado padre. Dito e feito, ao completar 4 anos, ele manda um e-mail para seu superior pedido desligamento. O homem pede uma conversa em particular e não aceita sua já pensada saída do seminário. Em contrapartida é enviado para Roma, a fim de participar de um curso de formação de novos exorcistas. Ele vai, e lá coisas começam acontecer. Ele passa mais de 90% do filme duvidando de tudo aquilo que vê diante de si.
A participação de O’Donoghue não é marcante, foi muito mal escolhido para atuar no papel principal. Embora ele seja o cara que aparece em quase todas as cenas, quem rouba a cena é Anthony Hopkins, sem dúvida alguma. Hopkins está muito inspirado para o papel que lhe coube. Em alguns momentos o todo sério Padre Lucas, interpretado por ele, fica engraçado, como quando atende ao celular no meio de uma sessão de exorcismo. O diretor Mikael Hafstrom e o roteirista Michael Petroni conseguiram fazer um filme tenso, que prende sua atenção do início ao fim, levando a quem assiste ao filme ficar imaginando o que pode acontecer na próxima cena. O filme foi rodado em Budapeste e Roma, onde só os cenários vale o ingresso do cinema. O nome mais citado nesse filme é ‘’diabo’’, pelo amor de Deus, como falam esse nome. É o tempo todo, tem hora que você começa acreditar naquilo tudo. O diabo mostrado aqui é um ser inteligente, onde só é possível ganhar dele com mais inteligência ainda. O bicho feio só aparece mesmo nos sonhos de Michael, através de cenas baseadas em relatos verdadeiros e histórias envolvendo demônios, como os ‘’cascos na neve’’, extraídos de uma estranha ocorrência ocorrida no ano de 1855 na cidade de Devon, na Inglaterra.
Os sustos são previsíveis, e os efeitos especiais poucos, o que afasta um pouco a ideia de superprodução hollywoodiana. Em alguns momentos o filme parece um filme de terror tradicional, em outros parece um romance, ainda temos trechos que lembram filmes de detetive, e por fim, a busca por um sonho. A vocação sacerdotal.
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