Ao ligar a televisão para assistir um pouco de sangue, pois isso é o que mais tem por lá, encontrei entre muitas reportagens de tiros, mortes e corpos sendo retirados da lama, alguma coisa referente a escola. O repórter, viajando por várias escolas mostrava os problemas dos prédios escolares, justamente agora, que a volta as aulas se aproximam. Em várias escolas o lugar não tinha piso. Portas quebradas. Vidros destruídos. Cercas arrancadas e assim por diante; um verdadeiro cenário de guerra. Com certeza parte o coração de qualquer um que faz daquele lugar sua segunda casa ver uma coisa assim.
Diante dos meus olhos um aluno pega um pedaço de carteira, que ele mesmo quebrou e joga na janela. O vidro se estilhaça na frente de todo mundo. Tomo as primeiras medidas dentro da sala de aula, isolo ele de todo o grupo. Faço a anotação necessária no diário de classe e conduzo o vândalo, rindo como nunca riu antes, até o setor pedagógico. Ao entrar na sala, ele olha para a pedagoga, e rindo já vai falando o número do telefone da mãe dele. No final ainda fala para a mulher: ''e liga logo que ela não tem tempo a perder''. A professora liga. Uma hora depois eu sou chamado novamente na sala. Saio da sala de aula e vou até o setor pedagógico, onde a mãe já está bufando de raiva, ao me ver então, eu viro o demo na frente dela. Ela me encara nos olhos e vai falando antes que eu diga pelo menos bom dia. ''Você não tem conduta professor, você não tem moral para falar do meu filho. Ele me conta tudo que você faz nas suas aulas, pensa que eu não sei que você joga o toco do giz no lixo, você se cuide. E isso não vai ficar assim me tirando do serviço, isso não vai ficar assim''. O que falar para um ser humano assim? Não sei, confesso que não sei, pois qualquer coisa que for dita, eu serei o errado. Sempre. Talvez eu devesse parabenizá-la por estar no caminho correto na criação de monstro que está dando para seu filho.
Voltando para a reportagem do jornal, enquanto o banheiro era mostrado com torneiras arrancadas, pedaços da pintura da parede arremessados ao chão, e os vidros quebrados, o repórter falava que a culpa estava no desleixo do governo estadual em não arrumar tudo aquilo para que tudo estivesse limpo e bonito para receber os alunos na volta as aulas. Pelo amor, me poupe, como dizia uma amiga, não somos burros suficientes para acreditar que tudo aquilo se quebrou sozinho de um dia para outro, logo que as cortinas se fecharam e as luzes se apagaram no final do ano letivo de 2010. Pára com isso. É burrice pensar dessa forma, não há lógica. O problema de tudo está nesta forma de pensar, que o aluno é um coitadinho, que não sabe o que faz. Sabe muito bem o que faz, sabe muito bem o que é certo e o que é errado, e vão além disso.
Conhecem a lei, dentro daquilo que lhes convém. Não conhecem deveres, mas conhecem os direitos mais peculiares que cada um tem. Sabem o que podem ouvir. Sabem o que podem receber e sabem onde podem chegar. Mas não sabem por ignorância o que podem falar ou fazer, mas também, nesta altura do campeonato, a lei parece proteger somente o que eles tem a receber; é o típico pensamento, eles podem tudo que não dá nada, e nós por fazermos nada, pagamos por tudo.
Outra coisa a se pensar sobre a destruição dos colégios. Enquanto a escola estava sozinha e fechada, nas férias, será que um vento ou uma chuva forte arrebentou tanto assim o patrimônio público? Pára com essa palhaçada. O pior não é isso, o pior é ver o ingênuo repórter, ou pelo menos um grande tonto idiota, dizer com a voz trêmula que os alunos merecem um lugar melhor para que possam aprender. Ridículo, ridículo e imbecil. Quem destruiu o colégio desta forma foram eles mesmos. E saíram rindo na cara de todo mundo. Por quê? Porque sabem que na volta vai estar tudo arrumadinho e limpinho, para eles quebrarem de novo. Repórter tonto, parece que nunca foi aluno, pelo amor de Deus, vai catar coquinho. Quem você acha que destruiu a escola? Coloque seu cérebro para funcionar e me responda, por favor, quem você acha que odeia estudar e odeia qualquer coisa que os professores passam como atividade em sala de aula? Bem, se ainda não sabe, então darei mais uma dica. Quem você acha que ficou bravinho por ter reprovado de ano, depois de ter brincado o ano inteiro e estar pouco se lixando para tudo que ouviu? Resposta: os alunos. Não todos, não podemos generalizar, mas 99% dos vandalismos em escolas públicas são praticados pelos próprios alunos. 1% é praticado por ladrões da comunidade que entram na escola sobretudo para roubar computadores e merenda. Num total de 100% de alunos numa escola, a estimativa é de que 0,03% desse bolo seja vândalo. E se não houver punição, estes míseros 0,03% conseguem influenciar uma parcela de 2%, o que aumenta o problema. Na escola onde eu trabalho o dinheiro que o governo manda não é suficiente para arrumar nenhum dano material. É preciso a diretora fazer promoção atrás de promoção, na intenção de arrecadar dinheiro para concertar vidros quebrados, torneiras destruídas, piso quebrado, espelhos moídos, e assim por diante. Só em lâmpada no ano passado, foram gastos quase mil reais. Em vidros quebrados foram gastos mais de 4 mil reais. E este dinheiro saiu da onde? Do bolsinho do aluno, ou melhor da aluna que quebrou, é que não foi.
Este texto não se refere a catástrofes naturais, como um vendaval, uma enchente, um incêndio, se bem que já presenciei um aluno colocar fogo na cortina da sala de aula, mas enfim, que fique bem entendido, este texto faz referência ao vandalismo humano, e não há catástrofes naturais.
Um fato acontecido:
Assim que os professores deram o resultado de aprovação para os alunos. Uma aluna, um tanto quanto avançada para a idade dela estar cursando a série que se apresentava, pegou uma camiseta reserva que havia levado na mochila, enrolou na mão e quebrou mais de 100 vidros que estavam nas janelas, quietinhos, somente segurando o vento que vinha de longe. Ela saiu rindo na cara de todo mundo. A polícia foi chamada, mas, logo que chegaram não fizeram nada, por que neste caso eles têm medo do chefe dela. Um cara que comanda uma boca de fumo famosa no bairro onde moro. A mãe dela foi chamada, e com todas as letras ela mandou a funcionária que ligou para ela tomar naquele lugar. Então, o que fazer? Por meios legais, não há nada mais a fazer. E do que adianta o Estatuto da Criança e do Adolescente falar que este aluno deve realizar medidas sócio educativas reparando o patrimônio público? Não adianta nada, ele falou que não vai pagar, e não vai pagar; e quero ver quem faz pagar. Não podemos tocar um dedo na pessoa, isso quer dizer que não podemos conduzi-la até a escola e fazer ela pagar pelo que fez. Enfim, neste caso, a lei ganhou novamente. Ninguém pode fazer nada por que um pedaço de papel diz que a pessoa é inocente e não sabe direito o que faz por que é de menor. Coitadinho. Neste caso, coitadinha. Como dizia o grande Júlio César; ''a lei é dura, mas é a lei''. Só faltou escrever com quem ela é dura? Com um inocente talvez, por que com um culpado ela é bem branda.