''Quando acertamos ninguém se lembra, quando erramos ninguém se esquece''

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

DE COMO O DESPREPARO MILITAR DIFICULTA AS COISAS NA SERRA, um helicóptero cair é coisa de guerra sem tiro

Parece imagem de filme de guerra, ou imagem de filme futurista, tipo o exterminador do futuro, ou coisa parecida, mas não; é uma imagem de um helicóptero do exército que caiu no Rio de Janeiro, enquanto tentava realizar buscas aos mortos e feridos da enchente. Esta foto não é minha, não tive tempo de estar lá no momento do acontecido, peguei a foto nos sites de notícia espalhados pela internet. É incrível como isso pode acontecer. Quando o helicóptero caiu, hoje pela manhã, tinha gente correndo, não mais para ajudar os feridos, mas sim para ver os novos feridos que agora estavam nascendo desta queda de aeronave. É uma piada. A partir de então consegui entender perfeitamente por que o governo não colocou antes o exército, a marinha e a aeronáutica no resgate, busca e ajuda aos desabrigados da tragédia, pelo despreparo. Então eu pergunto, pra que serve esta tal de forças armadas? Está certo que fizeram um bom trabalho no morro, num texto que li do Vandré, e também fizeram alguns bons trabalhos quando alguns galhos de árvores foram arremessados longe num vento forte de dezembro, mas enfim, parou aí... E o que mais tem a oferecer? Não quero entrar nesta questão, pois pretendo acreditar que esta queda de aeronave foi e será um caso isolado neste lugar de tanto sofrimento.
Só quem está aqui, vendo e acompanhando tudo, tem noção do tamanho da desgraça e tragédia que está acontecendo, isso é uma coisa que pessoa em lugar algum do Brasil e do mundo, que não viu e não respirou este ar de enxofre, sabe o que está acontecendo. Ver pela televisão não é nem um por cento daquilo que estou vendo aqui com meus próprios olhos. Ta certo também que ninguém pode ficar viajando pra cá e se bancando enquanto ajuda tais pessoas, mas enfim, a realidade do problema é bem diferente daquilo que a televisão mostra.
Hoje, quando eu vinha pra cá vi dois cadáveres embaixo de um monte de concreto. Talvez as equipes de resgate ainda nem tenham encontrado aqueles dois mortos, talvez nem as famílias saibam que ali estão seus entes queridos, mas num coisa eu tive certeza naquele momento. Ninguém está nos protegendo. Ninguém está se importando a mínima para o que está acontecendo aqui. Temos muitos voluntários, pessoas que estão doando coisas e mais coisas, pessoas que estão ajudando as crianças que perderam famílias e tudo que tinham de material, temos policiais, bombeiros, e neste momento, exército e marinha envolvidos no problema, mas isso não é suficiente. Não é nem meio por cento do que realmente este povo e esta gente precisa neste momento. Não é nada perto do tamanho do estrago.
Alguns aqui dizem que o problema é político, outros dizem que a culpa é das próprias pessoas que escolheram morar em lugares arriscados para a vida, sem segurança nenhuma, mas no final das contas, ninguém sabe a quem culpar. O ser humano necessita culpar alguém pelo problema, mas no momento, somente vejo apontamentos e abandono. Se nada for feito para o ano que vem, não se enganem, teremos a mesma cena que estamos vivenciando agora, teremos os mesmos problemas e teremos os mesmos erros sendo cometidos novamente.
Preciso ir embora, enquanto muitos não se importam, senti que tenho de voltar para lá e fazer mais alguma coisa por hoje... Só escrevo aqui por que o Vandré ainda não voltou das férias, e deixou a senha comigo. Até mais ver.